Isaki Lacuesta em exposição na Solar

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Isaki Lacuesta em exposição na Solar
 
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Com inauguração a dia 3 de outubro, pelas 16h, a Solar – Galeria de Arte Cinemática expõe uma seleção de trabalhos de Isaki Lacuesta, também realizador em foco na edição 2020 do Curtas de Vila do Conde. O conjunto de peças em exposição realça a diversidade da obra do artista e cineasta catalão, incluindo algumas inéditas, ainda em produção durante o período de preparação da exposição.
 
De terça, dia 6, a sexta, 9 de outubro, haverá também a apresentação dos filmes com a presença do realizador e artista, no Teatro Municipal, tal como um debate dia 9, às 16h30min, e uma visita guiada na Solar, quinta dia 8, às 16h. 
 
Na Solar – Galeria de Arte Cinemática, o percurso expositivo estabelecerá relações diferenciadas entre as obras selecionadas, partindo das primeiras curtas-metragens, que aqui encontram um espaço de contacto mais intimista com o público, passando por um projeto de projeção multicanal, pensado especificamente para o espaço de galeria, e culminando nas obras mais recentes do autor, onde a interseção com a música se torna dominante. 
 
Isaki Lacuesta trabalha muitas vezes em parceria com Isa Campo e em conjunto com diversos artistas de áreas distintas, que emprestam às suas obras um caráter propositadamente ambíguo, assumindo a metamorfose do processo criativo como um processo em si, chamando à equipa de rodagem – e tomando como exemplo as produções mais recentes – uma realizadora de cinema experimental como Adriana Vila Guevara, mas também a cantora Silvia Pérez Cruz, a bailarina e coreógrafa Rocío Molina ou a atriz Alba Flores. Realce, também por isso, para as peças inéditas, recém-concluídas e cuja rodagem foi realizada durante a preparação para montagem da exposição, culminando o seu percurso. 
 
Isaki Lacuesta é um artista e cineasta ainda jovem mas já com uma obra considerável, tanto no campo do cinema, com filmes que granjearam vários prémios importantes, como no das artes-plásticas, com um currículo de exposições nalguns dos mais importantes centros de arte contemporânea, multifacetado, prolífero, cuja obra se vai desenvolvendo segundo a metamorfose do processo criativo, que agrega muitas influências, por exemplo do cinema expressionista alemão, e beneficia de diversas colaborações, sobretudo de músicos, mas também, por exemplo, da bailarina e coreógrafa Rocío Molina.
 
Tal como escreve Jordi Costa no texto que introduz o programa: “O duplo convite que a cidade de Vila do Conde fez a Isaki Lacuesta adapta-se perfeitamente a uma identidade criativa que não quer ser fixada: por um lado, um ciclo de filmes no festival Curtas Vila do Conde que proporciona um estímulo direto para a reflexão sobre o papel fluído da identidade e do tempo na obra de um criador que lutou sempre, de forma tão natural, contra os estereótipos, e que tem mesmo brincado com a própria autodestruição do seu prestígio; por outro lado, a exposição na Solar - Galeria de Arte Cinemática propõe uma nova reconfiguração das suas instalações e trabalhos videográficos e explora as possibilidades de um cinema expandido que não veio ao museu com o intuito da sacralizar-se ou de procurar uma forma de imortalidade, mas antes na tentativa de se infiltrar nesses territórios remissos a integrar a imagem em movimento, até há pouco tempo com uma vontade festiva e efervescente de brincar, de exercer como um verdadeiro agente provocador de iluminações e ligações inesperadas.”
 
Obras em exposição: 
 
Lugares que no existen. Goggle Earth 1.0 (fragmento: Doble pantalla)
Espanha, 2009, SD Video, 10’26’’, loop
O projeto “Lugares que no existen. Goggle Earth 1.0” consiste numa série de fotografias e filmes de lugares que não aparecem no Google Earth, para onde o artista e a sua equipa viajam a fim de documentar a sua verdadeira aparência e apresentá-la numa instalação que contrasta com a visão falsa que podemos obter a partir do computador. 
 
Où en êtes-vous, Isaki Lacuesta?
Espanha, 2018, SD Video, 17’, loop
"Où en êtes-vous, Isaki Lacuesta?” (Onde é que você está, Isaki Lacuesta?) integra uma coleção de encomendas do Centre Georges Pompidou, em Paris, que convida cineastas para a realização de filmes em formato livre em resposta à mesma questão. Com base em imagens que filmou na África do Sul, Rússia, Cuba, Qatar e Espanha, perto de sua casa, Isaki Lacuesta responde: “Estou aqui e lá, ao mesmo tempo”.
 
