A Casa do Cinema de Coimbra tem futuro com o apoio da CM Coimbra

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A Câmara Municipal de Coimbra anunciou no dia 11 de Maio de 2022, em conferência de imprensa, a compra  das duas salas de cinema do Edifício Avenida. Esta decisão surge na sequência do processo de leilão que decorria online na sequência da insolvência dos cinemas Millennium, que ameaçava a continuidade do projecto “Casa do Cinema de Coimbra”. Face ao interesse público do espaço e a “excelente centralidade e acessibilidade” das salas de cinema, o Município  de Coimbra negociou a aquisição das salas de cinema do piso 0, onde funciona a Casa do Cinema de Coimbra, e do 7.º piso onde funcionava o designado “Estúdio 1”.  Os Caminhos do Cinema Português olham para esta decisão do município como um grande voto de confiança no trabalho promovido ao longo da sua história e sobretudo como o grande instrumento de trabalho que faltava ao setor associativo da cidade que promove a cultura cinematográfica.

A Câmara Municipal (CM) de Coimbra vai comprar as duas salas de cinema do Edifício Avenida, tal como anunciou  o presidente da autarquia durante uma visita à Casa do Cinema de Coimbra, na presença das três associações responsáveis pela gestão e programação do espaço. O objetivo da autarquia é assegurar a continuidade da dinamização de atividades sócio-cinéfilo-culturais já existentes naquele edifício histórico, nomeadamente do Centro de Estudos Cinematográficos da AAC, da Caminhos do Cinema Português - Associação de Artes Cinematográficas e do Fila K Cineclube, o que eventualmente poderia ser colocado em causa com uma transação do imóvel para investidores privados.

A “Casa do Cinema de Coimbra” está a promover sessões na sala de cinema do piso 0 das Galerias. A aquisição da sala pelo Município visa “recuperar e manter uma oferta pública e erudita de Cinema em Coimbra, permitindo a reabilitação do conceito de cinema de bairro e de tertúlia cinéfila, que ainda existe na região de Coimbra, [este] é um desiderato importante considerando vários vetores das políticas culturais municipais e nacionais e da preservação de património cultural”, referiu o presidente da CM de Coimbra, José Manuel Silva.
José Manuel Silva sublinha ainda o importante papel do Centro de Estudos Cinematográficos da AAC, da Caminhos do Cinema Português - Associação de Artes Cinematográficas e do Fila K Cineclube, que têm permitido “criar na Região de Coimbra um ponto de encontro da cinefilia e dos seus promotores, contribuindo para a coesão regional e nacional na promoção da cultura cinematográfica, com a possibilidade de receber nas suas salas os vários agentes que trabalham na promoção e produção da sétima arte”. Nesse sentido, a intenção da autarquia é que a Casa do Cinema de Coimbra continue a funcionar naquele espaço.

“A gestão camarária deste espaço, como acontece com outras estruturas culturais locais destinadas a distintas artes performativas, permitirá encontrar, não só uma conciliação entre a oferta programática das eventuais associações residentes, mas também com os demais espaços de exibição da região, nomeadamente o Teatro Académico de Gil Vicente e o Auditório Salgado Zenha. Esta articulação poderá desenvolver na região uma promoção regular e concertada de cinema numa oferta de qualidade, bem como estimular o desenvolvimento de um cluster cinematográfico nas suas várias vertentes: exibição, exposição, formação e debate – tanto especializado, como entre públicos e criadores”, acrescenta o presidente da CM de Coimbra.

Os Caminhos do Cinema Portugues consideram que esta ação é um exemplo de preservação patrimonial que o resto do país deveria seguir, apostando-se na preservação dos cinemas de bairro. Este “É um escopo de património que é essencial para melhorar aquilo que é a coesão social e cultural, e promover outras formas de ver. E agora temos finalmente o equipamento, que nos permite estar de portas abertas para toda a cidade.”, avançou Tiago Santos. Consideramos que, muito mais do que uma mera aquisição, este é um voto de confiança naquilo que é o nosso trabalho.”  Para Paulo Fonseca, do Fila K Cineclube, este é o reconhecimento “por parte das entidades públicas, aquilo que estava em jogo, não só a sala icónica (…) que diz muito à cidade, mas também o trabalho incrível que [aqui] é feito”.  João R. Pais, do Centro de Estudos Cinematográficos, avançou que “é a primeira vez que estamos a sentir por parte do município o reconhecimento deste espaço como Casa, como espaço onde habitamos, de coração, e trabalhamos.” “Numa fase em que estamos a perder tanto (…) virem estas lufadas de ar fresco, principalmente para um meio de atividade tão precário, que luta sempre contra tantos ‘nãos’, temos de agradecer (…)”, concluiu.

A aquisição destes espaços para o erário municipal capacita o setor associativo local, conferindo-lhe, segundo Tiago Santos “um instrumento para trabalhar durante décadas e, efetivamente, ter uma promoção e formação de públicos muito mais intensa do que a que nos tem sido possível”.

A Casa do Cinema de Coimbra está atualmente equipada com um sistema de projeção digital de cinema, som Dolby Digital 7.1 e tem um ecrã  de sete metros. “Com estas características e valências, estas salas podem ser ainda um espaço de programação laboratorial em articulação com os estabelecimentos de ensino e universitários, promovendo ciclos temáticos com fins pedagógicos, igualmente enquadráveis na perspetiva estratégica da descentralização da Educação”, acrescenta José Manuel Silva.

A possibilidade de  a Casa do Cinema de Coimbra cessar a sua programação motivou o Município a avançar para a aquisição destes espaços. Doravante o município terá espaços adequados à exibição de cinema em igualdade de circunstâncias com outras práticas artísticas. Estas salas são sucessoras do histórico Cine-Teatro Avenida, que foi um dos primeiros recintos do país a receber o cinema como forma artística, sendo, durante muitas décadas, um dos principais ecrãs do país.

Os Caminhos do Cinema Português olham com optimismo para o futuro que se apresentou ontem com a possibilidade de retomar a formação técnica e teórica em instalações próprias, bem como descentralizar a produção de cinema com a oferta de serviços de consultoria e pós-produção de cinema.
Num momento de balanços, além dos bons resultados atingidos pelo colectivo associativo, queremos deixar também a nota de agradecimento pela forma como os condóminos das Galerias Avenida abraçaram este projecto.

Este é mais um grande momento para o Cinema, para Coimbra e para a Região Centro.

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