Atividade no mercado imobiliário até final do ano poderá superar os níveis de 2018
· Volume de investimento em imobiliário comercial ronda 1,6 mil milhões de euros nos primeiros oito meses do ano. Escritórios e retalho lideram, mas hotelaria ganha terreno e protagoniza a maior operação do ano.
· Desde o início de 2019 foram registadas mais de 550 operações de retalho, 71% das quais em comércio de rua.
· Atividade no setor de escritórios na Grande Lisboa cresce 6,6% face a 2018, com a renda prime a atingir em Setembro o máximo histórico dos últimos 30 anos, 23€/m2/mês. Refletindo esta forte procura, mais 180.000 m² de novos espaços chegarão ao mercado até final de 2021.
· A atividade de ocupação no mercado industrial & logístico continua limitada pela escassez de oferta, tendo sido transacionados pouco mais de 31.000 m² na primeira metade do ano.
· Desde o início de 2019, inauguraram em Portugal mais de 40 unidades hoteleiras com uma oferta total de 3.000 novos quartos.
· Valores de venda no mercado residencial abrandam crescimento em Lisboa, mas continuam a superar no Porto.
De acordo com a última edição do Marketbeat Portugal Outono 2019 publicado hoje pela Cushman & Wakefield. o volume de investimento em imobiliário comercial deverá ultrapassar no final do corrente ano o valor recorde alcançado em 2018, que se fixou nos 3 mil milhões de euros.
Ainda que o valor transacionado entre janeiro e agosto, próximo dos 1,6 mil milhões de euros, indique um decréscimo de 14% face ao período homólogo, existem boas expetativas até ao fecho de 2019. Encontram-se, atualmente, em fase de negociação avançada cerca de 40 operações que rondam os 1,5 mil milhões de euros. Caso estas operações se concretizem em 2019, Portugal atingirá um novo máximo histórico no volume de investimento imobiliário comercial.
De acordo com Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, “Não obstante os desafios que a economia internacional tem vindo a enfrentar, que afetam a economia portuguesa essencialmente através do impacto na procura externa, o mercado imobiliário tem vindo a evoluir muito positivamente. Os elevados volumes de liquidez que de forma crescente se alocam ao setor imobiliário, deverão manter-se no médio prazo, tendo em conta os recentes anúncios que apontam para uma manutenção da política monetária expansionista do Banco Central Europeu. A atratividade de Portugal para os investidores internacionais é hoje clara, motivada por um mercado ocupacional ativo e com potencial de crescimento, bem como por uma economia sólida e em crescimento.”
Do volume de investimento concretizado nos primeiros oito meses do ano, os setores de retalho e escritórios lideram com, respetivamente, 34% e 33% dos capitais alocados ao imobiliário comercial. Contudo, foi o setor hoteleiro que ganhou destaque em 2019, tendo sido responsável por 27% do volume transacionado, num total de 418 milhões de euros. Foi igualmente este setor que protagonizou a maior operação do ano, nomeadamente a venda do portfólio Tivoli, da Minor, à Invesco por 313 milhões de euros.
O investimento em segmentos menos convencionais começa a despertar o interesse dos investidores e, na primeira metade do ano, a Xior adquiriu um portfólio de residências de estudantes em Lisboa e no Porto, pelo valor de 28 milhões de euros.
O capital nacional está a ganhar peso face a 2018, mas o investimento estrangeiro continuou a ser o principal impulsionador da atividade, representando 89% do total, com os investidores de origem alemã responsáveis pela maior parcela, 43%. As transações de grande dimensão voltaram a ganhar destaque este ano, situando-se os seis maiores negócios do ano acima dos 100 milhões de euros.
Retalho: procura mantém-se ativa
O aumento do poder de compra das famílias portuguesas e a vitalidade do turismo nas cidades de Lisboa e Porto continuam a impulsionar o setor de retalho. De acordo com o índice de procura de retalho da Cushman & Wakefield, foram registadas em Portugal nos primeiros oito meses do ano mais de 550 operações neste segmento, 71% das quais em comércio de rua, mantendo-se a predominância deste formato.
