AEP JUNTA 10 EMPRESAS DA FILEIRA DA CONSTRUÇÃO NA ESTREIA PORTUGUESA NA FEIRA PROJECT IRAN
Matosinhos, 23 de abril – Portugal vai participar pela primeira vez na maior feira de construção do Irão, cuja segunda edição é inaugurada neste domingo em Teerão. O pavilhão português na Project Iran junta 10 empresas representativas da oferta nacional nas áreas dos materiais de construção, máquinas e equipamentos para a indústria, pedras decorativas, tubagens técnicas, ferragens e cabos elétricos.
A estreia lusa no certame, que decorre até à próxima quarta-feira, é assegurada pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), por convite dos organizadores, formulado aquando da missão empresarial que a instituição levou a cabo, em novembro do ano passado, àquele que é o segundo mercado mais importante do Médio Oriente. Então, o presidente da AEP reuniu com o governador provincial de Teerão, Hossein Hashemi, e com o primeiro vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria, Minas e Agricultura do Irão, Pedram Soltani, e ambos incentivaram a associação a responsabilizar-se pela representação do nosso país na feira.
Embora esta seja a primeira participação coletiva de empresas portuguesas numa feira de negócios na capital iraniana, o mercado iraniano não é novo para a AEP. Desde 2009, a associação já organizou cinco missões multissectoriais que o tiveram como destino. A última ocorreu em fevereiro passado, um mês após ter entrado em vigor o levantamento do embargo comercial a que o país estava sujeito, depois de a Agência Internacional de Energia Atómica ter confirmado que haviam sido cumpridas as exigências impostas pelo acordo nuclear internacional celebrado em julho de 2015, em Viena.
Apesar de ir apenas na segunda edição, a Project Iran é já considerada pelas autoridades e pelos operadores económicos iranianos como a mais importante feira da fileira da construção do país. A primeira, no ano passado, contou com 92 expositores, de 10 países, e mais de 5.800 visitantes profissionais. Predominaram os fabricantes e distribuidores ligados aos materiais de construção, tecnologias e máquinas, energia e ambiente.
Na estreia de Portugal, estão representadas as empresas Tojalmar, Granetos e Graminho (rochas e pedras decorativas); SIRL (máquinas para as indústrias da construção e extrativa); Heliroma Plásticos (tubagens para água), CS – Coelho da Silva (telhas); ATZ (ferragens); Vieira e Lopes (instalação de sistemas de climatização); Cabelte (cabos elétricos e para telecomunicações); e Oceanotrade (comércio de máquinas e equipamentos).
"É uma oportunidade para a indústria nacional dar a conhecer a qualidade dos seus produtos e para estas empresas, em particular, se posicionarem num mercado em franco crescimento e com oportunidades em quase todas as áreas, nomeadamente na fileira da construção, dados os projetos em curso e os que estão para ser lançados", salienta o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida.
Na verdade, o Irão tem uma diversidade de projetos no terreno ou em fase de lançamento, por iniciativa pública e privada, que vão desde a habitação aos centros comerciais, passando por grandes infraestruturas nas áreas do ambiente, energia e transportes.
Segundo indicadores avançados recentemente pela imprensa local, neste momento o sector iraniano da construção tem em carteira obras orçamentadas em 90 mil milhões de dólares, estimando-se que este montante possa chegar, até final do ano, aos 154 mil milhões de dólares.
Autoridades iranianas querem reforçar relacionamento com UE
Desde o levantamento do embargo internacional que o país tem manifestado interesse em reforçar as relações comerciais com a Europa. Neste contexto, Portugal é visto pelas autoridades locais como "um parceiro comercial com experiência e know-how em algumas áreas e sectores específicos, como os portos e a logística", assinala o presidente da AEP.
Naquela zona do globo, a economia iraniana é a segunda mais importante, a seguir à Arábia Saudita, com quase 80 milhões de consumidores. Nos próximos dois anos, o Fundo Monetário Internacional prevê que o Produto Interno Bruto cresça acima de 5%.
A economia é muito dependente da indústria dos hidrocarbonetos, tendo o petróleo um peso considerável nas receitas do Estado. O país era o sexto produtor mundial de petróleo em 2013, mas desde 2014 que tem potencial para comprovadamente subir até ao quarto lugar do ranking mundial do sector. O gás natural também é um recurso importante, tendo o Irão as segundas maiores reservas do planeta.
Por outro lado, pouco tempo depois do acordo nuclear de Viena, foram prometidas reformas estruturais pelo presidente da República Islâmica do Irão, o que até ao momento propiciou um notório desanuviamento diplomático e uma maior abertura do país ao exterior, com reflexos positivos na economia iraniana e no comércio internacional. Em janeiro, inclusive, o presidente Hassan Rouhani visitou a França e a Itália, abrindo portas à intensificação das relações comerciais com estes dois estados-membros da UE. Mais recentemente, vários responsáveis comunitários, entre os quais a Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, visitaram Teerão, para consolidar as relações políticas e económicas entre o Irão e a maior comunidade económica do mundo.
Ainda há dias, foi dado mais um passo significativo na aproximação entre a Europa e o Irão, com a reabertura da ligação aérea entre Paris e Teerão, rota em que a Air France voltou a operar após oito anos de interrupção.
AICEP vai abrir delegação em Teerão
Entretanto, todo este processo de mudança não passou despercebido às entidades oficiais portuguesas que promovem a internacionalização e a captação de investimento estrangeiro. A Agência para a Promoção do Investimento e Comércio de Portugal (aicep Portugal Global), anunciou a abertura, ainda neste ano, de uma delegação em Teerão, como forma de potenciar o aumento das trocas comerciais bilaterais e de captar investimento iraniano no nosso país.
Neste momento, o relacionamento comercial bilateral está no bom caminho, aliás. Em 2015, as exportações portuguesas para este mercado atingiram 19,4 milhões de euros, o que representa um crescimento de 177% face ao ano anterior. Enquanto isto, as importações tiveram um comportamento inverso, não tendo passado dos 26,8 milhões de euros, menos 12,4% do que em 2014.
Segundo dados da AICEP, entre 2011 e 2015 as exportações portuguesas para o Irão subiram a uma média de 16,4% ao ano, enquanto as importações cresceram a um ritmo de 67,2%. No final de 2014, havia 89 empresas portuguesas a exportar para aquele mercado.
No ano passado, as empresas portuguesas venderam naquele destino, principalmente, veículos e outro material de transporte (8,1 milhões de euros), pastas celulósicas e papel (6,2 milhões de euros), metais comuns (1,8 milhões de euros), máquinas e aparelhos (928 mil euros) e produtos químicos (549 mil euros).
No que se refere às importações, os metais comuns ocuparam a liderança, com 26 milhões de euros, a que corresponde 97% do total das nossas compras no mercado iraniano. Seguiram-se os produtos agrícolas (555 mil euros), os minerais e minérios (115 mil euros) e os plásticos e borrachas (61 mil euros).
A participação portuguesa na feira Project Iran faz parte do programa associativo de internacionalização "Business on the way 2016", o qual abrange cerca de quatro dezenas de ações em 27 mercados. É cofinanciado pelo Compete 2020, no âmbito do Portugal 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, Eixo II – Projetos Conjuntos – Internacionalização.
Tags: