Arquiteto Sérgio Rebelo vence o Prémio de Arquitetura do Douro 2024
Menções honrosas foram atribuídas aos arquitetos Francisco Vieira de Campos e Carlos Castanheira
A CCDR-NORTE distinguiu, este sábado, dia 14 de dezembro, o Arquiteto Sérgio Rebelo autor da obra da Adega da Quinta de Adorigo com o Prémio de Arquitetura do Douro 2024.
A entrega do prémio decorreu na cerimónia de encerramento das comemorações do 23.º aniversário da inscrição do Alto Douro Vinhateiro na lista de Património Mundial da UNESCO, que se realizou no Museu de Memória Rural em Vilarinho da Castanheira – Carrazeda de Ansiães.
Na cerimónia, António Cunha, presidente da CCDR NORTE afirmou que “o Douro tem desafios importantes para continuar a manter a paisagem evolutiva e viva.”
Sobre o prémio, o responsável referiu que o galardão “é também revelador daquilo que é o Douro, um espaço muito diverso, que vive ventos de mudança, com projetos de excelência que estão a mudar a região de um modo qualitativamente muito forte e esse é o caminho.”
António Cunha acrescentou ainda que “o Douro é um local que é visitado pela sua natureza prodigiosa, pela qualidade dos seus vinhos e dos seus produtos, mas cada vez mais pelo seu magnifico repositório de peças de arquitetura que este prémio tem ajudado a estimular e a revelar”.
O projeto do equipamento de apoio à produção vitivinícola da Quinta de Adorigo, comumente designada Quinta de Santo António, localizada em Tabuaço, constitui para o júri uma obra de arquitetura que honra de forma notável a excelência da paisagem do Douro Vinhateiro, «indissociável do sítio e do lugar».
A leitura sábia interpretativa, da geografia e da estrutura da paisagem, é homenageada nas formas curvilíneas horizontais da adega e na estrutura dos espaços interiores. Os tradicionais telhados de duas águas em estrutura de madeira das adegas vernaculares da região do Alto Douro Vinhateiro, surgem evidentes «na geometria da cobertura da adega, moldada pelas linhas sinuosas, contínuas, orgânicas, dos patamares e socalcos da paisagem, resultando numa notável obra contemporânea».
Na obra do Atelier de Sérgio Rebelo é ainda considerada notável a escolha e utilização dos materiais, com a preferência dos materiais dos edifícios da cultura do vinho, como a pedra, madeira e cimento, bem como os sistemas adotados para a sustentabilidade energética do edifício.
A atribuição das menções honrosas permitiu inscrever outros dois nomes na intervenção arquitetónica contemporânea do Alto Douro Vinhateiro. O projeto da autoria de Francisco Vieira de Campos para a reabilitação da Adega e Lagares da Quinta do Crasto, em Sabrosa, e a obra de Carlos Castanheira na construção do Alojamento Turístico da Quinta da Faísca, em Alijó.
Da primeira emerge o que o júri considerou ser uma notável atitude de intervenção de contexto e continuidade que conduziu o projeto e a obra de reabilitação do exemplar edifício existente, sendo uma distinção advinda do mérito da intervenção no interior. O júri unanimemente considerou tratar-se de uma obra de reabilitação notável, que honra o património da Quinta do Crasto fundada em 1615, como se «de uma obra fina de relojoaria se tratasse».
O projeto do arquiteto Carlos Castanheira para o Alojamento Turístico na Quinta da Faísca é descrito como uma obra de arquitetura que nasce do posicionamento sábio do autor, da interpretação do apelo do sítio, desde a escolha da localização, à dramática implantação e volumetria e espacialidade notáveis. De acordo com o júri consiste numa obra criativa de espacialidade e materialidade com a «gravidade» que o sítio exige, onde tudo surge «primorosamente executado, num profissionalismo notável honrando os materiais naturais como a madeira a pedra» historicamente utilizados no Douro Vinhateiro.
Lançado em 2006, o Prémio de Arquitetura do Douro tem como objetivo, divulgar e promover a excelência da arquitetura no Alto Douro Vinhateiro Património Mundial; divulgar e promover as boas práticas no exercício da arquitetura e da construção, conservação e reabilitação de edifícios, em contexto patrimonial, bem como intervenções de redesenho urbano no espaço público.
A cerimónia ficou ainda marcada pela assinatura de um protocolo entre CCDR NORTE e o Município de Carrazeda de Ansiães tendo em vista a valorização da tradição artesanal e oficinal da tanoaria, enquanto Património Cultural Imaterial do Douro, no contexto do desenvolvimento e dinamização do Museu da Memória Rural, localizado no concelho de Carrazeda de Ansiães.
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