PR Fundação "la Caixa" | Pandemia levou a um aumento de 25% da pobreza e a um aumento de 9% da desigualdade em Portugal
- Um estudo do Observatório Social da Fundação ”la Caixa” da autoria do Center of Economics for Prosperity da Católica Lisbon (PROPER) evidencia que a crise econo´mica provocada pela pandemia de Covid-19 reduziu o rendimento das fami´lias e aumentou significativamente a pobreza e a desigualdade.
- 400.000 indivi´duos cai´ram abaixo do limiar de pobreza, definido como 60% do rendimento mediano equivalente, aumentando em 25% a taxa de pobreza como consequência da pandemia de Covid-19.
- As poli´ticas de protec¸a~o extraordina´rias implementadas pelo Governo portugue^s em 2020 conseguiram atenuar parcialmente o aumento da pobreza e da desigualdade que teriam sido ainda maiores na ausência destes apoios.
A crise econo´mica provocada pela pandemia de Covid-19 reduziu o rendimento das fami´lias e aumentou significativamente a pobreza e a desigualdade. Levou a uma reduc¸a~o global do rendimento em Portugal, revelado pelo deslocamento para a esquerda da distribuic¸a~o de rendimento (mais indivi´duos pro´ximos ou abaixo do limiar de pobreza no cena´rio de crise). Mais de 400.000 indivi´duos tornaram-se pobres em conseque^ncia da crise e o fosso entre ricos e pobres aumentou.
O seguinte gráfico mostra o impacto da pandemia no aumento da pobreza e da desigualdade:
O estudo “O Impacto da Covid-19 na Pobreza e Desigualdade em Portugal, e o efeito mitigador das poli´ticas de protec¸a~o” (https://oobservatoriosocial.fundacaolacaixa.pt/-/o-impacto-da-covid-19-na-pobreza-e-desigualdade-em-portugal-e-o-efeito-mitigador-das-politicas-de-protecao) defende que a crise provocada pela pandemia Covid-19 resultou numa perda substancial de rendimentos para a populac¸a~o portuguesa. O rendimento mediano anual equivalente, ajustado a` dimensa~o e composic¸a~o do agregado familiar, caiu de 10.100 euros no cena´rio sem crise para 9.100 euros no cena´rio com crise. A perda de rendimento mediano anual simulada foi de 7%.
Considerando que a maior parte dos “perdedores” ja´ se situava na metade inferior da distribuic¸a~o de rendimento no cena´rio sem crise, a crise levou a um aumento da desigualdade: o ra´cio entre os percentis de rendimento 95 e 5 aumentou mais de 9%, quando sa~o comparados os cena´rios com e sem crise.
Os resultados mostram que a pandemia levou a um impressionante aumento de 25% da pobreza ao longo de um ano, quando comparados os cena´rios com e sem crise, pondo em risco os progressos feitos nos u´ltimos vinte anos e invertendo a tende^ncia de reduc¸a~o continuada da pobreza iniciada em 2015, quando a taxa de pobreza era de 19%.
Os pobres tambe´m ficaram mais pobres: calcula-se que a taxa de intensidade da pobreza, que indica o qua~o distante esta´ o rendimento das pessoas mais pobres do limiar de risco de pobreza, aumentou 8% em comparac¸a~o com o cena´rio sem crise.
A crise teve efeitos assime´tricos
As classes baixa e me´dia-baixa, a regia~o do Algarve e as pessoas com escolaridade ate´ ao nono ano foram os grupos mais afetados por esta crise, com perdas claramente acima da me´dia nacional.
As poli´ticas de protec¸a~o extraordina´rias implementadas atenuaram o aumento da pobreza e da desigualdade: sem a sua implementac¸a~o, o confinamento inicial de oito semanas teria produzido aproximadamente o mesmo impacto sobre a pobreza e a desigualdade que aquele calculado para um ano inteiro.
O presente estudo pretende avaliar o impacto desta crise sobre a pobreza e a desigualdade em Portugal e investigar os efeitos das poli´ticas extraordina´rias de atenuac¸a~o implementadas. Utilizando o Inque´rito a`s Condic¸o~es de Vida e Rendimento (ICOR) de 2019 para extrapolar os rendimentos de 2020, foram elaborados va´rios cena´rios macroecono´micos para comparar os cena´rios com e sem crise ao longo de um ano, e os cena´rios de crise com e sem poli´ticas de protec¸a~o no contexto de um confinamento geral de oito semanas.
No entanto, diversas poli´ticas de protec¸a~o foram implementadas para atenuar o impacto da crise. Este estudo mostra que o regime de lay-off simplificado, destinado a trabalhadores por conta de outrem, e os apoios extraordina´rios para trabalhadores por conta pro´pria foram eficazes para atenuar o impacto da crise: sem eles, o confinamento inicial de oito semanas teria produzido aproximadamente o mesmo impacto sobre a pobreza e a desigualdade que aquele simulado para um ano inteiro.
A pandemia, ainda em curso, e a crise econo´mica resultante trazem consigo desafios orc¸amentais substanciais, uma vez que esforc¸os governamentais de grande magnitude podem ser difi´ceis de sustentar por um peri´odo prolongado. A` luz destes resultados, e´ evidente que, sem uma forte recuperac¸a~o, uma reduc¸a~o das poli´ticas de protec¸a~o pode causar um impacto negativo substancial na pobreza e na desigualdade.
Sobre Observatorio Social da Fundação ”la Caixa”:
https://oobservatoriosocial.fundacaolacaixa.pt/
O Observatorio Social de la Fundación ”la Caixa” é um novo projeto que está a ser desenvolvido em Portugal com o objetivo de fazer diagnósticos sobre a realidade social nas áreas do conhecimento relacionadas com a atuação da Fundação ”la Caixa nas vertentes social, educação e cultura.
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no Grupo CaixaBank. Em 2020, destinou 26 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica. A Fundação mantém o seu compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais.
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