Especialistas portugueses chegam a consenso sobre redução do uso de corticosteroides sistémicos orais no tratamento da asma grave

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Resultados do projeto ROSA já foram publicados no Pulmonology Journal
 
Lisboa, 16 de dezembro de 2020 – A utilização de corticosteroides sistémicos orais no tratamento da asma grave tem sido largamente discutida entre os especialistas, ao longo dos últimos anos. Neste sentido, e compreendendo a urgente necessidade de um melhor entendimento sobre esta temática, surgiu o estudo ROSA (Reducing Oral corticoteroids in Severe Asthma), que promoveu a discussão interpares das especialidades médicas de Imunoalergologia e Pneumologia. Dessa discussão resultou um documento nacional, que visa  a otimização do uso de corticosteróides sistémicos (CS) orais no tratamento do doente com asma grave.
Através deste estudo, que contou com a participação de 48 peritos nacionais, foi possível chegar a um consenso sobre pontos fundamentais desta temática:

  • A exposição aos corticosteróides sistémicos, mesmo que por curtos períodos, .i.e., sem ser em utilização crónica, está associada a um aumento do risco de eventos adversos tais como, infeções, complicações cardiovasculares, metabólicas, psiquiátricas, oculares, gastrointestinais e ósseas;
  • Os eventos adversos relacionados com o uso da corticoterapia sistémica crónica são dose-dependentes e são cumulativos no tempo;
  • A terapêutica com corticosteroides sistémicos está associada a um aumento nos gastos em saúde, em parte devido à necessidade de resolução de eventos adversos com ela relacionados.
No geral, 95,8% dos peritos nacionais considerou ainda que o entendimento sobre o melhor controlo da doença deve ser pré-definido através de um plano de decisão entre médico e doente. A larga maioria dos clínicos (87% dos peritos) concordou que são necessárias ações adicionais para uma correta avaliação do risco cumulativo da exposição dos doentes a CS orais. Para além disso, a grande maioria (91,7%) demonstrou uma perceção favorável à utilização de medicamentos biológicos, caso os doentes apresentem elegibilidade para estas terapêuticas, em detrimento da exposição contínua a corticosteroides sistémicos orais.
Os resultados deste estudo demonstram a real necessidade de uma atualização e uniformização na gestão da asma em Portugal. Esta necessidade deve ser sustentada em trabalhos relacionados com os benefícios e acesso a terapêuticas inovadoras, que promovam a adesão do doente com asma grave  e que demonstrem um menor impacto nos custos associados à gestão dos doentes com asma grave.
Os autores do estudo ROSA, apoiado pela AstraZeneca, foram Cláudia Chaves Loureiro, Manuel Branco Ferreira, Jorge Ferreira, Ricardo Lima, João Marques, Anna Sokolova, Fernanda S. Tonin e Filipa Duarte-Ramos, e a publicação destes resultados foi feita no Pulmonology Journal, a publicação científica da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Escola da Pneumologia, podendo ser consultado em: https://www.journalpulmonology.org/en-reducing-oral-corticosteroids-in-severe-avance-S2531043720302178 

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