Historiadores
primeiro percebemos que os resultados da disciplina de História no secundário estavam a piorar.
depois quisemos perceber porquê.
depois perguntámo-nos porque é que um historiador se torna historiador.
e assim nasceu este espectáculo.
Teatro do Vestido
CCB . 13 a 17 novembro . Black Box
Quarta a Sexta às 10h30 (Escolas) / Sábado às 19h00 e Domingo às 17h00
80 min. + 30 min. de conversa /M/12, 3.º ciclo e ensino secundário
Acessibilidade: Sessão de 15 de novembro com interpretação em Língua Gestual Portuguesa
Ficha artística
Texto e direção Joana Craveiro
Interpretação Estêvão Antunes, Inês Rosado, Tânia Guerreiro, Tozé Cunha
Espaço sonoro Francisco Madureira
Cenografia Carla Martínez
Figurinos Tânia Guerreiro
Iluminação João Cachulo
Operação Vídeo José Torrado
Assistência Henrique Antunes
Direção de produção Alaíde Costa
Produção Teatro do Vestido
Coprodução Centro Cultural de Belém/Fábrica das Artes
No final no século XX, o historiador Eric Hobsbawm escrevia sobre «os jovens homens e mulheres [que cresciam] numa espécie de presente permanente, sem relação com o passado (...)»[1]. À medida que o século XXI avança, inquietantes notícias dão conta de resultados cada vez piores na disciplina de História num país como Portugal, onde a disciplina de História nos poderia oferecer importantes lições para o hoje, para o aqui. O interesse pelo passado perdeu-se, talvez porque não seja clara a sua relação com o presente.
Entretanto, a História tende a repetir-se, acordando fantasmas do passado. Mas nem assim os mais velhos a conseguem explicar aos mais jovens. «Não estavas lá», «Não viveste», «Não consegues imaginar», «Não sabes», «Não percebes» — com estas frases se arruma de vez a curiosidade dos mais jovens e a esperança de que venham a interessar-se por esse tal passado. Este espectáculo do Teatro do Vestido é também sobre isso: sobre o desinteresse, as lacunas, as omissões, sobre investigações, sobre repreensões, sobre, enfim, o gosto ou o desgosto da disciplina de História e daqueles que a escrevem e a ensinam.
Quem são estas mulheres e estes homens que decidiram dedicar-se à escrita da história para que o futuro possa recordar e aprender com um passado que não viveu diretamente? Que ambiente se vive numa aula de História do ensino secundário em Portugal? Quantos braços se levantam quando a professora faz uma pergunta? E que História é essa que se conta nos manuais? Um programa de história é um retrato político do presente de um país e daquilo que se quer inscrever para o futuro.
Num mundo em que o passado é um país estrangeiro[2] e o futuro fica ainda demasiado longe, Historiadores navega da forma única (política, poética e documental) do Teatro do Vestido um mar de inquietações, perguntas e pistas para o que aí vem.
Instalação
O passado em exposição
Artefactos do acervo documental do Teatro do Vestido
CCB . 13 a 30 novembro . Espaço Fábrica das Artes
Quarta a Domingo, 10h00 às 13h00 e 14h30 às 17h30
[1] Eric Hobsbawm, The Age of Extremes, Nova Iorque, Vintage Books, 1996.
[2] frase de L. P. Hartley em The Go Between, 1953. “The past is a foreign country; they do things differently there.”
Uma coleção de objetos — documentos, fotografias, registos de imprensa, cartas — que acompanham o espetáculo Historiadores.
Porque a memória se materializa também em registos que perduram no tempo; porque a cada memória se associam muitas vezes imagens, objetos; porque a preservação da memória passa por guardar, preservar e expor estes acervos documentais.
VISITAS ORIENTADAS:
Visitas performativas à exposição pela equipa do Teatro do Vestido
16 e 17 de novembro . sábado às 17h30 . domingo às 15h30 . Espaço da Fábrica das Artes
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