“Foram as pessoas que com a sua coragem, sagacidade, estudo e conhecimento transformaram Ponta Delgada no que ela é hoje”

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No dia em que a cidade de Ponta Delgada assinalou o seu 473.º aniversário, o Presidente da Câmara Municipal centrou o seu discurso nas pessoas, que, com a sua “coragem, sagacidade, estudo e conhecimento” transformaram Ponta Delgada no que ela é hoje: “uma cidade muito bem-sucedida, tanto nos Açores, como no País”.

José Manuel Bolieiro, que falava no Salão Nobre, na cerimónia de entrega da Medalha de Mérito Municipal a cientistas, destacou a crescente afirmação de Ponta Delgada ao longo dos anos nos planos social, económico e cultural. “E não foi por razão geográfica ou facilitados recursos endógenos que Ponta Delgada cresceu e se distinguiu dos demais lugares. Foram as pessoas que com a sua coragem, sagacidade, estudo e conhecimento transformaram Ponta Delgada no que ela é hoje”, arguiu.

O edil lembrou que “foram tantas as personalidades que ao longo deste séculos, nascidas e situadas aqui, tiveram sempre espírito universalista e asas para voarem”, “para voarem para fora dos seus limites, trazendo novos horizontes de pensamento e desenvolvimento regional e nacional”.

O Município tem, anualmente, no dia do aniversário da cidade agraciado estas “pessoas especiais”.

Este ano, Ponta Delgada, “sede de ciência e de importantes estudos científicos”, distinguiu a ciência, atribuindo, “com tempo e a seu tempo”, a Medalha de Mérito Municipal aos seus cientistas Alexandre José Linhares Furtado, António Manuel de Frias Martins e Victor Hugo Forjaz.

“Personalidades de ciência que, à semelhança de outras que os precederam, do milénio passado, deram forte contributo ao prestígio de Ponta Delgada e das suas gentes, na investigação científica, na formação do conhecimento e na afirmação universal dos seus saberes”, sustentou o Presidente.

E, uma vez mais, Bolieiro enfatizou que “apesar da nossa geografia ser ultraperiférica, isolada, pequena e difusa, porque arquipelágica, soubemos criar espírito universal, indo fora, mesmo cá dentro, e mesmo sendo residuais, interpretando e recebendo inteiro o planeta e os seus saberes”.

A propósito, o autarca lembrou outras personalidades da ciência, naturais de Ponta Delgada, e distinguidas através da toponímia da cidade: Alfredo Bensaúde (mineralista), Álvaro Ataíde (quem mais angiografias realizou em Portugal), Armando Narciso (climatologia), Carlos Machado (fundador do museu com o seu nome), Francisco Afonso da Costa Chaves e Melo (meteorologia), Eugénio Pacheco (membro da Sociedade Francesa de Mineralogia), Francisco Pacheco de Castro (geologia. Construtor do túnel das Sete Cidades), José do Canto (autor de experiências definitivas sobre as culturas do ananás e do chá) e Manuel de Sousa d’Oliveira (introdução da arqueologia científica nos Açores).

Orgulhoso do que fomos e do que somos e confiante no que seremos, o Presidente Bolieiro entregou as Medalhas de Mérito Municipal ao Professor Doutor Linhares Furtado, representado na cerimónia pelo neto Filipe Furtado, pelo seu “legado científico e prático na medicina que honra-nos tanto”; ao Professor Doutor Frias Martins que prestigia Ponta Delgada, a Universidade dos Açores e os Açores com “a dimensão universal no conhecimento e investigação, no âmbito da biodiversidade”; e ao Professor  Doutor Victor Hugo Forjaz, sendo que “nós, autêntico laboratório de estudo local e universal, teríamos menos saber ao longo destes anos, tanto na Universidade dos Açores, como na ciência universal, sem o seu arreigado desejo de saber, como diria Aristóteles”.

A cerimónia contou com a intervenção de Conceição Tavares que também referiu que “Ponta Delgada cresceu fruto da vontade das suas gentes”, que souberam, muitas vezes, potenciar a sua condição geográfica.

Recorde-se que o título de cidade foi concedido por carta régia de D. João III, a 2 de abril de 1546. Justifica-se o título como reconhecimento do seu dinamismo e crescimento urbano.

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