Autarcas instam Ministério da Saúde a incentivar profissionais

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Setúbal, 15 de fevereiro (DICI) – O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, instou hoje o Governo a tomar medidas para incentivar os profissionais a optarem por trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, após uma visita ao Hospital de São Bernardo com o ministro da Saúde.
 
André Martins falava no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, na qualidade de porta-voz dos presidentes das câmaras municipais da área de influência do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), que também serve Palmela e Sesimbra, no final de uma tarde que incluiu duas reuniões com o ministro Manuel Pizarro, a primeira nos Paços do Concelho e a segunda na unidade hospitalar, esta também com a administração do CHS.
 
“O que nós esperamos é que o Governo tome medidas no sentido de criar os incentivos para que os profissionais de saúde venham para o Serviço Nacional de Saúde. Esta é a grande questão e nós ficamos à espera, mais uma vez. Sensibilizámos o senhor ministro para a importância de resolver este problema, também no sentido de dar maior confiança às populações, para que as pessoas não desistam”, disse o autarca.
 
Acompanhado por Álvaro Amaro e Francisco de Jesus, presidentes das câmaras de Palmela e Sesimbra, André Martins destacou a importância da união para se “conseguir atingir o objetivo de ter melhores serviços de saúde e um Serviço Nacional de Saúde alargado a cada vez mais pessoas”.
 
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal admitiu que a questão da eventual integração do hospital ortopédico do Outão no Hospital de São Bernardo foi colocada ao ministro e pediu “que esse serviço não seja posto em causa com qualquer decisão menos avisada”.
 
Aos autarcas foi dito que “neste momento não está nada decidido” sobre o hospital ortopédico, mas André Martins afirmou que os presidentes das câmaras esperam que “o Outão venha a ser considerado um serviço e um hospital de referência na região e também de referência nacional”.
 
Após considerar a visita de Manuel Pizarro “muito importante” para “o bom funcionamento dos serviços de saúde e a boa capacidade de atender os doentes”, André Martins agradeceu aos profissionais do CHS, porque têm sido eles “que têm permitido que se continue a prestar um serviço de qualidade, um serviço de muito bom atendimento, nas disponibilidades e nas condições que existem, que não são boas”.
 
O ministro e o conselho de administração disseram aos autarcas que as obras de expansão do hospital se vão iniciar no final de março, o que estes consideraram “uma boa notícia”, embora André Martins tenha sublinhado que “o grande problema que permanece e não tem fim à vista é o dos recursos humanos”, em vários níveis de serviços.
 
“Essa é uma preocupação que nos assola a todos. Temos a finalizar as obras do centro de saúde de Azeitão, no caso de Setúbal, e neste momento não está garantido que, depois de terminadas as obras, haja profissionais de saúde para utilizar aquele espaço e prestar os serviços que as populações precisam. Esta é a nossa grande preocupação e penso que, neste momento, é o aspeto que importa melhor salientar”, disse.
 
Segundo o autarca, que sublinhou o esforço dos municípios em parcerias com o Ministério da Saúde na construção de centros de saúde, “isto tudo resulta de uma grande falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde ao longo de muito anos e que continua”.
 
Manuel Pizarro afirmou que “a conclusão principal” da visita foi “a valorização” do Hospital de São Bernardo. “É um grande hospital, que atente muitas dezenas de milhar de pessoas e atende a maior parte delas com grande qualidade, com belíssimos resultados em saúde”.
 
Manuel Pizarro fez questão de considerar “completamente essencial” a participação das autarquias nesta área, sublinhando que “o que tem acontecido na saúde” na região “deve muito ao apoio das câmaras municipais, que têm contribuído muito, sobretudo nos cuidados de saúde primários, mas também na valorização do hospital”.
 
O ministro admitiu a existência de “constrangimentos e dificuldades” no CHS, mas afirmou que os problemas em matéria de espaços físicos “vão ter uma solução numa base de tempo muito aceitável”, com a construção do novo edifício, que arranca “já no mês de março” e “demorará cerca de um ano e meio” a ser completada.
 
O novo edifício vai instalar “com boas condições” as urgências de adultos e pediátrica, o bloco materno-infantil e a unidade de cuidados intensivos, libertando área no hospital “para que outros serviços tenham mais espaço e melhor capacidade de atendimento” aos utentes.
 
Admitiu que “persiste uma dificuldade de recursos humanos, mais intensa numas especialidades do que noutras”, mas acrescentou a importância de “valorizar o hospital e dizer aos jovens profissionais, médicos e outros profissionais, que são bem-vindos a este hospital, porque este hospital tem futuro e vai ter futuro”.
 
O governante assegurou que vai ser aumentada a formação de jovens internos e facilitada a respetiva contratação, tendo sido “muito bem acolhida por todos” neste encontro a notícia de que, “já a partir deste ano”, cada instituição passará a fazer os concursos para a admissão de jovens médicos que vão sendo formados.
 
“Isso aumenta a capacidade do CHS, que é também um grande espaço de formação de jovens profissionais médicos, para garantir a contratação de profissionais de saúde formados aqui. Esse vai ser um processo lento, não vamos conseguir fazer tudo de um mês para o outro, e talvez nem de um ano para o outro, mas vamos caminhar para que, mês após mês, ano após ano, as coisas se resolvam de forma muito consistente”, disse. 

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