Câmara defende SIMARSUL pública e ligada ao território

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Setúbal, 5 de dezembro (DICI) – O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, disse hoje que a SIMARSUL deve permanecer uma empresa pública e com forte ligação ao território, para enfrentar os desafios que o saneamento coloca à Península de Setúbal.
 
“Os desafios e oportunidades só poderão ser enfrentados com uma SIMARSUL pública, da região e profundamente ligada ao território, com capacidade de se relacionar com as atividades económicas, promovendo e incentivando práticas sustentáveis”, disse o autarca na oitava e última sessão do ciclo de conferências SIMARSUL “20 Anos a Tratar o Futuro”, que percorreu todos os oito municípios integrantes do sistema.
 
Esta afirmação resulta, como notou, da “aprendizagem” resultante do processo de privatização da EGF-AMARSUL, “com graves impactos na sustentabilidade da atividade de gestão de resíduos na região”, e do “processo que levou a que a SIMARSUL, por um breve interregno, tenha deixado de existir enquanto empresa do território”.
 
O presidente da Câmara recordou que então, “por artes mágicas” e “contra a vontade de 49 por cento do seu capital social”, a SIMARSUL “foi forçada a uma agregação que lhe retirou identidade”.
 
No auditório da Casa da Baía, em Setúbal, onde terminou o ciclo de conferências comemorativo do 20.º aniversário do serviço público de saneamento na região – esta dedicada ao tema “Economia Verde: Desafios e Oportunidades para o Território” –, André Martins sublinhou ainda que “a Câmara Municipal de Setúbal, acionista da SIMARSUL, não deixará de contar com este instrumento para a sua política ambiental”.
 
Neste capítulo, o autarca referiu o “potencial contributo” da SIMARSUL “para a adaptação e mitigação a fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes” e para a “valorização ambiental” das massas de água, em particular, do Estuário do Sado, “um imenso património natural que urge preservar”, como sublinhou.
 
Ao falar “na qualidade de ecologista” que preside a uma entidade que é em simultâneo “acionista e cliente da SIMARSUL”, manifestou o compromisso da Câmara de Setúbal “com a melhoria da qualidade de vida, a saúde pública e o ambiente, numa visão integrada que promove um modelo de desenvolvimento harmonioso entre as comunidades e a natureza”.
 
André Martins considerou que o desafio da conferência era “olhar para o território dos oito municípios que integram a SIMARSUL e compreender como, em parceria”, é possível “desenvolver novos projetos a partir da atividade principal de saneamento de águas residuais”.
 
Salientou que tem vindo a “acompanhar com muito interesse” os projetos que a SIMARSUL tem na área da Economia Verde, sublinhando que o município, enquanto “entidade com poderes de administração do território”, além de acionista e cliente, “afirma-se como parceiro” para a respetiva concretização.
 
“Câmara Municipal e Serviços Municipalizados de Setúbal não deixarão de acompanhar e incentivar a SIMARSUL no desenvolvimento da sua capacidade para fornecer água residual tratada, a chamada Água para Reutilização, designadamente para a indústria enquanto fonte alternativa à captação no aquífero”, salientou.
 
André Martins acrescentou que verifica “com entusiasmo” a “aposta na descarbonização da atividade da SIMARSUL”, ou em projetos como o que pretende “reduzir a dependência energética de fontes não renováveis” ou o “para a gestão e valorização das lamas” das estações de tratamento de águas residuais (ETAR), entre outros.
 
“A SIMARSUL enquanto empresa deste território, com uma identidade própria vinculada a objetivos de serviço público, é ela própria um instrumento do território para a valorização ambiental e a proteção das massas de água”, sublinhou. “Parabéns a todos os que fizeram ou fazem parte da história desta empresa. Parabéns aos trabalhadores da SIMARSUL, parabéns pelo nosso 20.º aniversário”, concluiu.
 
Catarina Oliveira, administradora da Águas de Portugal, grupo do qual a SIMARSUL – Saneamento da Península de Setúbal, S.A. faz parte, recordou o “investimento significativo” feito nos últimos 20 anos, que “permitiu aumentar a cobertura da população servida com tratamento das águas de uma forma bastante expressiva” e associar a empresa a “projetos emblemáticos” como a despoluição do Estuário do Tejo.
 
A mesma responsável salientou que “o futuro passa por continuar a responder aos desafios com ambição e responsabilidade”, dando como exemplo “a resposta às alterações climáticas”, área em que o tema da sessão realizada na Casa da Baía “se enquadra muito bem”.
 
A abrir as intervenções técnicas, José Sardinha, vice-presidente das Águas de Portugal, lembrou que “a Península de Setúbal tem grandes centros urbanos que se conciliam com grandes centros industriais”, da indústria automóvel, química e do papel à reparação naval, possuindo ainda “alguns dos principais portos de pesca do país”, bem como importantes atividades nas áreas da logística, agricultura e turismo.
 
“É um conjunto grande de atividades económicas que, no final do dia, se conjugam com os valores ambientais. Olhando o país do Minho ao Algarve, dificilmente encontramos um território que reúna tantas atividades. E todas elas precisam de água, todas elas precisam de sustentabilidade”, referiu.
 

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