Cantos Sefardins e outros… Recital de canto e piano com André Baleiro, Ana Ferro e José Brandão > concerto comentado por Paulo Ferreira de Castro | 2 junho, domingo, 11h00, Pequeno Auditório
Programa
Fernando Lopes-Graça (1906-1994) Doze Cantos Sefardins
Maurice Ravel (1875-1937) Duas melodias hebraicas
Darius Milhaud (1892-1974) Dos Poemas judaicos, op.34
Maurice Ravel Dos Cantos populares
Leonard Bernstein (1918-1990) das Árias e Barcarolas*
Oif mayn Khas'neh No meu casamento (Yankev-Yitskhok Segal)
Robert Schumann (1810-1856)
Mein Herz ist schwer op.25, nº15 (A minha alma está pesada) (Lord Byron)
An den Mond op.95 nº2 (À Lua) (Lord Byron)
Hugo Wolf (1860-1903)
Sonne der Schlummerlosen (Sol dos que não dormem) (Lord Byron)
Keine gleicht von allen Schönen (Nenhuma das filhas de Vénus) (Lord Byron)
Ficha artística
Meio-soprano Ana Ferro
Barítono André Baleiro
Piano José Brandão
*Convidado / piano a 4 mãos Cândido Fernandes
Este programa ergue-se em torno das doze canções de inspiração sefardita compostas por Fernando Lopes-Graça entre 1969 e 1971, tendo por base uma coletânea de cantos que lhe teria sido dada a conhecer por Michel Giacometti. Não são claros os motivos pelos quais Lopes-Graça se interessou pela música de tradição judaica hispano-portuguesa, podendo apenas especular-se sobre o assunto. Só muito recentemente dadas em estreia, na sua versão para voz e piano — seis, de entre elas, foram orquestradas em 1971— permanecem, em grande medida, desconhecidas do público português. São, contudo, um notável conjunto de canções de cariz profano, evidência da mestria da escrita pianística do compositor. Outros, refletem nas suas opções pelos temas da música judaica, a sua própria herança cultural, casos de Darius Milhaud e de Leonard Bernstein, também neste programa, que termina com uma seleção dos cantos hebraicos de Lord Byron, escritos para o amigo e cantor judeu Isaac Nathan. Seguindo o modelo da poesia sacra, Byron demonstra nelas a sua empatia e solidariedade para com a causa judaica, de um povo disperso e apátrida, ele, que foi sempre um defensor das causas dos mais desvalidos.
Na reinvenção que faz dos textos bíblicos do Antigo Testamento, Byron não ilude uma certa transgressividade da norma, e a sensualidade travestida dos seus versos conseguiu, à época, suscetibilizar as sensibilidades mais religiosas.
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