Mulheres são 10 vezes mais afetadas do que os homens pelas doenças da tiroide
No Dia Internacional da Mulher, a ADTI reforça a importância de estar atento aos sintomas para um diagnóstico atempado
Lisboa, 08 de março de 2021 - A desigualdade entre homens e mulheres é um fenómeno transversal em muitas áreas. E é assim também nas doenças endócrinas, onde elas sofrem mais do que eles. De facto, aqui, confirma Maria João Oliveira, endocrinologista e porta-voz da Associação das Doenças da Tiroide, “as mulheres são cerca de 10 vezes mais afetadas do que os homens” e é no sistema hormonal feminino que parece residir justificação para tal. No Dia Internacional da Mulher, o alerta vai para a necessidade de reforçar a atenção dada aos sinais e sintomas, que podem indiciar a existência de uma doença da tiroide, que permitem um diagnóstico atempado e um tratamento também ele precoce.
Até porque, como confirma a especialista, existe tratamento para vários distúrbios da tiroide, como o hipotiroidismo (quando produção de hormonas se torna insuficiente), o mais frequente que, quando atempado, evita “que existam manifestações mais severas de hipotiroidismo, nomeadamente aumento da pressão arterial, perturbação da função cardíaca, da função digestiva. Portanto, quanto mais cedo for feito o diagnóstico melhor”.
Já nos casos de hipertiroidismo (quando há excesso de produção das hormonas da tiroide), o diagnóstico é mais fácil, por se tratar de “uma situação de grande agitação, perda de peso sem causa aparente, taquicardia, hipersudorese.”, refere a endocrinologista.
Não existem números concretos referentes aos problemas de tiroide em Portugal, mas estima-se “que cerca de 5% da população talvez possa ter alguma forma de disfunção da tiroide, nomeadamente hipotiroidismo ou hipotiroidismo subclínico”. Nestes casos, são as mulheres com mais idade, geralmente a partir dos 50 anos, as mais afetadas, sendo o hipertiroidismo mais frequente entre a 2ª e a 4ª década de vida.
Em tempos de pandemia, a médica confirma que, tal como se verificou com muitas outras doenças, também aqui se atrasaram os diagnósticos. “As pessoas tinham medo de ir ao médico”, explica, acrescentando ainda que “existem muitos mais casos de hipertiroidismo após infeção por COVID-19. Não sabemos ainda se a infeção por COVID-19 pode privilegiar a disfunção da tiroide, nomeadamente de hipertiroidismo, mas sabemos que também existem alguns casos de tiroidite pós-infeção COVID”.
Estar atenta aos sintomas é o principal conselho, ao qual se junta, para quem já tem o diagnóstico, a manutenção da medicação. “As mulheres não devem ter receio de realizar os seus exames habituais, de rotina e de seguimento. E devem também recorrer ao médico quando necessário.”
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