A cidade de Lisboa assistiu a 200 novas aberturas em comércio de rua, enquanto no Porto foram identificadas 55 operações. Na capital, as Avenidas Novas lideram o ranking das zonas mais procuradas, seguindo-se o Chiado e o eixo Cais do Sodré /Santos, este último com a maior taxa de desocupação, 15%. A procura foi maioritariamente protagonizada por operadores locais e independentes. A oferta disponível tem vindo a corrigir de forma gradual nos principais destinos de comércio da cidade de Lisboa, sendo a Avenida de Roma a zona que apresenta a mais baixa taxa de desocupação: apenas 4% do stock disponível.
No Porto, a zona da Baixa continua a ser a mais dinâmica, com a Rua de Santa Catarina a concentrar o maior número de aberturas, em contraste com o eixo das Flores/Mouzinho da Silveira que exibe ainda uma taxa de desocupação significativa, na ordem dos 22%
Em termos de atividades e considerando a totalidade das operações no mercado nacional, a restauração foi o setor mais ativo, representando 55% das novas aberturas mas apenas 13% da área contratada. Já os artigos de lar e as lojas de lazer e cultura são as que mais pesam em termos de área, com 24% cada.
Escritórios: nova oferta está a chegar gradualmente ao mercado
A atividade no setor dos escritórios continua a evidenciar grande dinamismo, com a procura na Grande Lisboa a registar até agosto um crescimento de 6,6% face ao período homólogo de 2018, revela o Marketbeat da Cushman & Wakefield. Entre janeiro e agosto foram transacionados cerca de 136.000 m² de escritórios distribuídos por 116 negócios, sendo que as zonas 6 (Corredor Oeste) e 5 (Parque das Nações) lideram o volume de área contratada com 24% e 20%, respetivamente.
A disponibilidade de espaços na Grande Lisboa é de apenas 175.000 m², traduzindo uma taxa de desocupação historicamente baixa de 3,7%, embora a entrada de novos projetos no mercado tenha vindo a responder, de forma gradual, à escassez de espaços. Ao longo do ano foram concluídos três novos projetos com uma área total de apenas 23.000 m², mas o crescimento da oferta vai acentuar-se e, até final de 2021, serão lançados no mercado mais 180.000 m² de novos escritórios, dos quais 71.000 m² já iniciaram a construção.
No crescimento da oferta destaca-se a zona 5, onde além da sede da Ageas, com 17.400 m² e conclusão prevista para 2021, serão construídos dois projetos que, em conjunto, trarão ao mercado cerca de 45.000 m²: a K-Tower e o edifício Lumnia, o primeiro do projeto EXEO, cuja edificação deverá iniciar-se em breve.
Em linha com o dinamismo da procura e a reduzida disponibilidade, as rendas voltaram a registar subidas em todas as zonas da cidade. Na zona 1 (Prime CBD) a renda prime subiu para os 23€/m²/mês, atingindo um máximo histórico em quase 30 anos. Contudo, foi nas zonas 3 (Nova Zona de Escritórios) e 6 (Corredor Oeste) que se registaram as subidas mais acentuadas, na ordem dos 9% e 7%, situando-se respetivamente nos 17,5€/m²/mês e 15,5€/m²/mês.
No Grande Porto, onde o mercado de escritórios tem vindo a demonstrar uma procura consistente ao longo dos últimos anos, a atividade no primeiro semestre foi fortemente condicionada pela escassez de espaços de qualidade, tendo ainda assim acumulado 22.300 m² de área contratada.
Ao longo dos próximos anos deverão ser lançados no mercado da Invicta mais de 180.000 m² de escritórios e já em 2020 deverão estar concluídos três destes projetos com um total superior a 59.000 m²: Palácio dos Correios, Porto Office Park e Porto Business Plaza.
Industrial & Logística: escassez de oferta condiciona a atividade de ocupação
A atividade de ocupação no mercado de industrial & logística voltou a desapontar as expetativas de maior dinamismo, que eram sustentadas pelo crescimento continuado do setor de retalho e do comércio eletrónico. Na primeira metade do ano foram identificados 13 negócios que somam pouco mais de 31.000 m². Esta evolução é explicada, em parte, pela escassez de novos projetos.
