Brinde ao futuro dos vinhos da Beira Interior

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“Como serão os vinhos em 2050? – os vinhos de guarda da Guarda” foi a pergunta que deu o mote à conferência que assinalou o quarto aniversário da Cápsula do Tempo Guarda 2050, no último sábado. A resposta veio dos especialistas António Mendes Nunes, jornalista e crítico de vinhos, e João Carvalho, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI): os vinhos da região são de grande qualidade, com personalidade única e têm tudo para rumar a 2050 com grande sucesso.
 
A Cápsula do Tempo Guarda 2050 assinala anualmente o seu aniversário no dia 1 de Julho com algumas iniciativas, entre elas uma conferência que promove o debate e a reflexão sobre a região. O tema dos vinhos, um dos produtos de qualidade com peso económico na região, foi este ano escolhido pelos parceiros, Clube Escape Livre, Rádio Altitude e Instituto Politécnico da Guarda.
 
António Mendes Nunes admite algumas alterações no sector dos vinhos da Beira Interior: “uma delas, o aumento ainda maior da qualidade dos vinhos. A segunda é mais mulheres na fileira do vinho. Mais enólogas, mais directoras do marketing, mais viticólogas, mais notoriedade internacional”. Com as alterações climatéricas a decorrer, o especialista considera que “vai haver em 2050 mais vinhas plantadas a norte do que existem actualmente. Também é natural que a maneira como é cultivada a vinha sofra algumas alterações, com novas tecnologias e novas máquinas. Também não sei se vamos continuar com a maioria do vinho a ser engarrafado em vidro. É caro e é pesado. É natural que em Portugal se comece a engarrafar vinho em bag in box”.
 
João Carvalho, por sua vez, destacou a abertura, para breve, da nova sede da CVRBI na cidade da Guarda, uma alavanca promocional dos vinhos da Beira Interior numa cidade central que, por não produzir, se torna mais imparcial. No entanto, o panorama poderá mudar: “Em 2050 é natural que o concelho da Guarda já esteja a produzir muito vinho. Temos o aumento global da temperatura e a tendência é a produção dos vinhos em regiões mais quentes que criam vinhos mais docinhos, mas há quem prefira vinhos mais adstringentes, pelo que as regiões mais frias podem tornar-se grandes produtores de vinho a médio prazo.” O responsável salientou a qualidade e a personalidade única dos vinhos da Beira Interior, devidas à grande amplitude térmica e altitude, e a relevância do seu engarrafamento: “O objectivo que a Beira Interior tem que ter é engarrafar pelo menos 90 por cento dos vinhos que produz. Quando chegar a isso, será a maior actividade económica da região.”
 
O programa teve início na Encosta do Tempo, junto à Torre de Menagem, onde o autarca da Guarda, Álvaro Amaro, cinzelou a pedra do ano 2017 no Passeio do Tempo, tendo referido: “Vejam a ambição que temos hoje na Guarda: ter um evento para 2050. Isto deve-se muito ao Clube Escape livre, à Rádio Altitude, ao Instituto Politécnico da Guarda e a muitas instituições e empresários porque cada um à sua maneira dá o seu contributo para o desenvolvimento”. Na Encosta do Tempo, com a ajuda das entidades presentes, foi igualmente plantada a árvore deste ano, um ácer (acer platanoides). Coincidindo com a realização, neste fim-de-semana, do Rali Bridgestone First Stop, o programa contou, em vários momentos, com a presença dos participantes do rali, vindos de norte a sul do país.
 
Como habitualmente, foi lançada mais uma chávena de café da colecção Cápsula do Tempo, da autoria de António Saraiva. Este ano, a peça Spal destaca as viagens, as aventuras do Escape Livre e a placa sinalizadora que aponta para a Encosta do Tempo e para 2050.

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