"Serpentário" estreia quinta-feira nos cinemas nacionais!

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É já no dia 25 de novembro, quinta-feira, que o filme de Carlos Conceição vai ocupar as salas de cinema portuguesas. "Serpentário" estreou no Festival de Berlim e é agora exibido comercialmente nas telas dos cinemas nacionais.

A partir de 25 de novembro, 12 salas vão exibir a primeira longa-metragem do cineasta português, que ao longo do seu percurso tem sido exibido e premiado em vários festivais portugueses e internacionais. Porto e Lisboa receberão ainda duas sessões especiais com a presença de Carlos Conceição e de oradores convidados. 

"Serpentário" é uma produção luso-angolana protagonizada por João Arrais, e retrata um rapaz que vagueia por uma paisagem africana pós-catástrofe. O filme integrou a programação das mais importantes mostras não competitivas europeias e arrecadou prémios como o Prémio Revelação no DocLisboa, o Prémio de Melhor Filme no SiciliaQueer, o Prémio do Público no Burgas International Film Festival, ou uma Menção Honrosa de Melhor Filme no Festival Nouveau Cinema em Montreal.

EM EXIBIÇÃO A PARTIR 25 DE NOVEMBRO

. Cinema City Alvalade

. Cinema Trindade (Porto)

. Cinemas NOS - Alma Shopping (Coimbra)

. Cinema City Setúbal

. Cinema City Leiria

. Cineplace C.C.C. Portimão

. Cineplace LoureShopping, Loures

. Cineplace La Vie, Caldas da Rainha

. Cineplace Nova Arcada, Braga

. Cineplace Serra Shopping, Covilhã

. Cineplace MadeiraShopping, Funchal

. Cineclube Tavira

SESSÕES ESPECIAIS

. Lisboa: 25 de Novembro, no Cinema City Alvalade, com a presença do realizador e oradores convidados.

. Porto: 29 de Novembro, no Cinema Trindade, com a presença do realizador Carlos Conceição e o orador convidado Daniel Ribas

A estreia de "Serpentário" nos cinemas tem o apoio da Antena 3.

"A minha família já estava em Angola há 3 gerações quando a guerra os fez partir em 1975, após 15 longos anos de guerra civil. Apesar de nunca terem estado em Portugal, as circunstâncias ditaram que passassem a ser vistos como portugueses. Assim, antes e depois da independência angolana em 1975, foram-se exilando - muitas vezes fugindo apenas com a roupa do corpo. Toda a minha família fugiu para Portugal, excepto a minha mãe e o meu pai, que sempre acreditaram e alimentaram a esperança no novo país em que Angola se estaria a tornar. Nasci 4 anos depois da "ponte aérea", já dentro de uma nova guerra civil. Na verdade, houve várias: uma guerra partidária, outra com a África do Sul, mais a Guerra Fria, os espiões, as bombas, o estalinismo, a pobreza... Não havia muito para uma criança crescer, principalmente nenhuma das utopias que definiam os meus pais e, como tal, faltava-me o sentido de pertença em Angola. Foi o cinema que me ajudou a forjar o passado através de imagens. A guerra terminou em 2002, no mesmo ano em que me fui embora e entrei na escola de cinema em Lisboa. Deixei para trás um país física e culturalmente devastado. Não voltei a Angola durante 10 anos.

Quando regressei para filmar o "Serpentário", as memórias tinham-se tornado filmes na minha cabeça. A guerra tinha sido um rito de passagem entre a ligação cortada com a história e a reinvenção das suas texturas e cores. O passado tornou-se uma aventura, um western, um filme de catástrofe, ao mesmo tempo que eu via o meu eu mais jovem a tentar fazer as pazes com uma terra que o traiu. Não me sinto representado no cinema feito em África.


A minha é uma narrativa africana muitas vezes inédita: o conto dos sem terra, dos fantasmas errantes que procuram eternamente por si mesmo no meio das poeiras da memória. Mas havia uma parte de Angola que ainda se sentia como se estivesse em casa. Não um lugar, mas um sentimento. Tivemos de nos perder sozinhos na paisagem para a procurarmos. Não havia outra forma de fazer este filme. É um documentário sobre a procura desse sentimento.

Enquanto eu preparava o filme, a minha mãe disse-me que estava a pensar em adoptar um tipo de papagaio que tem uma esperança de vida surpreendentemente longa. Ela pediu-me para pensar sobre a proposta durante alguns dias: só o faria se eu estivesse disposto a tomar conta do pássaro no dia que ela morresse".

- Carlos Conceição

 

Biografia

Carlos Conceição, natural de Angola, é licenciado em cinema pela ESTC de Lisboa, e em Literatura Inglesa do Romantismo. A sua primeira curta-metragem, “Carne” (2010), foi premiada com o prémio Novo Talento no Indie Lisboa em 2010, enquanto “Versailles” (2013) competiu no prestigiado Festival de Locarno. Ambos os filmes “Boa Noite Cinderela” (2014) e “Coelho Mau” (2017) estrearam em competição no Festival de Cannes com óptimas reacções de público e crítica. "Coelho Mau" veio ainda a ganhar diversos prémios internacionais e o prémio Sophia de melhor curta-metragem portuguesa. Também foi alvo de retrospectivas integrais na Cinemateca Francesa em Paris e no Festival de Cinema de Amiens, bem como no Curtas Vila do Conde.
Filmes
“Vampiro” (2005), “O Meu Alien” (2008) , “Duas Aranhas” (2009), “Carne” (2010), “O Inferno” (2011), “Versailles” (2013), “Boa Noite Cinderela” (2014), “Segredo de Matar” (2014), “Acorda, Leviatã” (2015), “Coelho Mau” (2017), “Serpentário” (2019), “Um Fio de Baba Escarlate” (2020)
 

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