L'acusat
Espanha 2019, 4 channel HD Video, 11’40’’, loop
L'acusat (El acusado, un caso del sur) é uma instalação em duas projeções duplas: retrato de um sul (em redor de El Rocío) a partir de quatro pontos cardeais: a igreja, o bar, a caça e a Guardia Civil.
Em 2017, Isaki Lacuesta seguiu um caso de duplo homicídio em El Rocío (Huelva). Durante o processo de investigação, foi descoberto que a vida do único arguido do caso e El Rocío partilhavam os mesmos quatro pontos cardeais: a igreja, a caça, o bar e a Guardia Civil. Quatro paredes de um mundo a cavalo (em El Rocío, tudo se faz "a cavalo") entre o imaginário atual de uma Espanha lorquiana e a resistência à modernidade.
Depois de passar mais de três anos na prisão a aguardar julgamento, o arguido foi considerado inocente. Por isso, uma vez libertado, o arguido fica fora de campo nesta instalação, rodeado (como o próprio espectador) pelos quatro ecrãs que retratam as quatro instituições de um sul, que não é extemporâneo, mas sim a imagem mais imprevisível e realista do nosso século XXI.
 
Microscopies
Espanha, 2003, SD Video, 20’, loop
Vários objetos são observados através de um microscópio de alta resolução: alguns pigmentos de tinta de uma suposta pintura do século XIX, uma nota de um dólar e um pedaço de pelicula de um filme antigo em decomposição. A observação microscópica desvenda os mistérios escondidos na superfície destes materiais: as infinitas pinturas que podem ser encontradas num minúsculo fragmento de pintura, os outros possíveis filmes invisíveis que estão escondidos em cada pedacinho do filme. "Microscopies " divide-se em quatro partes: "Paisajes del natural", "El ojo de dios", "Eclipses" e "Microcosmos", uma história de ficção científica escrita a partir de experiências prévias.
 
El Rito
Espanha, 2011, SD Video, 8’, loop
Um olhar sobre um matadouro localizado na província de Girona. O sacrifício do animal é privado da sua natureza sagrada, de toda a ritualidade, e os gestos humanos tornam-se mecânicos, quase automáticos, quando executados dia após dia.
 
Ramírez (11012017)
Espanha, HD Video, 2018, 1’53’’
A partir de “Entre dos aguas”, o músico Raül Refree e Isaki Lacuesta iniciam um corpo de trabalho conjunto que se desenvolve em exposições, instalações, filmes e videoclipes. Este é um primeiro resultado, no qual Lacuesta ilustra um tema do álbum instrumental “Jai Alai Vol.1”, de Refree, com imagens filmadas no bairro La Casería (San Fernando, Cádiz).
 
Dar a Luz
Espanha, 2018, HD Video, 3’06’’
Videoclipe de "Dar a luz", música composta por Raül Refree para o filme "Entre dos aguas". Novas imagens que não apareceram no filme, com a participação de El Niño de Elche. Retrato em 16mm do dia a dia num bar do bairro La Casería (San Fernando, Cádiz).
 
Lunaby
Espanha, 2015, HD Video, 8’15’’
Poema retrato realizado para o Projeto Eiga Ongaku (Kyoto e Nagoya), com música original composta por Daniel Fígols e incluído no filme coletivo "The darkness collection" (edição especial).
 
Fatherless
Grite Pelao
Tangos de la Vía Láctá
Par Coeur & The Womb
Espanha, 2020, HD Video, 20’, loop
A cantora Silvia Pérez Cruz reúne-se com Isaki Lacuesta no verão de 2020 para filmar em 16mm e S-8 mm uma série de peças para canções do seu novo álbum: Fatherless, Grito pelao, Tangos de la Vía Láctá, Par Coeur & The Womb. A equipa junta-se à bailarina e coreógrafa Rocío Molina, à atriz Alba Flores e à cineasta experimental Adriana Vila Guevara como diretora de fotografia.
Do encontro deste coletivo surgem quatro peças que podem ser vistas de forma independente ou como uma curta-metragem de vinte minutos em que as canções e imagens rimam e se complementam.

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