Toy Ensemble: Trilogia das Barcas de Gil Vicente
4 março | Sexta-feira | 19h00 | Sala Luís de Freitas Branco
Programa:
Autos das Barcas de Gil Vicente
Compositor Fernando Lapa
Atrizes Ângela Marques, Filomena Gigante
Toy Ensemble
Clarinete Tiago Bento
Violoncelo Jed Barahal
Piano Christina Margotto
Viola e violino David Lloyd
Voz e percussão Magna Ferreira
O grupo Toy Ensemble regressa ao CCB com a Trilogia das Barcas de Gil Vicente, espetáculo musico-teatral que resulta de uma encomenda para o festival Dias da Música em Belém. Os textos de Gil Vicente foram adaptados por Sara Barros Leitão e Fernando Lapa, tendo este último composto a música original interpretada pelo Toy Ensemble. Com a participação das atrizes Ângela Marques e Filomena Gigante.
Na perspectiva que propomos, os autos que compõem a Trilogia das Barcas de Gil Vicente são espectáculos musico-teatrais desenhados em formato de câmara, encomendados para a edição de 2018 do festival Dias da Música em Belém, no Centro Cultural de Belém. Nas suas três obras distintas – Auto do Inferno, Auto do Purgatório e Auto da Glória – dois actores e cinco músicos partilham entre si tudo o que é apresentado no palco, saindo por vezes da sua própria esfera, trocando de papéis e funções.
A música não ocupa apenas o espaço de comentário entre cenas, ou de ressonância de algum momento particular. Pretende acompanhar verdadeiramente toda a cena, mantendo-se insistentemente por detrás das vozes faladas, alargando a expressão ao canto individual ou em coro, ou substituindo enfaticamente a caracterização expressiva de algumas personagens.
Para o novo formato que agora desenhamos, mais do que criar um espectáculo único a partir destes três autos de Gil Vicente, articulamos algumas cenas principais, de modo a recriar mais sinteticamente o ambiente e o espírito de cada um dos autos originais, procurando manter a linha caracterizadora que tinha sido adoptada aquando da criação anterior.
Desta forma, foram retomadas algumas ideias condutoras: o carácter polifacetado, ágil e contrastante, que transparece da generalidade das cenas do Auto da Barca do Inferno; um exercício sobre a passagem do tempo – tempo de espera, de paciência, de esperança – interiorizado e emocionalmente intenso, que lemos no Auto da Barca do Purgatório; e a construção hierarquizada e progressiva, qual cerimonial da corte e da catedral, que marca todo o Auto da Barca da Glória.
A visão global, incarnada por tantas figuras tão magistralmente caracterizadas por Gil Vicente, expressa-se agora num largo espectro, que vai desde o ambiente escuro do inferno e da condenação, aos lampejos das harmonias da glória, que viajaram do Auto do Purgatório.
Fernando C. Lapa
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico
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