Políticas de mitigação de mudanças climáticas que satisfazem o Acordo de Paris causam apenas pequenas variações do PIB
19.03.2021
Com o aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa, existe uma crescente pressão para a adoção de políticas mais agressivas de combate às mudanças climáticas. Em contraste, a resistência à implementação dessas políticas decorre da preocupação relativa aos seus efeitos económicos. Um modelo económico com múltiplos setores e trabalhadores heterogéneos pode ser usado para avaliar os impactos de políticas de mitigação de mudanças climáticas. No modelo, após a implementação da política, os trabalhadores podem escolher mudar de setores e um novo equilíbrio macroeconómico é atingido.
De acordo com o modelo, o cumprimento pelos Estados Unidos da sua meta para o Acordo de Paris – uma diminuição das emissões de carbono em 26% – é atingido com um imposto de carbono de 32%. Esse imposto causa um declínio do PIB de apenas 0,6%. Trabalhadores com vantagem comparativa em setores produtores de energia mais poluentes sofrem o maior efeito negativo da política. Contudo, esses trabalhadores constituem uma pequena fração da força de trabalho; menos de 1% nos Estados Unidos. O efeito de uma política similar implementada em diferentes países depende da estrutura setorial de cada economia. Num país mais poluidor como a China, por exemplo, o mesmo imposto de 32% causa uma queda no PIB de 2,1%.
Para mais detalhes ver Cavalcanti, Hasna e Santos (2020), “Climate Change Mitigation Policies: Aggregate and Distributional Effects”, Banco de Portugal Working Paper 17.
Elaborado por Cézar Santos e Zeina Hasna. As análises, opiniões e resultados expressos neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem necessariamente com os do Banco de Portugal ou do Eurosistema.
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