50 anos dos Ventiladores Servo — conheça um dos pioneiros

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O surgimento do ventilador Servo há pouco mais de 50 anos é um exemplo notável de como a curiosidade e a persistência podem abrir o caminho para inovações que salvam vidas. Conheça o Professor Emérito Björn Jonson, um dos desenvolvedores do primeiro ventilador controlado por fluxo do mundo, na Suécia, no final dos anos 60.

"O ventilador Servo tornou-se uma realidade porque me cruzei com mentores visionários, um médico genial que prestava cuidados diretos aos doentes e um forte parceiro industrial com engenheiros de classe mundial. Para mim, o que aconteceu ainda não parece real", diz Björn.

No início da década de 1960, os ventiladores ruidosos e volumosos eram as tecnologias mais avançadas na administração de volume corrente e frequência respiratória nos pacientes. No entanto, estes dispositivos não tinham precisão e eram difíceis de controlar. Para o doente, eram ruidosos e desconfortáveis.

Em 1964, o jovem e ambicioso fisiologista clínico Björn Jonson regressou à Suécia, depois de um breve intercâmbio nos Estados Unidos. Um dos seus mentores, o Professor Associado Sven Ingelstedt, afirmou: "Os ventiladores são controlados pela pressão ou pelo volume. Deviam ser controlados pelo fluxo! No entanto, não é possível controlar o fluxo." 

Björn perguntou-lhe: "Se eu aprender a controlar o fluxo, podemos construir um ventilador?" Ingelstedt respondeu imediatamente: “Claro." 

Björn começou a adquirir novas competências, como o torneamento e o processamento de vidro. Foi adquirido um maquinário, que foi levado para a sala do zelador da universidade onde Björn estava a trabalhar.

"A senhora da limpeza suspirou, mas como naquele momento não tínhamos uma oficina, ela foi suficientemente gentil para fingir que não via", recorda Björn. 

Inovação com uma seringa de vidro e as primeiras patentes

A oficina improvisada foi utilizada para criar uma construção em acrílico para alojar o regulador de fluxo, que foi o primeiro passo no processo de inovação.

"Os esforços iniciais esbarraram com atrito ou fugas entre as peças móveis. Frustrado, enrosquei uma seringa de injeção de vidro. O pistão rodou no tubo aparentemente sem atrito e não houve qualquer fuga", explica Björn.

O projeto continuou com um elevado grau de liberdade experimental, num ambiente que encorajava o trabalho em equipe entre instituições. Um ambicioso engenheiro elétrico, Sven-Gunnar Olsson, esteve envolvido no projeto. Em 1967, Björn candidatou-se para obter as patentes para um regulador de fluxo e um ventilador controlado pelo fluxo.

Parceiro industrial

 "No dia seguinte à entrega da candidatura, eu e o Sven-Gunnar fizemos uma demonstração do nosso ventilador aos diretores do nosso parceiro industrial. No prazo de uma semana, foi assinado um contrato para continuarmos a desenvolver o equipamento. O Dr. Lars Nordström, um anestesista brilhante em Lund, esteve envolvido neste trabalho. Tal como uma excelente equipe de engenheiros em Solna.  Dois anos mais tarde, tínhamos um ventilador com quase todas as funções do futuro produto", recorda Björn.

Em 1968, Björn e Sven-Gunnar perceberam que era necessário existir um controle eletrônico total do fluxo. Mais uma vez, os principais especialistas disseram que isto não seria possível. Naquela época, não existiam sensores e controladores de fluxo adequados. "Então nós os criamos", diz Björn.

O "cérebro" do ventilador baseava-se em componentes eletrônicos analógicos de última geração. No exclusivo sistema de controle Servo, o sinal de fluxo era analisado e devolvido às válvulas eletrônicas cem vezes por respiração. Isso permitiu uma grande flexibilidade nos modos de funcionamento e ventilação.

Os "músculos" consistiam em apenas quatro peças móveis e um sistema simples direcionava os gases para o paciente. Sem qualquer necessidade de ferramentas, bastava um minuto para desmontar ou montar o sistema, que poderia ser limpo e desinfetado facilmente.

"Desde junho de 1970, foram testados cinco ventiladores Servo. Utilizei um deles em alguns casos críticos. Um deles foi uma criança que nasceu sem atividade cardíaca. Em um renascimento dramático, a menina tornou-se na primeira recém-nascida a ser tratada com um ventilador Servo", relembra Björn.

O ventilador pequeno e de fácil uso, permitiu que a ventilação fosse ajustada com uma precisão e flexibilidade inigualáveis. O silêncio do equipamento e as respirações acionadas pelo paciente foram passos importantes no aumento do conforto para os doentes. 

Revolução dos cuidados intensivos

"O ventilador Servo 900 contribuiu significativamente para o desenvolvimento dos cuidados intensivos. O nosso ventilador permitiu, pela primeira vez, a monitorização fisiológica e o diagnóstico, que são pilares da disciplina. Os seus medidores de fluxo e de pressão foram rapidamente complementados por um capnógrafo e pela evolução da capnografia volumétrica", explica Björn.

O ventilador eletrônico pequeno, silencioso e eficiente, com o exclusivo sistema de controle Servo para fornecimento de gás, permitiu ao médico atingir de forma confiável os volumes e as frequências respiratórias pretendidos, específicos para cada paciente. Pela primeira vez, o ciclo do ventilador pode ser ajustado para fornecer uma troca de gases eficiente, enquanto os sistemas de alarme garantiam a segurança do paciente. 

A primeira válvula PEEP, que é utilizada para manter a pressão nas vias aéreas inferiores no final do ciclo respiratório, foi uma melhoria fundamental na ventilação de adultos, bem como de recém-nascidos com síndrome de insuficiência respiratória.

O ventilador Servo 900 basicamente definiu o padrão para todos os ventiladores modernos e muitos dos seus princípios de sistema continuam a existir nos modelos atuais da família de ventiladores Servo.

Leia mais sobre o desenvolvimento dos ventiladores Servo da Getinge >>> 

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