Câmara conclui Convento de Jesus e reabre Museu de Setúbal

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Setúbal, 30 de novembro (DICI) – O presidente da Câmara Municipal, André Martins, manifestou hoje grande satisfação e sentimento de dever cumprido, na cerimónia que marcou a reabertura do Museu de Setúbal e a conclusão da terceira fase das obras de requalificação do Convento de Jesus.
 
Nos claustros do Convento de Jesus, onde autarcas, responsáveis da administração central, da Igreja Católica, de forças de segurança e de entidades culturais do concelho começaram por ouvir uma mensagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o autarca sublinhou que a terceira fase da requalificação do monumento consistiu numa “intervenção profunda nas alas norte e nascente” e permitiu “a reabertura total” do Museu de Setúbal.
 
“Aqui e agora devolvemos, finalmente, ao nosso país e na íntegra uma verdadeira joia histórica e arquitetónica que esteve completamente abandonada por demasiados anos em resultado da incúria e da falta de visão de quem deixou este monumento chegar a inaceitável estado de degradação”, disse André Martins, depois de revelar “enorme satisfação e elevado sentimento de dever cumprido”.
 
“Há 22 anos, quando chegámos a esta câmara municipal, encontrámos um panorama desolador aos mais diversos níveis. O Convento de Jesus era, a todos os títulos, o mais marcante exemplo do desleixo a que tinha chegado a administração da cidade e do concelho”, disse, recordando que a requalificação do monumento foi eleita como “uma das prioridades” da autarquia.
 
Segundo o autarca, a conclusão do processo “apenas se deve ao forte empenho que a Câmara Municipal colocou, a partir de 2002, na valorização do Convento de Jesus”, contrariando “anos de inércia de anteriores gestões municipais” e “a paralisia do Poder Central”, que foi “responsável pelo estado a que o monumento chegou”, embora tivesse o “dever de devolver a dignidade” à “mais importante memória histórica” de Setúbal.
 
“O executivo da CDU na Câmara Municipal de Setúbal, mesmo com os obstáculos que foram colocados no caminho por quem deixou o convento degradar-se, deitou mãos à obra e não desistiu. Assim como não desistiu de fazer do largo fronteiro que abraça o monumento uma verdadeira sala de visitas da cidade, espaço que está hoje completamente qualificado e já sem o ar de abandono em que o deixaram por tempos que pareceram intermináveis”, notou.
 
André Martins lembrou que a reabilitação deste “edifício emblemático, classificado como Monumento de Interesse Nacional, representa um investimento global próximo dos dez milhões de euros”, sendo mais de dois milhões relativos à terceira fase, um investimento cofinanciado pelo programa POR Lisboa 2020 que abre as portas “para novo capítulo na história do Museu de Setúbal”, instalado no convento.
 
“Este é um momento histórico verdadeiramente essencial, que simboliza a recuperação de um marco do nosso património, mas também a reafirmação de Setúbal como destino cultural de excelência”, referiu, notando que também foi feita uma “pormenorizada e qualificada musealização” de um espaço que passa a proporcionar “uma experiência completa e enriquecedora para todos os que visitam” o Museu de Setúbal.
 
O presidente da Câmara salientou que “Setúbal, cidade e concelho que se afirmam como uma das centralidades económicas e culturais mais importantes do país, vê, finalmente, dignificado aquele que é o seu mais importante monumento”, lembrando que a sua importância se deve à sua “qualidade arquitetónica”, ao seu “valor histórico” e ao “peso simbólico que tem para os setubalenses”.
 
André Martins lembrou que o convento foi hospital até 1959 e em 1961 foi transformado em Museu da Cidade, passando os seus claustros a ser um “verdadeiro centro cultural” após o 25 de Abril, sendo palco do Festival de Teatro de Setúbal, de festivais de cinema, de espetáculos musicais e de “uma diversidade de atividades culturais como a cidade nunca tinha visto” até então.
 
