POLITICA EXPANSIONISTA DO BANCO CENTRAL EUROPEU IMPULSIONARÁ AINDA MAIS O MERCADO IMOBILIÁRIO
- A Cushman & Wakefield publicou hoje o seu parecer relativamente ao anúncio da compra de obrigações de dívida pública na Zona Euro por parte do Banco Central Europeu (BCE)
- Expetativas de maior dinamismo no mercado de investimento saem reforçadas com a medida
A abrangência do programa de compra de dívida pública, anunciada ontem pelo BCE, apanhou os mercados de surpresa. As expetativas apontam agora para uma consolidação da correção das taxas de rentabilidade das obrigações de dívida pública e também do processo de desvalorização monetária, com o consequente efeito de aumento de inflação e de maior crescimento do PIB.
Para a concretização dos resultados esperados é crucial a confiança dos mercados na medida, mas é igualmente necessário que os governos da Zona Euro sejam encorajados a adotar reformas estruturais ainda mais profundas. Neste sentido, e na nossa opinião, serão precisamente os países que mais se comprometeram com este tipo de reformas, como é o caso de Portugal ou Espanha, que mais irão beneficiar com estas medidas, assistindo muito provavelmente a um aumento da atividade de investimento.
David Hutchings, diretor do departamento de Estratégia de Investimento da Cushman & Wakefield para a região EMEA, comentou: “ Se o programa apresentado pelo BCE for bem-sucedido, o impacto no mercado imobiliário será substancial, uma vez que o crescimento da procura será superior ao estimado antes do anúncio da medida. Como resultado, é expectável que as yields diminuam mais do que o esperado, e que os volumes de capital transacionados atinjam valores recorde.”
Antes do anúncio deste pacote de medidas, a Cushman & Wakefield já previa para este ano um aumento do volume de investimento no mercado europeu de entre 5% a 10%, e uma diminuição das prime yields entre 20pb a 30pb. Caso o programa agora apresentado tenha sucesso, com custos de financiamento reduzidos, mais crescimento e algumas reformas, a C&W prevê que as prime yields caiam entre 40pb e 70pb e que as transações imobiliárias cresçam 20%.
Estas previsões assumem que a procura dos investidores vai ter uma resposta positiva em termos de oferta de ativos imobiliários, contando-se para isso com a venda de ativos e desalavancagem por parte das instituições bancárias, bem como a tomada de mais-valias e a rotação de carteiras de ativos imobiliários.
“É expetável um maior interesse fora da Europa, visto que os investidores europeus procuram aplicar capital em oportunidades noutras geografias, voltando igualmente a concentrar as suas atenções em novos projetos de promoção imobiliária, beneficiando das recentes quedas nos custos de construção e nos preços dos bens de consumo. A acrescentar a estes indicadores, antecipamos que exista mais atividade empresarial, incluindo um incremento na venda de ativos imobiliários por parte das empresas ocupantes, e mais operações de joint ventures e take-overs.”
O impacto em Portugal da medida do Banco Central Europeu estará em linha com o esperado em termos globais para a Europa, e muito provavelmente será intensificado, tendo em conta as medidas reformistas já levadas a cabo no nosso país. Se em 2014 o mercado atingiu já valores recorde face aos 6 anos anteriores, tendo-se transacionado mais de 700 milhões de euros com um crescimento de mais do dobro face ao ano anterior, em 2015 as expetativas de crescimento vêm reforçadas pela medida ontem anunciada.
De acordo com Luís Rocha Antunes, partner e diretor do departamento de investimento da consultora, “se antes do anúncio do Banco Central Europeu a melhoria consistente na economia e a retoma da confiança dos investidores no mercado português, associado a uma crescente alocação de capitais ao mercado imobiliário, permitiam já esperar um maior dinamismo do mercado em 2015, esta medida vem reforçar mais ainda as nossas perspetivas de crescimento.”
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