25 de Abril: Azeitão com monumento e Zambujo a recordar Zeca

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A Junta de Freguesia de Azeitão inaugurou ontem um monumento ao 25 de Abril no Parque Bacalhôa II, uma peça escultórica criada por Pedro Silva, vencedor de um concurso promovido pela autarquia em 2023.
 
Numa sessão que contou com a participação do presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, a presidente da Junta, Sónia Paulo, notou que a escultura de Pedro Silva, intitulada “A Revolução do 25 de Abril”, tem inscritas palavras de ordem da revolução, como “paz”, “pão”, “saúde” e “habitação”, para que “ninguém se esqueça”.
 
No dia do 50.º aniversário da revolução, o presidente da Câmara recordou, por seu turno, a responsabilidade de transmitir os valores de Abril às gerações futuras, o que, como disse, também pode ser feito através da arte urbana, e sublinhou que o 25 de Abril “provocou uma transformação profunda” na sociedade portuguesa.
 
“Assinalar 50 anos e fazê-lo desta forma, com mensagens e referências que marcam o território urbano, é muito importante”, disse André Martins, considerando que “a cultura é revolucionária” e salientando a intenção da Câmara Municipal de “descentralizar a cultura” no concelho.
 
Sónia Paulo, que lamentou não ter vivido a revolução por em 1974 ainda não ser nascida, afirmou, por seu turno, que “as conquistas de Abril estão nas páginas da história, na memória vivida e na arte”.
 
No concurso lançado em 2023 pela Junta de Freguesia de Azeitão, ao qual se apresentaram oito obras, os artistas eram desafiados a conceberem uma peça que evocasse a memória da Revolução dos Cravos, tendo Pedro Silva concorrido com uma escultura vermelha inspirada no “V” de vitória, amplamente usado, por militares e civis, no dia 25 de abril de 1974.
 
O artista, que, como recordou, tinha 18 anos no dia em que o Estado Novo foi derrubado e “estava a meses de ir para a guerra ou fugir”, afirmou que as palavras inscritas na escultura têm leituras diferentes de um lado e do outro numa alusão ao fato de o 25 de Abril ter permitido que as pessoas passassem a “analisar as coisas de diferentes perspetivas”.
 
A noite do dia em que o 25 de Abril completou 50 anos terminou com um concerto de António Zambujo, seguido de fogo de artifício, com a praça do Mercado Mensal de Azeitão cheia.
 
O programa municipal de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Setúbal, denominado “Venham Mais Vinte e Cincos”, prossegue até 2025, mas a noite em Azeitão foi particularmente especial por se tratar do dia exato do 50.º aniversário da revolução realizada pelo Movimento das Forças Armadas em 1974.
 
No início do concerto, o presidente da Câmara dirigiu-se à população para salientar a importância de celebrar o 25 de Abril e a aposta que a autarquia faz, desde há três anos, de organizar neste dia concertos em Azeitão, o que considerou uma verdadeira descentralização cultural.
 
António Zambujo ofereceu um concerto em que imperou a boa disposição e no qual passou pelos seus maiores êxitos, como o “Pica do 7”, e por novas composições. No regresso ao palco para o “encore”, interpretou sozinho a “Balada do Outono”, de José Afonso, para depois, já acompanhado pela banda, fechar com “Tanto Mar”, a música do brasileiro Chico Buarque sobre o processo revolucionário em Portugal.
 
Depois cedeu o palco ao executivo municipal e presidentes de junta de freguesia para, em conjunto com o público, cantarem “Grândola, Vila Morena”, a canção de José Afonso que foi uma das senhas do 25 de Abril.

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