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Células Mesenquimais do Tecido do Cordão Umbilical demonstram benefícios no tratamento da Artrite Reumatoide

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Lisboa, 22 de dezembro de 2020 – De acordo com investigações recentes  sobre o  efeito das células mesenquimais derivadas do cordão umbilical no tratamento da artrite reumatoide, pode concluir-se que existe um potencial terapêutico destas células, nomeadamente anti-inflamatório. A redução da inflamação ocorre devido a uma capacidade imunomodelatória/imunossupressora das células mesenquimais.

A artrite reumatoide está clinicamente definida como uma doença crónica, inflamatória e autoimune que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido articular e periarticular. O conhecimento adquirido por vários cientistas a nível mundial sobre o potencial terapêutico das células estaminais, tem levado ao aparecimento de vários ensaios clínicos recentes sobre esta temática.

Em 2018, investigadores do departamento de reumatologia de vários hospitais de Seoul em conjunto com os institutos de medicina regenerativa e centros de investigação da Coreia do Sul avaliaram 11 doentes com artrite reumatoide. Destes, 78% são mulheres com uma idade média de 57 anos e com uma duração média da doença de 9 anos e meio. Após 24h da infusão das células mesenquimais provenientes do cordão umbilical, observou-se diminuição significativa de várias citocinas pro-inflamatórias (IL-1β, IL-6, IL-8, e TNF-α). Tal facto comprova a capacidade imunomodulatória destas células. Este estudo abriu a possibilidade de explorar o tratamento e a melhoria de doenças imunomediadas, incluindo doenças autoimunes, como a artrite reumatoide[1].

Mais recentemente, em 2019, foi realizado outro ensaio clínico com o propósito de estudar o efeito da infusão das células mesenquimais provenientes do cordão umbilical nesta patologia com um período de seguimento mais alargado (3 anos). Sessenta e quatro doentes (87% mulheres) com idades compreendidas entre 18-64 anos foram submetidos a uma infusão intravenosa com células mesenquimais do tecido do cordão umbilical. Após o primeiro e terceiro ano da infusão, os doentes foram avaliados em três categorias: Marcadores inflamatórios sistémicos, Segurança e Eficácia. Após três anos, os marcadores inflamatórios sistémicos reduziram significativamente, realçando a capacidade destas células diminuírem o ambiente inflamatório evidenciando a eficácia do uso destas células como terapia2.
Para além disso, as células mesenquimais do tecido do cordão umbilical apresentam uma capacidade de proliferação e diferenciação únicas, assim como a aptidão de, depois de estarem na corrente sanguínea, se dirigirem para o local inflamado exercendo os seus efeitos benéficos (homing). Esta capacidade de “homing”, associada à vantagem de terem propriedades hipoimunogénicas, ou seja, de não reagirem à infusão de células como um agente estranho que possa despoletar resposta imunológica, permitem realizar tratamentos com células do próprio indivíduo (autólogos) ou de outros indivíduos (alogénicos), possibilitando a utilização destas células como um alvo terapêutico muito eficaz e seguro.

Um e três anos após o tratamento, todos os valores das análises sanguíneas de rotina mantiveram-se sem alterações comparativamente com a fase anterior ao tratamento. As funções hepática e renal também não sofreram alterações, demonstrando que o tratamento com células mesenquimais do tecido do cordão umbilical é seguro. O cálculo do desenvolvimento da artrite reumatoide (score DAS28) diminuiu significativamente um ano depois do tratamento, continuando a diminuir até ao terceiro ano. O mesmo resultado foi observado na avaliação da capacidade funcional dos doentes (Health Assessment Questionnaire). Este questionário avalia de 0 a 3 as capacidades quotidianas do indivíduo, desde conseguir vestir-se até abrir torneiras, frascos, subir escadas, entre outros[2].  

A eficácia deste tratamento é real e pode ser também observada naturalmente por qualquer pessoa. Na figura ilustrada em baixo estão retratadas as mãos de um paciente antes (figura A) e após três anos do tratamento com células mesenquimais derivadas do tecido cordão umbilical (figura B). Trata-se de um paciente com 68 anos que foi diagnosticado com artrite reumatoide desde os seus 53 anos de idade. Na figura C e D está, respetivamente, representado o antes e um ano depois da infusão com células mesenquimais do tecido do cordão umbilical numa doente com 33 anos com artrite reumatoide desde os seus 29 anos de idade com queixas de muitas dores. Como se pode observar em ambas as situações, os doentes não conseguem esticar os dedos devido à inflamação existente nas junções articulares. No entanto, após o tratamento existe uma melhoria substancial permitindo um maior movimento dos membros, sublinhando a eficácia desta terapêutica. Para além disso, os efeitos terapêuticos das células mesenquimais mantêm-se durante o período de acompanhamento, sempre com resultados clínicos estáveis, melhorando de forma substancial a qualidade de vida dos doentes com artrite reumatoide2.
 


[1] Park EH, Lim HS, Lee S, Roh K, Seo KW, Kang KS, et al. Intravenous infusion of umbilical cord blood-derived mesenchymal stem cells in rheumatoid arthritis: A phase Ia clinical trial. Stem Cells Translational Medicine. 2018;7(9):636-42.

