Semana dedicada a Saramago no CCB

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CEGUEIRA – A mulher que consegue ver
Drumming GP, Arturo Fuentes e Raquel Camarinha
 
CCB . 16 Abril . domingo . 17h00 . Pequeno Auditório

Composição, direção cénica e libreto, baseado no livro Ensaio sobre a Cegueira (1995) de José Saramago (1922-2010) Arturo Fuentes
Soprano/performer Raquel Camarinha
Direção musical Miquel Bernat
Música Drumming Grupo de Percussão
Desenho de som Suse Ribeiro
Direção musical Miquel Bernat
Produção ARTWAY- Vanessa Pires e Patrícia Silveira
Editado por LondonHall Editions, Áustria
Criado por Arturo Fuentes
Produção ARTWAY – Vanessa Pires e Patrícia Silveira

A mulher que consegue ver, obra baseada no livro Ensaio sobre a Cegueira, publicado em 1995, reúne dois acontecimentos que marcam o nosso tempo. Este novo teatro musical dirigido por Fuentes é, deliberadamente, uma reflexão sobre a pandemia Covid 19 e, ainda mais importante que esta difícil situação mundial, foi a comemoração em 2022 dos 100 anos do nascimento de José Saramago, Prémio Nobel de Literatura de 1998. Um escritor que consegue expor o peso da existência humana, quando há falta de novas formas de pensar — um crítico para melhorar o mundo e as sociedades em que vivemos.
 
A DRAMATURGIA
Desde o primeiro momento, o público é levado ao confinamento da mulher que pode ver. Fuentes cria um teatro musical angustiante no qual as capacidades psicológicas da personagem principal são centrais para a narrativa da peça. Entramos no mundo da mulher, vemos com os seus olhos a escuridão do confinamento e também o mar de leite, como a cegueira branca que Saramago descreve. Na mulher, o medo e a esperança misturam-se, mas também a dúvida e a determinação. É forte e fraca. Identificamo-nos com ela porque define a condição humana, entre a contradição e o paradoxo.

Apesar de poder ver, ela decide ficar com o homem que ama, sofrendo as consequências do confinamento com ele. O final que Fuentes traz à obra é diferente do livro de Saramago e, como um presságio anunciado desde o início, a mulher que vê fica cega no final da obra. Com esse fim trágico, Fuentes lança uma crítica e reflexão: precisamos de aguçar a nossa visão, aguçar nossa sensibilidade e poder «ver» no sentido mais místico, filosófico e humano.

CEGUEIRA — A mulher que consegue ver é uma obra sombria que ilumina certas questões. «Somos cegos que, vendo, não vemos», diz Saramago. Pretendemos não ver a nossa realidade para tornar a nossa existência mais leve? Fuentes levanta a questão em cena.

O Silêncio de Saramago
Catarina Câmara
 
CCB . 19 a 23 Abril . Quinta-feira a Sábado . Black Box
Escolas: de 19 a 21 às 11h00 e às 14h00 e Famílias: dia 22 às 15h00 e dia 23 às 11h00

Criação e interpretação Catarina Câmara
Texto e apoio à dramaturgia Afonso Cruz
Cenografia Wilson Mestre Galvão
Desenho de luz Cristóvão Cunha
Música original Gonçalo Alegre
Produção Play False | associação cultural

Os livros de José Saramago possuem a marca de nascença dos textos nómadas, itinerantes, que transcendem a sua própria história para se encontrarem na história de quem os lê e volta a contar.
E quem conta um conto, acrescenta um mundo.

A partir de dois contos do autor, A Maior Flor do Mundo e O Silêncio da Água, escritos para crianças de todas as idades, vamos explorar as noções de fronteira, o prazer e o medo, as convenções espaciais e morais, a experiência estética como bússola ética que nos guia através dos sentidos e da imaginação.

Este é um espetáculo sobre a pessoa-criança e o seu desejo de outorgar sentido ao mundo, através do mundo, gestando mundo, num entrosamento profundo e comprometido com o poder da errância.
 «Vou ou não vou?» é a pergunta que emerge do silêncio.

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