Portugal fecha 2024 com um crescimento acumulado de 4,9% nas insolvências
O mês de dezembro registou um aumento de 46,9% nas insolvências, face ao mesmo período de 2023, de acordo com os dados da Allianz Trade, líder mundial em Seguro de Crédito. Este aumento, registado nos principais distritos do país, representou uma inversão significativa da tendência observada em novembro. No total acumulado, o ano de 2024 terminou com 2.299 insolvências, um crescimento de 4,9% em relação às 2.191 registadas ao longo de 2023.
Geograficamente, os distritos com maior presença de operadores económicos – Lisboa, Porto e Braga – que representam 51% das empresas, registaram o maior número de insolvências globais com mais de 58% do total em 2024.
O distrito do Porto destacou-se com um aumento significativo de 13,9%, face a 2023, totalizando 591 insolvências. Lisboa, apesar de deter a maior concentração de empresas do país (26,8%), manteve-se uma evolução praticamente estável, com 433 insolvências em 2024, face a 430 no ano anterior, muito abaixo do aumento registado a nível nacional. Já o distrito de Braga apresentou um crescimento de 8,1%, face ao ano anterior, representando 321 insolvências.
Nos restantes grandes distritos, Aveiro registou um aumento de 6,2%, totalizando 188 insolvências. Por outro lado, Setúbal, Leiria, Coimbra e Faro apresentaram uma tendência de diminuição, com menos insolvências face a 2023.
A análise por dimensão revela que as micro e pequenas empresas, com um volume de negócios inferior a 500 mil euros, continuam a registar o maior número de insolvências, mantendo a tendência verificada ao longo do ano.
Os setores de serviços, da construção, do têxtil e do retalho continuam a registar os valores mais elevados em termos de insolvências no mês de dezembro, com 539, 389, 369 e 281 insolvências, respetivamente.
O setor dos serviços apresenta um aumento de +7,2% para 2024 face ao ano anterior, com os referidos 539 casos. Pelo contrário, o sector da construção destaca-se por uma diminuição global das insolvências para 389 processos, que face ao ano anterior registou uma diminuição de -8,7%
No entanto, importa referir que o sector têxtil é ainda fortemente impactado por casos de insolvência com um total de 369 insolvências, portanto com +24,2% de casos numa base anual. Apesar destes dados, verifica-se uma tendência de melhoria registada a partir do segundo trimestre de 2024 face ao primeiro trimestre deste mesmo ano. Dezembro apresenta um número de casos (34) ao mesmo nível de 2023 (33).
O outro grande setor mais representativo da economia, o retalho, regista um valor estável com uma ligeira diminuição em 2024 face a 2023 de -1,4% com 281 casos. Em dezembro, com 25 casos, registou um aumento de 25% face a 2023.
Nadine Accaoui, Presidente do Conselho de Administração e Presidente da Comissão Executiva da Allianz Trade em Portugal, destaca que “estes números refletem a pressão enfrentada pelas empresas portuguesas ao longo de 2024. Apesar de algumas melhorias económicas, fatores como a inflação persistente, o aumento das taxas de juro e a recuperação lenta do consumo têm sido determinantes para o aumento do número de insolvências. O impacto é particularmente sentido por micro e pequenas empresas, que enfrentam uma maior vulnerabilidade face às alterações económicas e dificuldades no acesso ao crédito. Para 2025, o cenário económico continuará a apresentar desafios significativos associados a fatores externos, como incertezas geopolíticas e a volatilidade dos mercados, mas as previsões apontam para uma estabilização económica, que poderá representar uma oportunidade para as empresas mais resilientes se adaptarem e fortalecerem as suas operações”.
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