CCB | Carta Branca a Pedro Carneiro #4 // Maratona: 24 horas de Música > 24 junho . sábado . das 10h00 às 06h00 . vários espaços do CCB

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Para encerrar esta Carta Branca, gostaria de abrir o CCB ao público para que celebrasse (e participasse) comigo numa maratona musical ao longo de quase 24 horas. Será uma oportunidade para sentir, ver e escutar o CCB por dentro, viajando pelos seus múltiplos espaços, arquitetónicos e acústicos, assistindo ao modo como a luz e o som incidem nos seus múltiplos espaços, desde as 10h da manhã de sábado, até ao nascer do sol de domingo. Do génio de Johann Sebastian Bach, ao sublime Miguel Azguime, da invenção de Carlo Gesualdo, à tenacidade de Morton Feldman, da energia transcendente de Iannis Xenakis à alegria da partilha comunitária de sons e espontaneidade que uma orquestra participativa proporciona.
Pedro Carneiro
 
PROGRAMAÇÃO
 

 Hora  Espaço  Título  Artistas
 10h00
 dur: 30m
 Caminho José   Saramago
 
 Grátis
 Alvorada
 Gaitas e Tambores
 Tiago Morais e Ricardo Brito (Associação Gaita   de-Foles),
 Pedro Carneiro e Grupo de Percussão da     Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP)
 11h00
 dur: 30m
 
 Praça CCB
 
 Grátis
 Meditação  Orquestra Participativa (dir. Pedro Carneiro)
 14h30
 dur: 2h
 
 5 espaços   exteriores e   interiores do CCB *
 
 Grátis
 Itinerários  Violino Sofia Ruivo
 Violino Beatriz Morais
 Viola João Abreu
 Violoncelo Henrique Constância
 Percussão João Carlos Pacheco
 Percussão Paulo Amendoeira
 Percussão Rafael Picamilho
 Percussão Tomás Moital
 Percussão João Braga Simões
 Flauta Rui Borges Maia
 Clarinete baixo Ana Maria Santos
 Toy piano Joana Gama
 17h00
 dur: 60m
 
 Foyer do Grande   Auditório (Piso 2)
 
 Grátis
 Madrigais
 de Carlo Gesualdo
 
 Voces Caelestes (dir. Sérgio Fontão)
 
 19h00
 dur: 50m
 Palco do Grande   Auditório
 
 5€ bilhete único
 Pléïades
 de Iannis Xenakis
 Grupo de Percussão da Orquestra de Câmara   Portuguesa (OCP)
 (dir. Henrique Constância)
 
 21h00
 dur: 60m
 
 Sala Luís de   Freitas Branco
 5€ bilhete único
 A Arte da Fuga   (excertos)
 de Johann Sebastian   Bach
 Quarteto de Cordas da Orquestra de Câmara   Portuguesa (OCP)
 23h00
 dur: 40m
 Black Box
 
 5€ bilhete único
 A Vida é Sempre   Preferível, ou o   monólogo do sal para   lhe completar a medida
 de Miguel Azguime
 (estreia absoluta)
 Composição musical e textual, voz, eletrónica em   tempo real Miguel Azguime
 
 1h00 (de   25 junho)
 dur: 5h
 Receção do   Módulo 1
 
 5€ bilhete único
 For Philip Guston
 de Morton Feldman
 Flauta Rui Borges Maia
 Piano Joana Gama
 Percussão Pedro Carneiro
 
 
     
 
 








































* Jardim das Oliveiras, Cubo da Praça CCB, Escada Espiral do Museu CCB, Jardim da Sala Luís de Freitas Branco, Foyer do Grande Auditório (Piso 1)
 
Alvorada
Gaitas e Tambores
Na tradição portuguesa, dá-se o nome de Alvorada ao anúncio musical que assinala o começo de um dia de festa. Ao romper da aurora, o músico percorre as ruas da localidade, parando aqui e ali para distribuir cumprimentos. Antigamente, esta tarefa ficava a cargo de um único músico, como por exemplo um gaiteiro ou um tamborileiro. Mas, entretanto, esses músicos foram sendo substituídos pelas bandas filarmónicas, pelas fanfarras, ou até mesmo pelo mais fugaz e banal dos seus sucedâneos, o rebentamento de foguetes. Para os gaiteiros, a Alvorada é considerada um género musical autónomo. Nalguns exemplares desse repertório o contorno da melodia procura reproduzir o movimento ascendente e descendente do Sol. Encetamos a nossa maratona musical no CCB com uma sequência de alvoradas, protagonizadas por Tiago Morais e Ricardo Brito da Associação Gaita-de-Foles e pelo Grupo de Percussão da Orquestra de Câmara Portuguesa.
 
