Setúbal é o epicentro da ilustração até ao final do ano

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Setúbal, 5 de outubro (DICI) – O presidente da Câmara Municipal, André Martins, afirmou hoje que Setúbal é o epicentro da ilustração até ao final do ano, na inauguração da 10.ª Festa da Ilustração, que considerou uma referência no panorama cultural, a nível nacional e internacional.
 
O autarca disse que as exposições, workshops e encontros do programa da 10.ª edição da Festa da Ilustração reafirmam o compromisso da Câmara Municipal “com as artes visuais e com o reconhecimento do talento, tanto nacional como internacional”, e saudou a presença de Catarina Sobral, vencedora do Prémio Nacional de Ilustração 2024, e dos uruguaios Ca_Teter, Victoria González e Alejo Schettini, os convidados estrangeiros.
 
Sobre Catarina Sobral, sublinhou que o seu trabalho “tem vindo a deslumbrar tanto em Portugal como além-fronteiras” e disse ser “uma honra poder contar com a sua obra nesta edição”, a qual “enriquecerá ainda mais a programação” da edição deste ano” da Festa da Ilustração, integrada nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
 
A participação dos três ilustradores sul-americanos, premiados da Festa da Ilustração do Uruguai, “sublinha a relevância global da ilustração”, que notou ser “uma linguagem universal” que “permite comunicar, independentemente das fronteiras culturais e geográficas”.
 
André Martins, que também saudou o trabalho dos curadores José Teófilo Duarte e Jorge Silva, agradeceu a toda a equipa de trabalhadores da Câmara Municipal “que tem sido o pilar organizativo desta iniciativa, garantindo que o evento continua a crescer e a inspirar artistas e público”.
 
José Teófilo Duarte disse que “é sempre bom fazer coisas bonitas e inteligentes”, considerando que a ilustração “é grande arte porque tem atitude, tem opinião e intervém”, recordando que a Festa da Ilustração começou por ser uma homenagem aos assinados do jornal satírico francês Charlie Hebdo. “A ilustração é uma grande arte que nos faz descer à terra”.
 
Sobre Catarina Sobral salientou que se trata de “uma artista do mundo” que participa na festa com uma exposição com o título ‘Lapso’, patente na Galeria da Casa da Cultura. “Todos nós erramos, mas o importante é que saibamos corrigir”, referiu.
 
Relativamente a Ca_Teter, Victoria González e Alejo Schettini, respetivamente vencedor e segunda classificada do Prémio Nacional de Ilustração do Uruguai e vencedor do Prémio Animação, José Teófilo Duarte considerou que apresentam “uma grande exposição”, no Espaço João Paulo Cotrim, igualmente na Casa da Cultura.
 
Destacou ainda o facto de este ano a Ilustração Portuguesa, no Espaço A Gráfica, ser dedicada a José Afonso, que também tem “uma espécie de reedição” da exposição das capas dos seus discos no Museu de Setúbal, no Convento de Jesus, enquanto o veterano João Câmara Leme tem uma mostra na Galeria do 11 e o poeta Sebastião da Gama é homenageado pela sua faceta “menos conhecida” de pedagogo antifascista.
 
Catarina Sobral afirmou que o título da sua exposição, ‘Lapso’, tem “o duplo sentido de lapso temporal e de lapso enquanto engano” e disse que teve a intenção de mostrar a forma como nasce uma ilustração.
 
“A leitura da exposição não é linear, não conseguimos ver [o trabalho com] uma ilustração do início ao fim, mas podemos ver que uma ilustração tem um percurso com várias alterações, tanto na técnica como no vocabulário gráfico”, afirmou a ilustradora.
 
Ca_Teter apresenta um trabalho autobiográfico que vai de “recordações de infância noutro país”, nomeadamente “memórias de companheiros de infância na escola primária na Argentina”, a uma série de ilustrações sobre pugilistas, um tema de que o pai gostava.
 
“Todos os trabalhos não têm uma leitura linear, são aspetos do meu percurso na vida”, disse, enquanto Alejo Schettini agradeceu o convite e revelou que o seu trabalho de animação em exposição num ecrã é composto por curtas-metragens relacionadas com pássaros. “Todo o meu trabalho está relacionado com pássaros, não sei porquê. Noutra vida fui pássaro”.
 
Victoria González revelou que os três quadros que tem expostos resultam de um fanzine que fez em 2020 e considerou que “o espaço público é o espaço privilegiado para se fazer a revisão da história”.
 

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