A empresa tecnológica portuguesa Vision Box e a Uber protagonizaram as maiores operações do ano. A primeira expandiu 7.000 m² na Grande Lisboa e a Uber ocupou 5.000 m² em Aveiro com o objetivo de instalar uma unidade de produção de bicicletas elétricas que irão alimentar a expansão desta linha de negócio em toda a Europa.
Ainda assim, a renda prime na Grande Lisboa registou uma subida no primeiro semestre, suportada por um crescimento da procura de espaços na proximidade do centro da cidade que permitam o crescimento do e-commerce. Muito brevemente deverão ser colocados no mercado 340.000 m² de novos espaços, resultantes do arranque iminente da plataforma logística Lisboa Norte (225.000 m²), promovida pela Merlin Properties, e do novo projeto logístico sustentável promovido pela Aquila Capital (115.000 m²).
Hotelaria: oferta continua a crescer
A performance positiva e sólida do setor do turismo em Portugal tem impactado o mercado imobiliário, quer na consolidação da oferta hoteleira quer no já referido investimento comercial no setor.
Desde o início do ano, inauguraram em Portugal mais de 40 unidades hoteleiras, trazendo ao mercado cerca de 3.000 novos quartos. Em fase de projeto e/ou construção acrescem mais 15.000 quartos hoteleiros com abertura prevista até 2021, uma oferta maioritariamente concentrada nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.
A cidade de Lisboa tem vindo a liderar o crescimento do mercado, ancorada por bons indicadores de operação: na primeira metade do ano a cidade registou uma taxa de ocupação na ordem dos 77%. A oferta evoluiu em linha com este comportamento, tendo inaugurado na cidade, entre Janeiro e Agosto, seis hotéis com um total de 350 quartos.
No Porto, onde a taxa de ocupação média se aproxima dos 72%, o crescimento acentuado da oferta futura é também uma realidade, estimando-se que, até 2020, inaugurem mais 23 hotéis com um total de 2.200 quartos.
Residencial: valores de mercado dão sinais de abrandamento em Lisboa
No decorrer deste ano, o mercado residencial começou a dar alguns sinais de desaceleração nos valores praticados. Segundo informação do SIR, relativa ao 2º trimestre de 2019, a cidade de Lisboa revela um crescimento médio homólogo de 12% nos preços de venda dos apartamentos novos, face aos 21% registados em igual período de 2018. A zona Ribeirinha apresenta o maior crescimento, na ordem dos 30%, com valores de venda acima dos 5.500 €/m², mas ainda longe dos preços praticados no Centro Histórico, a zona mais valorizada da capital portuguesa, que atinge os 6.601 €/m².
No Porto, os valores de mercado mantêm ainda um crescimento acentuado, na ordem dos 34% em termos médios, situando-se nos 3.438 €/m². As zonas da Foz e Ribeirinha são as mais valorizadas, com preços compreendidos entre os 4.000 €/m² e 4.200 €/m² para os apartamentos novos.
Eric van Leuven conclui “As perspetivas de evolução do setor imobiliário até ao final do ano são muito positivas. O dinamismo do mercado de ocupação irá manter-se, bem como a atividade de investimento, para a qual se espera inclusivamente uma aceleração no último trimestre do ano. Face a 2020 estamos igualmente otimistas, ainda que atentos a uma muito provável desaceleração da economia, tendo em conta a quebra nas exportações e de alguma correção no crescimento da procura interna. As perspetivas de uma manutenção, e eventual crescimento, dos volumes de liquidez na Europa reforçam também a nossa confiança na evolução do setor em 2020.”
Sobre a Cushman & Wakefield
A Cushman & Wakefield (NYSE: CWK) é uma consultora líder global em serviços imobiliários que cria valor significativo a ocupantes e investidores em todo o mundo. A Cushman & Wakefield está entre as maiores empresas de serviços imobiliários com 51.000 colaboradores distribuídos por 400 escritórios em 70 países. Em 2018, a consultora registou uma faturação de 8,2 mil milhões de dólares através de serviços de agência, representação de inquilinos, vendas e aquisições, gestão de imóveis, gestão de projetos, consultoria e avaliações. Para saber mais visite www.cushmanwakefield.pt
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