CICLO RICARDO JACINTO

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23 junho a 4 novembro em vários espaços do CCB

Ricardo Jacinto (Lisboa, 1975) desenvolve uma prática artística nas fronteiras entre géneros e tipologias. Com formação em arte, arquitetura e música, tem vindo a desenvolver projetos que, de uma forma quase informal, atravessam as artes visuais, a música e a utilização do som.

Após mais de duas décadas, chegou o momento de olhar para a diversidade da sua produção artística nas várias formas que pode e tem assumido. O ciclo que o Centro Cultural de Belém lhe dedica, atravessando duas temporadas, permitirá, a partir do seu trabalho performativo, tomar contacto com a amplitude e fluidez da sua produção no cruzamento das várias heranças e tradições disciplinares que permanentemente questiona.

Desta forma, o repto que foi lançado a Ricardo Jacinto, a solo ou nas formações que tem vindo a ativar, em concerto ou em instalações, permitirá rever (ou tomar conhecimento) com um dos percursos mais singulares e únicos nas fronteiras das práticas artísticas, estendendo-se, também, às práticas pedagógicas que desenvolve.
Delfim Sardo, Administrador
 
PROGRAMA

MEDUSA unit
31 março no Palco do Grande Auditório
 
Peça de Embalar: para violoncelo, eletrónica, percussão e iluminação
23 junho no Centro de Arquitetura/Garagem Sul
 
Atraso: para ensemble de instrumentos acústicos e altifalante pendular
23 setembro no Pequeno Auditório
 
O Rapto de Europa (#2): estruturas ressonantes, sistema de audio feedback e violoncelo
3 novembro na Black Box
 
Silêncio & Horizonte Acústico: Masterclass com Ricardo Jacinto
4 novembro na Black Box e deambulação pelo edifício do CCB
 
Peça de Embalar
23 junho no Centro de Arquitetura/Garagem Sul
 
Programa
Ricardo Jacinto (n. 1975) Peça de Embalar: para violoncelo, eletrónica, percussão e iluminação
 
Ficha artística
Violoncelo, eletrónica Ricardo Jacinto
Percussão e eletrónica Manuel Pinheiro
Desenho de luz Frederico Rompante
Especialização sonora Suse Ribeiro
Composição e direção artística Ricardo Jacinto
 
Peça de Embalar foi a primeira deriva entre performance musical e instalação que Ricardo Jacinto apresentou em público. Através de um conjunto alargado de iterações, realizadas entre 2001 e 2009 no âmbito do projeto coletivo PARQUE, esta peça é constituída por um dispositivo cenográfico-instrumental que é, ao mesmo tempo, um grande instrumento de percussão e um amplo espelho onde o público se pode ver refletido durante o espetáculo. Este dispositivo traz a figura da «plateia» para o centro da dramaturgia musical, explorando plasticamente a ideia de «distância entre performer e espectador» enquanto um território «deformado».
Depois de inúmeras apresentações e variações (CAPITALS-Encontros Acartes 2003 na Gulbenkian ou Culturgest 2008) a Peça de Embalar terá agora uma nova iteração onde o seu dispositivo base será reconfigurado e adaptado ao espaço da Garagem Sul/Centro de Arquitetura.
 
Atraso
23 setembro no Pequeno Auditório
 
Programa
Ricardo Jacinto (n. 1975) Atraso: para ensemble de instrumentos acústicos e altifalante pendular
 
Ficha artística
Voz e altifalante pendular Mariana Dionísio e Nazaré Silva
Violoncelo Ricardo Jacinto
Contrabaixo Gonçalo Almeida
Percussão Nuno Morão
Espacialização sonora Suse Ribeiro
Desenho de luz Frederico Rompante
Composição e direção artística Ricardo Jacinto
 
Atraso é o título de mais um dos dispositivos cenográfico-instrumentais que Ricardo Jacinto desenvolveu no âmbito do projeto PARQUE e que será agora revisitado numa adaptação ao palco do Pequeno Auditório do CCB. Centrado na performatividade cenográfica e sonora de um «altifalante pendular», esta é uma peça que convoca o ritual do balanço pendular para a definição do tempo e estrutura musical, focando a composição musical na relação entre o som direto dos instrumentos acústicos e a deformação sonora resultante de uma difusão eletroacústica em movimento. As distâncias e diferenças entre escultura, música e corpos performativos são nesta peça obliteradas e tudo concorre para a apresentação de um «ritual» de ativação do espaço que o recebe.
 
