A Inteligência Artificial (IA) e a tradução automática não vão substituir a necessidade de aprender línguas, afirma estudo

Report this content

  • O British Council e o Instituto de Investigação em Inovação Digital em Aprendizagem apresentam as respostas a um inquérito a 1348 professores de língua inglesa em todo o mundo sobre a sua utilização e opiniões acerca do uso de IA no ensino da língua inglesa.
  • 54% dos inquiridos sentem que receberam uma formação inadequada e 51% expressam ceticismo em relação à capacidade da IA para ensinar inglês sem a necessidade de um(a) professor(a).
  • As aplicações para aprender línguas estrangeiras são as ferramentas de IA mais usadas entre os professores, apesar de 24% afirmarem que não utilizam nenhuma.

Lisboa, 12 Março de 2024 – 60% dos professores de inglês discordam que a inteligência artificial (IA) e tradução automática acabem por tornar desnecessária a aprendizagem de línguas estrangeiras, segundo um estudo desenvolvido por especialistas em tecnologias da educação no British Council, a organização internacional de relações culturais e oportunidades educativas do Reino Unido, e o Instituto de Investigação em Inovação Digital em Aprendizagem (na ODUGlobal, sedeado na Universidade Old Dominion, na Virginia, EUA). Nas suas respostas por escrito, muitos inquiridos destacaram as facetas culturais, sociais e emocionais profundas das línguas e que o valor duradouro da interação humana não pode ser substituído pela IA.

O estudo, que faz parte da investigação Artificial intelligence in English language teaching: Preparing for the future, recolhe respostas de 1348 professores de inglês de 118 países e regiões de todo o mundo sobre a utilização da IA no ensino da língua inglesa. Deste total, 1112 professores também expressaram a sua opinião sobre 13 declarações sobre este tema.

Tendo em conta a necessidade de continuar a aprender línguas apesar da difusão da IA, 70% dos professores de inglês concorda que os alunos devem ser capazes de escrever em inglês sem a ajuda destas ferramentas.

Relativamente ao papel dos professores no novo panorama da aprendizagem, 51% dos inquiridos expressa ceticismo em relação à capacidade da IA em ensinar inglês sem um professor em 2035 e destaca a importância dos educadores humanos.

80% dos inquiridos também aponta para a necessidade de desenvolver inteligência artificial para apoiar a aprendizagem de diferentes variedades de inglês em todo o mundo, de modo a facilitar a inclusão e o realismo na aprendizagem de línguas e reduzir os problemas de uniformização e eficiência que preocupam os professores.

A neutralidade expressa pelos professores numa grande maioria das declarações do estudo mostra, segundo os especialistas, a incerteza gerada pela emergência da inteligência artificial no ensino da língua inglesa. Com efeito, apenas 20% sente que recebeu uma formação suficiente para usar a IA no ensino e 54% sente que recebeu uma formação inadequada. Uns significativos 27% mantêm-se neutros, indicando possíveis incertezas sobre as suas necessidades de formação em IA.
 

Ferramentas e usos da IA no ensino da língua inglesa

Além das opiniões dos professores consultados, o estudo incluído na investigação Artificial intelligence in English language teaching: Preparing for the future recolhe informação sobre os usos que os 1 348 professores de inglês de 118 países e regiões dão à IA no seu trabalho no ensino da língua inglesa.

As ferramentas de IA mais usadas por professores são as aplicações de aprendizagem de línguas estrangeiras (48%), IA para geração de idioma (37%) e chatbots (31%). No entanto, uma parte significativa dos inquiridos (24%) declara não usar nenhum dos tipos de ferramentas de IA enumerados.
 

Em termos das utilizações mais abrangentes da IA no ensino da língua inglesa, 57% usa-a para criar materiais, seguido de ajudar os alunos a praticar o seu inglês (53%) e preparar as aulas (43%). No entanto, 18% dos inquiridos diz que não usam a IA para nenhum destes fins, que podem estar associados à falta de formação em IA e à incerteza em torno do seu impacto no presente e futuro do ensino da língua inglesa.

 

Sobre Artificial Intelligence in English language teaching

No estudo Artificial intelligence in English language teaching: Preparing for the future, especialistas em tecnologias da educação do British Council e do Instituto de Investigação em Inovação Digital em Aprendizagem (na ODUGlobal, sedeada na Universidade Old Dominion na Virginia, EUA) exploram a utilização da IA no ensino da língua inglesa e na sua aprendizagem, em todo o mundo.

O primeiro relatório do género é composto por três partes: estado da arte, inquérito e entrevistas qualitativas. Inclui uma análise aprofundada de como a IA está atualmente a ser usada na aprendizagem e ensino da língua inglesa (ELT, English Learning and Teaching), qual o foco da investigação atual e como se sentem os professores e outros intervenientes essenciais acerca da emergência e implementação de tecnologias de IA em rápida evolução.

 

A importância do desenvolvimento da literacia na inteligência artificial para professores e alunos é um tema chave que se destaca na investigação. A publicação também explora preocupações éticas em torno da utilização e regulamentação da IA. Entre os educadores, o relatório conclui que estas preocupações estão equilibradas, com uma sensação de entusiasmo e esperança. No geral, os professores não estão preocupados por poderem vir a ser substituídos por ferramentas de IA num futuro próximo.

Além de identificar o potencial da IA em gerar novas oportunidades para o ensino e a aprendizagem, também cita o risco de amplificar desigualdades existentes na educação global. Foi demonstrado que a IA aplica uma teoria de aprendizagem obsoleta enquanto pedagogia. Também há parcialidade nos dados usados para treinar os sistemas de IA.
 

FINAL

Notas aos editores

Sobre o British Council

O British Council é a organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educativas. Apoiamos a paz e a prosperidade criando ligações, entendimento e confiança entre as pessoas no Reino Unido e noutros países em todo o mundo. Fazemo-lo através do nosso trabalho nas artes e na cultura, na educação e na língua inglesa. Trabalhamos com pessoas em mais de 200 países e territórios e estamos no terreno em mais de 100 países. www.britishcouncil.org

Para mais informações sobre o relatório "Future of English: Global Perspectives", visite www.britishcouncil.org/future-of-english

Tags:

Subscrever