Meditação
Orquestra Participativa
Meditação é uma partitura em texto, concebida por Pedro Carneiro, que vai buscar inspiração às peças inclusivas e de consciência cívica de Markus Stockhausen e às obras comunitárias de David Lang, mais especificamente à partitura crowd out, para 1000 pessoas aos gritos (2014). A estreia absoluta desta Meditação caberá a uma Orquestra Participativa, formada por todos os músicos e não músicos, profissionais e amadores, alunos e entusiastas, de todas as idades, que nela quiserem participar com os seus instrumentos e a sua voz. Juntos nesta orquestra democrática, espontânea, e também efémera, vamos fazer ressoar e vibrar em sintonia e harmonia a grandiosa Praça do CCB.
 
Itinerários
O CCB é um espaço público, da cidade, das pessoas, com múltiplos espaços exteriores, por vezes «devorados» pelo público em enérgicos frenesins de festivais, concertos e recitais. Os artistas, por seu turno, habitam também as suas salas de ensaio, palcos, bastidores, corredores. Nesta tarde teremos a oportunidade rara de ver e escutar o CCB por dentro e por fora, viajando, através da música e do movimento, pelos seus múltiplos recantos, arquitetónicos e acústicos, e assistindo ao modo como o som e a luz interagem em cada aresta: desde a explosão da percussão no Jardim das Oliveiras, a um solo insólito em cima do Cubo da Praça CCB, um solilóquio poético na Escada Espiral do Museu CCB, os 44 duos de Béla Bartók com uma dupla itinerante de violinos no Jardim da Sala Luís de Freitas Branco, passando pelo toy piano de Joana Gama no Foyer do Grande Auditório (piso 1). Uma imperdível viagem sonora e arquitetónica.
 
Madrigais
de Carlo Gesualdo
O extraordinário compositor italiano do século XVI, Carlo Gesualdo, ficou na história como um dos mais criativos e excêntricos compositores de todos os tempos, mas igualmente famoso pela vida atribulada e pelo duplo assassinato sangrento da sua primeira esposa e do seu amante. Nos seus livros de Madrigais, o Príncipe de Venosa (título pelo qual era conhecido) registou algumas das suas páginas mais inspiradas, explorando temas como o amor, a rejeição, a morte, a alegria e a angústia. Sob a direção do maestro Sérgio Fontão, as Voces Caelestes levam-nos numa visita guiada pelos contrastes imprevisíveis e surpreendentes destas partituras e pelas suas magistrais descrições das agonias e êxtases do amor. Um deleite para os ouvidos.
 
Pléïades
de Iannis Xenakis
Em 2022, celebrou-se o centenário do nascimento de Iannis Xenakis (1922-2001), o polímata grego: compositor, arquiteto, engenheiro e visionário. Dos seus interesses múltiplos e infinitos – passando pela matemática, astronomia, informática, inclui-se a música do Bali, tradição musical que visitou (juntamente com Takemitsu e outros artistas) em 1972 e que impulsionou a criação de Pléïades (1979), uma das mais belas e arrojadas obras deste gigante da música do século XX. Escrita para um sexteto de percussão, a obra evoca duplamente o aglomerado de estrelas azul quente da constelação de touro, assim como, da mitologia grega, as irmãs-ninfas filhas do titã Atlas e Pleione, a filha do oceano. É uma autêntica sinfonia para percussão em quatro andamentos, cujo gigantesco dispositivo inclui seis exemplares de um novo instrumento construído especificamente nas oficinas da OCP: o Sixxen (six: seis / xen: Xenakis), um novo metalofone gigante inspirado no gamelão da Indonésia. Pléïades é um tour de force imperdível, com o Grupo de Percussão da Orquestra de Câmara Portuguesa, dirigida pelo maestro Henrique Constância.
 