O Rapto de Europa (#2)
3 novembro na Black Box
 
Programa
Ricardo Jacinto (n. 1975) O Rapto de Europa (#2): estruturas ressonantes, sistema de áudio feedback e violoncelo
 
O Rapto de Europa (# 2) é uma peça que dá continuidade à colaboração entre Ricardo Jacinto e Arkadi Zaides, que se concretizou no desenvolvimento de um dispositivo cenográfico-instrumental evocando questões geopolíticas através de um foco no conceito de «fronteira». O Rapto de Europa (#2) é uma performance e instalação sonora composta por dois corpos escultóricos liminais que reproduzem no seu desenho parte do contorno das costas grega e turca, onde a travessia do mediterrâneo por refugiados em embarcações precárias foi mais intensa e devastadora.
O título do projeto faz também alusão a uma das narrativas mitológicas envolvendo a deusa Europa, que neste caso foi violenta e enganosamente raptada por Zeus, na forma de um touro branco, da costa da Fenícia e trazida para a ilha de Creta. Partindo de um gesto performativo que articula os movimentos migratórios contemporâneos e esta travessia mitológica, o dispositivo será ativada pelo artista através de uma performance, na qual uma série de ressonâncias gritantes de feedback resultarão do contato manipulado entre as duas estruturas.
Uma primeira iteração desta instalação-performance foi apresentada em diálogo direto com a obra INFINI #1, uma vídeo-instalação dirigida pelo coreógrafo e artista visual Arkadi Zaides.
 
Mais info: https://www.medodofuturo.cubiculo.phenomena.pt/
 
Silêncio & Horizonte Acústico
Masterclass com Ricardo Jacinto
4 novembro na Black Box e deambulação pelo edifício do CCB
 
Sendo o horizonte acústico definido pela «maior distância, em cada direção, até à qual os sons podem ser ouvidos», podemos sugerir que só além desse limite percetivo existe silêncio, e que este é imaginado. O silêncio torna-se assim um exercício especulativo e apresenta-se como o horizonte do som. Como podemos explorar criativamente este horizonte?
Iniciando com uma apresentação do conceito de horizonte acústico e da atenção à «distância» enquanto um dos instrumentos principais na performance do espaço através do som, o grupo de participantes recorrerá a sistemas de gravação portátil para mapeamento das paisagens sonoras em diferentes locais do edifício, bem como das ressonâncias internas de estruturas ou objetos encontrados nos seus trajetos. A partir deste exercício de relação entre uma absoluta proximidade ou afastamento paisagístico aos corpos vibratórios iremos especular sobre o «silêncio» das coisas animadas.
 
Ricardo Jacinto
Violoncelista, artista plástico e compositor focando a sua atividade artística e musical na relação entre som e espaço, ancorada numa pesquisa transdisciplinar entre Música, Arquitetura e Escultura. Desde 1998 apresentou o seu trabalho artístico em exposições, concertos e performances em Portugal e no estrangeiro e colaborou extensivamente com outros artistas, músicos, arquitetos e intérpretes. Formou-se em Arquitetura (FAUTL) e Escultura (AR.CO) e é doutorado em Música e Artes Sonoras no Sonic Arts Research Center da Queen´s University Belfast. Foi aluno na School of Visual Arts em Nova Iorque e artista residente na Cité International des Arts em Paris. É membro fundador e diretor artístico do OSSO Colectivo: plataforma de criação e programação no âmbito dos cruzamentos disciplinares.