[2] Wang L, Huang S, Li S, Li M, Shi J, Bai W, et al. Efficacy and safety of umbilical cord mesenchymal stem cell therapy for rheumatoid arthritis patients: A prospective phase I/II study. Drug design, Development and Therapy. 2019;13:4331-40.

[1] Wang L, Huang S, Li S, Li M, Shi J, Bai W, et al. Efficacy and safety of umbilical cord mesenchymal stem cell therapy for rheumatoid arthritis patients: A prospective phase I/II study. Drug design, Development and Therapy. 2019;13:4331-40.

De forma a estudar e desenvolver um tratamento mais potente contra a artrite reumatoide, a utilização das células mesenquimais do cordão umbilical também tem surgido em combinação com outras terapias. Este ano, um outro ensaio clínico realizado com 63 doentes, demonstrou que a aplicação das células mesenquimais do cordão umbilical com interferão-γ aumenta significativamente a taxa de resposta em 93,3% (American College of Rheumatology 20 response rates) ao terceiro mês de acompanhamento. Ou seja, considerando a resposta à doença, a terapia combinada com as células mesenquimais do cordão umbilical leva a uma melhoria substancial dos doentes com artrite reumatoide quando comparada com uma terapia sem o uso das células mesenquimais. Assim, estes autores sugeriram esta terapia combinada como uma nova estratégia clínica para o tratamento da artrite reumatoide dado que se observou uma sinergia na eficácia do tratamento sem quaisquer efeitos colaterais durante um período observacional de 1 ano[1].
Andreia Gomes, responsável pela Unidade de Investigação & Desenvolvimento da BebéVida, afirma “É necessário salientar que em todos estes estudos e os critérios de segurança destas infusões durante e após o tratamento foram continuamente avaliados, concluindo que esta terapêutica é segura e não é tóxica, uma vez que todos os sinais vitais e clinicamente relevantes se mantiveram estáveis”.
“A eficácia de um tratamento é um fator determinante para a cura de certas doenças, como a artrite reumatoide, bem como o aumento da qualidade de vida dos doentes. No entanto, a avaliação da segurança da aplicação destas células é a principal prioridade”, reforça Andreia Gomes.
 
Mais informação sobre a Atrite Reumatoide:
 
[1] He X, Yang Y, Yao M, Yang L, Ao L, Hu X, et al. Combination of human umbilical cord mesenchymal stem (stromal) cell transplantation with IFN-γ treatment synergistically improves the clinical outcomes of patients with rheumatoid arthritis. Annals of the Rheumatic Diseases. 2020;79(10):1298-304.

Em 2016, na revista científica The Lancet, Josef S Smolen e os seus colaboradores relataram a artrite reumatóide como uma doença crónica, inflamatória e autoimune que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido articular e periarticular. Existe também uma ampla variedade de alterações extra-articulares sendo assim considerada uma das doenças crónicas inflamatórias mais prevalentes4.
Esta patologia não tem cura e envolve principalmente as articulações, mas deve ser considerada uma síndrome que inclui manifestações extra-articulares como nódulos reumatoides que ocorrem na maioria das vezes nos cotovelos, joelhos e dorso das mãos; alterações pulmonares ou vasculite pulmonar; secura e/ou inflamação ocular; úlceras de perna e lesões cutâneas eritematosas; aumento das dimensões do fígado e enzimas hepáticas (transamínases), entre outros[1].
É uma doença em que existe uma desregulação do sistema imunitário, fazendo com que este ataque o próprio corpo. Este ataque desencadeia uma inflamação articular proporcionada pela libertação de moléculas chamadas citocinas que interagem com células do sistema imunitário (glóbulos brancos), provocando uma reação inflamatória. Esta inflamação provoca inchaço e dor levando à perda da motilidade (incapacidade de mover as articulações).
 Desta forma, existe uma carga substancial para o indivíduo, uma vez que a evolução da doença resulta em deficiências músculo-esqueléticas, com declínio concomitante na função física, qualidade de vida e risco de comorbidade cumulativo. Esta incapacidade individual reflete-se numa carga socioeconómica, dado que o paciente desenvolve uma capacidade funcional reduzida, conduzindo a uma diminuição de capacidade de trabalho, participação na sociedade e aumento de custos médicos especializados4.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a artrite reumatoide não é uma doença rara, a sua prevalência (frequência) varia entre 0,5-1,5% da população nos países industrializados. Em Portugal, estima-se que afete 0,8 a 1,5% da população. A ocorrência global de artrite reumatóide é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens. O pico de incidência nas mulheres é após a menopausa, mas pessoas de todas as idades podem desenvolver a doença, incluindo adolescentes[2].
 
[1] Smolen JS, Aletaha D, McInnes IB. Rheumatoid arthritis. The Lancet. 2016;388(10055):2023-38.

[2] Sociedade Portuguesa de Reumatologia (https://spreumatologia.pt/).

[1] Smolen JS, Aletaha D, McInnes IB. Rheumatoid arthritis. The Lancet. 2016;388(10055):2023-38.
[1] Sociedade Portuguesa de Reumatologia (https://spreumatologia.pt/).

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