“Depois de encerrado em 1992 para impedir maior degradação, é facto que não houve, nos tempos seguintes, a exigível vontade e força para devolver o Convento de Jesus aos setubalenses. E aqui estamos hoje finalmente no fim de um longo processo de requalificação liderado pelo executivo CDU na Câmara Municipal de Setúbal”, afirmou.
 
O presidente da Câmara agradeceu aos vereadores, dirigentes e trabalhadores da Câmara Municipal envolvidos no projeto, às empresas que realizaram as obras, ao arquiteto João Luís Carrilho da Graça, autor do projeto da obra de recuperação e requalificação do Convento, e a Fernando António Baptista Pereira, pela conceção do projeto museográfico.
 
“Cada um de vós desempenhou um papel essencial para o sucesso deste projeto”, disse. “Hoje, o Museu de Setúbal reabre as suas portas mais completo, mais acessível e mais preparado para receber todos os que desejam conhecer a história da nossa cidade”.
 
Presidente da República envia mensagem
 
No início do discurso, o autarca agradeceu ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por “ter feito questão de gravar uma mensagem” em vídeo “sobre este dia tão importante para Setúbal” e “para o país”, reproduzida no ecrã gigante instalado nos claustros e na qual o Chefe de Estado lamentava não poder estar presente, mas prometia uma visita dentro de uma semana, em 8 de dezembro.
 
Marcelo Rebelo de Sousa destacou a “obra importante realizada pelo município de Setúbal naquilo que é um grande símbolo da vida da cidade, mas também de Portugal”, uma “peça única”, em termos arquitetónicos “do mais bonito e do mais diferente que se fez em Portugal”, construída no final do século XV e início do XVI que tem o estilo Manuelino, “diferente de todo o estilo europeu”, e “depois tem o Renascimento”.
 
O Presidente da República salientou ainda que no Convento de Jesus “se instalou o primeiro mosteiro da Santa Coleta”, tendo sido necessário obter “uma autorização papal” para “permitir às mulheres construírem um convento”, o primeiro das freiras Clarissas em Portugal.
 
Museu teve visitas guiadas
 
Seguiu-se uma visita guiada conduzida por Fernando António Baptista Pereira, na qual o responsável pela conceção do projeto museográfico explicou cada uma das várias salas do museu e as principais obras nele expostas, destacando o Retábulo da Igreja do Convento de Jesus de Setúbal e o Ecce Homo, um retrato de Cristo em têmpera sobre madeira do século XVI, como as Monas Lisas do Museu de Setúbal.
 
“Aqui dentro estão coisas que não há em mais lado nenhum. Aliás, na Europa não há mais nenhum retábulo montado desta maneira”, disse, numa alusão ao facto de estar exposto na sua totalidade, em três níveis, numa sala com um pé direito que abrange dois pisos.
 
Além de Carrilho da Graça e de Baptista Pereira, a cerimónia contou, entre outros, com a presença de vereadores na Câmara Municipal, presidentes de juntas de freguesia, do bispo de Setúbal, Cardeal D. Américo Aguiar, da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Teresa Almeida, do presidente da Museus e Monumentos de Portugal, Alexandre Pais, e com um representante da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.
 
A tarde contou com um acolhimento por parte do Ensemble de Violinos do Conservatório Regional de Setúbal, com 10 alunos, uma atuação do Duo de Violinos e Piano do Conservatório Regional de Setúbal e apresentações musicais da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi durante as visitas guiadas, com um Duo de violinos no primeiro andar e um Quarteto de guitarras na Sala do Capítulo.
 
A partir das 21h00, os Claustros do Convento de Jesus acolhem o concerto Cânticos do Retábulo-Mor, pela Companhia de Ópera de Setúbal, da Associação Setúbal Voz. O programa prossegue em 1 de dezembro, domingo, com visitas guiadas entre as 10h00 e as 17h00 e um concerto do Coral Luísa Todi na Igreja de Jesus, às 11h30.
 

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