Apresentou o seu trabalho de instalação intermedia em exposições individuais e coletivas em locais como: Centro Cultural de Belém (Lisboa), Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Círculo de Belas Artes (Madrid), MUDAM (Luxemburgo), Centro Cultural Gulbenkian (Paris), Manifesta 08_Bienal Europeia de Arte Contemporânea (Itália), Frac Loraine (Metz), OK CENTRE (Linz, Áustria), Culturgest (Lisboa e Porto) e Casa da Música (Porto). Em conjunto com o Arquiteto Pancho Guedes foi representante oficial de Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza 2006. Na Culturgest (Lisboa e Porto) apresentou em 2008 uma extensa revisão dos seus trabalhos de instalação e performance desde 1998. O seu trabalho artístico está representado em várias coleções de arte: Fundação de Serralves, Caixa Geral de Depósitos, Fundação Leal Rios, Fundação PLMJ, Coleção António Cachola e Fundação EDP. Entre 2006 e 2017 foi representado pela Agência de Arte Vera Cortês.

Como violoncelista tem sido ativo no campo da música improvisada e eletroacústica em diversas formações e com diferentes músicos: Jean Luc-Guionnet, Nuno Torres, Pascal Niggenkemper, Angelica Salvi, João Pais Filipe, Rodrigo Pinheiro, David Maranha, Norberto Lobo, Ernesto Rodrigues, Luís Lopes, Pedro Rebelo, C Spencer Yeh, Diogo Alvim, Shiori Usui, Manuel Mota, Simon Rose, Adriana Sá, Gustavo Costa, Helena Espvall, Miguel Carvalhais, entre muitos outros. Já se apresentou em concerto em diferentes locais em Portugal e no estrangeiro: Fundação de Serralves (Porto), Palais de Tokyo (Paris), Festival VERBO (São Paulo), Festival Temps d'Images (Lisboa), Festival Rescaldo (Lisboa), Festival Big Bang (CCB, Lisboa), Culturgest (Porto e Lisboa), Galeria Zé dos Bois (Lisboa), DanceBase (Edimburgo), Ausland (Berlim), Kabinett 0047 (Oslo), Stadtgarten (Colónia), Ferme du Buisson (Paris), Teatro Maria Matos (Lisboa), Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa/Paris) ou Festival ENSEMS (Valência). Atualmente é membro do quarteto de cordas Beat the Odds (dir. Pascal Niggenkemper c/ Elisabeth Codoux e Felicie Bazelaire), do trio Harmonies (c/ Joana Gama e Luis Fernandes), do trio The Selva (c/ Gonçalo Almeida e Nuno Morão), do quarteto de Norberto Lobo (c/ Marco Franco e Yaw Tembe), do Ensemble Lisbon Freedom Unit (c/ Luis Lopes, Rodrigo Amado, Pedro Lopes, Gabriel Ferrandini, Bruno Parrinha, Hernani Faustino e Rodrigo Pinheiro) e do duo CACTO (c/ Nuno Torres). Depois de dirigir o coletivo PARQUE entre 2001 e 2013, com apresentação de exposições e concertos nos principais centros de arte contemporânea portugueses (CAM Gulbenkian, Culturgest ou CIAJG), desde 2014 tem apresentado o seu projeto a solo MEDUSA (concerto-instalação para violoncelo, eletrónica e objetos ressonantes) em Portugal e Europa: Lisboa, Porto, Guimarães, Cáceres, Belfast, Cork, Dublin, Odense ou Paris.

A sua discografia está editada pela Clean Feed, Shhpuma e Creative Sources, incluindo também várias colaborações em discos de @C, Phonopticon (Sonoscopia) ou Variable Geometry Orchestra (dir. Ernesto Rodrigues). Tem colaborado também em projetos de Dança e Performance como compositor/improvisador ou cenógrafo: Marlene Monteiro Freitas, Beatriz Cantinho, Cão Solteiro ou Marino Formenti.

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