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INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO DA REGIÃO NORTE CRIA MARCA PARA DIFERENCIAR PÃO TRADICIONAL

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Ministério da Saúde distingue associações empresariais pelo contributo do sector para a “promoção da saúde pública” ao reduzir no sal

A panificação tradicional da região Norte vai ter uma marca coletiva para se tornar “ainda mais distintiva” e reforçar as “garantias nutricionais e de qualidade” que dá ao consumidor do pão “feito ao gosto português e de acordo com receituários ancestrais”, anunciou nesta sexta-feira António Fontes, presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN).
A criação de uma marca comum às cerca de 3.800 unidades industriais existente acima de Aveiro e que diariamente ou quase diariamente fabricam pão vinha sendo equacionada no seio da associação, mas a decisão só foi tomada após o Congresso Internacional da Panificação Tradicional Portuguesa que teve lugar na última quarta-feira, na Maia.

No encontro, os dirigentes associativos ouviram palavras de incentivo e reconhecimento por parte de dois membros do Governo. O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, assumiu o “compromisso de continuar a reduzir” o preço da energia para as empresas, um dos custos de contexto com mais impacto na panificação, e de “contribuir para a valorização” dos produtos tradicionais desta indústria. Já o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, anunciou a atribuição da “distinção de mérito” do Ministério da Saúde às associações empresariais do sector, em “sinal de reconhecimento e valorização do esforço e empenho demonstrados (…) na promoção da saúde pública”. A outorga do galardão, atribuído a mais nove pessoas e instituições, terá lugar numa cerimónia comemorativa do Dia Mundial da Saúde a realizar amanhã, sábado, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Na hora de fazer o balanço do congresso, o presidente da AIPAN declarou: “Tivemos participantes de todo país, incluindo das regiões autónomas, e ficamos a conhecer melhor as boas práticas internacionais. Tendo em conta a experiência francesa que nos foi relatada, vamos adotar, ainda neste ano, uma logomarca e um slogan que nos diferenciem da restante oferta e reforcem o nosso compromisso com os valores históricos inerentes à importância do sector na alimentação dos portugueses, como sejam a saúde e o bem-estar, a confiança e a qualidade e a sustentabilidade e a ética”.
António Fontes destacou ainda o “eco positivo” que a proposta de criação de uma “marca comum forte” concitou junto do meio milhar de congressistas e das outras duas associações empresariais que apoiaram a realização do evento, a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares e a Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares de Lisboa.

A logomarca escolhida inclui a representação gráfica de um forno tradicional e de um pé de trigo estilizado. Em baixo, o slogan “Em nome do pão”. É intenção da AIPAN “assumir a nova marca” no Norte do país logo que “estabilizada a estratégia agregadora do sector” com que este ficará municiado após a conclusão do projeto da associação “O futuro da tradição”, ainda em curso, que é cofinanciado pelo programa Norte 2020. Os objetivos do projeto estão assumidos e passam pelo “reconhecimento da tradição como fator distintivo” da oferta do sector, o reforço da sua “capacidade de inovação” e a “definição das tendências de consumo”.

Três associações empresariais cada vez mais articuladas

A articulação entre as três associações representativas da indústria portuguesa de panificação “é crescente” e está a “dar frutos”, no dizer do presidente da AIPAN, que dá como exemplo dessa sintonia o acordo firmado com o Ministério da Saúde, no princípio do ano, para reduzir a quantidade de sal no pão. No termos desse acordo, como realçou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde no encerramento do Congresso Internacional da Panificação Tradicional Portuguesa, os fabricantes que, voluntariamente e antes de 2021, baixem o teor de sal no pão, do atual limite máximo obrigatório (1,4 g) para um grama apenas por cada 100 gramas de produto final, vão poder exibir um “selo de qualidade”, oficialmente designado por “Selo de excelência: menos sal, mesmo sabor”.
Durante o congresso, os participantes ficaram a conhecer, em primeira mão, um projeto da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) “Melhor grão, melhor pão”. Na oportunidade, a secretária-geral da associação, Helena Real, revelou o ‘e-book’ que em breve vai estar disponível no website da APN para informar os consumidores dos benefícios do pão, um “alimento a privilegiar diariamente”.
No livro, são abordadas vários tópicos relacionados com este “alimento nobre”, desde as questões nutricionais e alimentares à História do pão, passando pela caracterização de diferentes variedades de pão, receitas culinárias com pão, o pão que se faz nas diferentes regiões do país e curiosidades sobre o pão.
Segundo Helena Real, ao contrário do que às vezes os consumidores pensam, o pão deve fazer parte da dieta diária, pelo que esta nova ferramenta disponibilizada pela APN deve servir para as empresas de panificação promoverem o consumo de pão tradicional. Até porque, como sublinhou o também nutricionista Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, o mito de que o pão engorda está a ser “desmistificado”. Como explicou, “o pão é um produto da alimentação saudável” e os cereais que estão na base da sua produção são “fonte de quase tudo o que o corpo humano necessita para funcionar” corretamente.
O pão tradicional, nas suas diversas variedades, pode ser fonte de energia, de fibras e de vitaminas, realçou, ajudando a saciar a fome, mas também a regular a função intestinal. Contribui igualmente para diminuir a absorção de colesterol e fornecer vitaminas essenciais para o organismo, como o magnésio, o fósforo, o selénio e o potássio, apontou Pedro Graça.
Pelas boas práticas da indústria e uma maior consciencialização dos consumidores, o sal tende a deixar de ser um problema tão grave no futuro. Para o médico Manuel de Carvalho Rodrigues, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, “o pão afinal é bom”. No congresso, referiu que a indústria portuguesa de panificação está a “saber lidar” com a entrada em vigor da legislação europeia que impõe a redução dos níveis de sal no pão.
A promoção do pão enquanto “produto com tradição” é compatível com o propósito das autoridades sanitárias, considerou. E não será problemático para o sector ajustar-se às imposições legais, anteviu, porque o “palato dos portugueses adapta-se à quantidade de sal no pão”, como se tem visto nos últimos anos, em que foram introduzidas várias alterações legais e regulamentares nesta matéria.

Aprender com a experiência francesa

De registar ainda as intervenções que tiveram no congresso a antropóloga francesa e especialista em pão Mouette Barboff, que há muito estuda os métodos de fabrico e a História do pão em várias regiões portuguesas, e de Ana Soeiro, engenheira agrónoma e diretora executiva da associação Qualifica/oriGIn Portugal.
Decisivas para a validação da nova marca coletiva da indústria nortenha de panificação foram as intervenções do investigador francês em nutrição humana Christian Rémésy; do assessor técnico da Confederação Nacional da Panificação Francesa Gérard Brochoire; dos mestres padeiros Amândio Pimenta e Mário Rolando; e de Barbara Elisi Caracciolo, ‘blogger’ e empresária italiana que tem uma “micropadaria” artesanal em Estocolmo, na Suécia.
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que falou sobre a visão do Governo para o sector, e o presidente da Associação Empresarial de Portugal, Paulo Nunes de Almeida, com uma apresentação centrada na importância económica e social da indústria panificadora, foram outros dos intervenientes no congresso.

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