A Arte da Fuga (excertos)
de Johann Sebastian Bach
Considerada o pináculo do barroco musical e um dos mais importantes monumentos da história da música erudita, a Arte da Fuga é um ciclo de fugas e cânones desenvolvidos em torno de um único tema principal. O seu número e ordem permanecem controversos, bem como a sua exata instrumentação. Em cada uma das peças, o compositor alemão desenvolve com mestria inigualável uma técnica contrapontística específica, como se estivesse coligindo o Estado da Arte do contraponto. Há quem veja na Arte da Fuga a coroação de tudo o que se havia alcançado até à data na história da música erudita, e há quem considere esta partitura o testamento musical de J. S. Bach. Reverenciada tanto pela sua extraordinária beleza como pela sua complexidade matemática, a obra vai entrelaçando harmoniosa e intricadamente as suas múltiplas vozes, numa construção hipnótica que parece conduzir-nos a um clímax final, mas que é súbita e inesperadamente interrompida: a partitura não chegou a ser concluída pelo autor. É neste terreno fértil que o quarteto de cordas da Orquestra de Câmara Portuguesa (constituído na íntegra por jovens profissionais, alumni da Jovem Orquestra Portuguesa) se propõe percorrer os labirintos destas maravilhosas fugas e cânones.
 
A Vida é Sempre Preferível, ou o monólogo do sal para lhe completar a medida
de Miguel Azguime
Miguel Azguime (n. 1960) é uma figura ímpar da criação portuguesa: percussionista, compositor, poeta, dinamizador cultural. Detentor de uma poderosa voz e de uma presença cénica emblemática, esta será a primeira apresentação na nova versão do novo espetáculo de poesia sonora no qual o compositor, o poeta e o performer se voltam a reunir num só, a solo, para uma nova incursão pela palavra enquanto música, e pela música enquanto palavra. Work in progress à procura de um novo devir, é um regresso à palavra e às suas transformações eletrónicas, uma reflexão sobre o homem e o mundo, onde a vida é sempre o caminho e o lugar preferível. Um espetáculo absolutamente imperdível!
 
For Philip Guston
de Morton Feldman
Composta em 1984 por Morton Feldman (1926-1987), é uma das obras derradeiras deste músico norte-americano. Durante mais de quatro horas, um flautista, uma pianista e um percussionista tocam música intimista, no limiar do silêncio, levando o público a um extremo de concentração e a uma suspensão do tempo. O compositor Howard Skempton descreve esta música como «estar sentado na praia a ouvir o som das ondas - tão simplesmente». A sociedade talha o tempo em pedaços cruéis, que temos de preencher no nosso dia-a-dia. Por vezes cinco minutos são uma eternidade. Por vezes um dia inteiro desaparece num ápice. Quem sabe se, neste sábado à noite, o tempo irá voar veloz ou se a madrugada tardará a chegar. Seja como for, será, para todos os que pernoitam connosco, a partilha de uma experiência sonora e artística inolvidável. É a reta final desta maratona musical. E é desta forma que Rui Borges Maia (flauta), Joana Gama (piano e celesta) e Pedro Carneiro (vibrafone, marimba, glockenspiel e sinos) encerram também esta Carta Branca.
 
 
Direção musical, percussão, marimba Pedro Carneiro
Consultor artístico João Godinho
Tiago Morais e Ricardo Brito (Associação Gaita-de-Foles)
Orquestra Participativa
Quarteto de Cordas da Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP)
Violinos Sofia Ruivo, Beatriz Morais
Viola João Abreu
Violoncelo Henrique Constância
Grupo de Percussão da Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP)
João Carlos Pacheco
Rafael Picamilho
Tomás Moital
Paulo Amendoeira
João Braga Simões
Pedro Carneiro
Flauta Rui Borges Maia
Clarinete baixo Ana Maria Santos
Piano, celesta e toy piano Joana Gama
Ensemble vocal Voces Caelestes
Direção Sérgio Fontão
Direção musical Henrique Constância
Composição/voz Miguel Azguime

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