Presidente da Câmara lamenta moção do PS sobre Estrada da Mitrena
Setúbal, 10 de janeiro (DICI) – O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, considerou hoje “profundamente lamentável” e um “aproveitamento político inqualificável” a moção sobre a Estrada da Mitrena apresentada pelo Partido Socialista na última reunião do executivo.
“Isto é profundamente lamentável, isto é um aproveitamento político inqualificável de quem nunca esteve preocupado, nunca fez nenhuma intervenção. Quando o Governo do Partido Socialista podia ter intervindo ao longo de tantos anos, os vereadores do Partido Socialista nunca abriram a boca sobre este ponto”, disse o autarca numa conferência de imprensa realizada na Sala de Sessões dos Paços do Concelho.
André Martins sublinhou que, quando “mudou o governo” e se entra “num ano eleitoral” para as autarquias, os vereadores socialistas apresentam “uma moção a reivindicar que a Câmara Municipal faça aquilo que não conseguiu fazer porque o Governo do Partido Socialista não disponibilizou as verbas, tal como se tinha comprometido” quando as empresas da Mitrena elaboraram um primeiro projeto para a requalificação da estrada.
“Não podemos deixar de ficar indignados com este tipo de maneira de estar na política e de fazer política como aconteceu, mais uma vez, por parte do Partido Socialista. E é por isso que tivemos de tomar esta iniciativa de convocar a comunicação social para transmitir esta indignação e (denunciar) a responsabilidade política de quem faz política desta forma”, afirmou.
No início do mandato de 2021 a Câmara Municipal foi informada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) de que havia dois milhões de euros disponíveis para a obra, mas como o seu valor seria superior a cinco milhões de euros, e tendo em conta a sua urgência, foi feita uma alteração ao projeto, reduzindo o valor da intervenção.
Para garantir a execução de uma obra pela qual lutava há década e meia, a Câmara Municipal contraiu um empréstimo bancário de 1,5 milhões de euros, tendo posteriormente conseguido junto do Governo o compromisso de financiamento de mais dois milhões de euros, que, segundo o autarca, ainda não foram recebidos por o procedimento burocrático ainda estar a decorrer.
A Estrada da Mitrena é o único acesso àquela zona industrial e, como referiu André Martins, “o Governo do Partido Socialista nunca foi sensível” à questão de se contruir uma via alternativa, tendo sido a Câmara Municipal que sempre a reivindicou.
O autarca salientou que este é um “assunto extremamente importante” para o município e para Portugal, porque “a península da Mitrena concentra uma capacidade industrial de extrema importância para o desenvolvimento económico” de Setúbal e do país.
“É lamentável que os sucessivos governos e os sucessivos responsáveis pela IP – Infraestruturas de Portugal nunca tenham assumido responsabilidades nesta matéria.
Quem esteve preocupado ao longo de mais de 15 anos sobre esta matéria foi a Câmara Municipal, o executivo da Câmara Municipal e as empresas”, disse.
O autarca salientou que, na reunião de Câmara, o Partido Socialista não apresentou “um conjunto de perguntas” para saber como estava a obra, mas “uma moção a reivindicar que a Câmara Municipal assumisse a responsabilidade de executar um projeto tal como o projeto inicial, sabendo que foram os governos do Partido Socialista que não viabilizaram o financiamento para que esse projeto pudesse ser implementado”.
Acrescentou que “foi a Câmara Municipal que assumiu a responsabilidade de, nas condições que tinha, fazer este investimento e realizar a obra” e lamentou que o Partido Socialista reivindique agora “que a Câmara Municipal construa uma estrada alternativa à estrada da Mitrena, porque aquela estrada não serve e é uma situação de risco”.
Por isso decidiu convocar uma conferência de imprensa para “informar as populações dos factos” e “clarificar tudo” sobre o processo da obra numa estrada “em que todos os dias circulam largas centenas de camiões TIR e milhares de carros de trabalhadores” de e para a Mitrena, zona que é responsável por “uma boa parte” do Produto Interno Bruto nacional e alberga a “maior empresa de produção de pasta de papel da Europa”.
André Martins lamentou “todos os impactos” que esta obra de “grande complexidade” teve na vida das empresas e das pessoas, mas adiantou que o que é considerado “fundamental neste momento está feito”, faltando executar as pinturas e colocar a sinalética vertical, o que lhe dizem que, “com bom tempo, em dez dias está feito”.
A obra, que teve início no final de 2023, foi adjudicada por cerca de 3,9 milhões de euros e neste momento, segundo indicou o presidente da Câmara, “com revisão de preços, andará na ordem dos 4,4 milhões de euros”.
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