Desafios, conquistas e melhorias por alcançar: o balanço dos últimos anos e as perspectivas para 2022 na visão de Paul Barber, Diretor Geral da Getinge para o México, América Central e Caribe
Nessa entrevista Paul fala sobre os principais atrativos que o levaram à Getinge e sobre os desafios e conquistas desde que assumiu essa posição. Relata os impactos da pandemia da Covid-19 nos negócios, no relacionamento com distribuidores e clientes e os esforços para manter os 52 funcionários unidos e motivados.
Formado em física e eletrônica pela Universidade de Durham, na Inglaterra, sua terra natal, Paul Barber, Manager Diretor da Getinge no México, América Central e Caribe, reúne uma experiência de mais de 20 anos na área de dispositivos médicos. Trabalhou na Espanha e, na Holanda, conheceu uma mexicana com quem se casou e teve dois filhos. Em 1999, a família se fixou no México, onde Barber atuou em diversas empresas do setor até ser convidado para integrar o time Getinge em 2018.
Barber, como vários CEOs do planeta, ainda lida com o cenário imponderável que o vírus continua a criar e que deixa no ar interrogações, por exemplo, sobre a viabilidade de implantar o trabalho híbrido – remoto e presencial – previsto para começar em janeiro como parte do programa Smart Workplaces.
O executivo acredita que, apesar das incertezas, 2022 será um ano melhor que 2021, assim como este foi melhor que o anterior. Há vários projetos em andamento e dois lançamentos importantes que devem ocorrer até meados do ano. Apesar do otimismo, Barber também mantém o foco voltado para o que entende que ainda precisa ser melhorado: a prestação de serviço ao cliente, fundamental para manter uma reputação positiva da Getinge na região.
Quando e como se deu a sua entrada na Getinge?
Entrei na Getinge em 2018 como diretor comercial e passei a Manager Director cerca de 1,5 ano depois. Trabalhava em uma grande empresa de produtos cirúrgicos do México e estava feliz. O que me convenceu a mudar de trabalho foi o enfoque da Getinge em valores e princípios. A empresa vivia uma fase de reposicionamento depois de passar por alguns problemas. Os executivos não somente reconheceram os erros do passado como tinham o firme propósito de fazer as coisas de uma maneira melhor. Foi um orgulho entrar numa empresa que dá tanta importância aos valores e à ética, além de possuir uma gama de produtos que me surpreendem do ponto de vista técnico e médico.
Quais foram os principais desafios que enfrentou no início?
Não tínhamos cobertura em todo o México, nem contratos de distribuição formal com terceiros e sócios, principalmente na América Central. O México é um país grande, o segundo maior mercado da América Latina, e não estávamos atendendo bem. Era preciso melhorar também a cobertura do serviço de assistência técnica, importante para a reputação da empresa e meu foco principal quando cheguei.
Conseguiram melhorar o desempenho nessas áreas?
Acredito que estabelecemos uma estrutura correta. Temos engenheiros trabalhando em assistência técnica em várias partes do país e contratamos distribuidores desses serviços, além de fazer contato direto com hospitais. Mas ainda é um grande desafio manter a equidade de serviço e atenção aos nossos clientes e diminuir os tempos de resposta para serviços. O mundo globalizado é muito exigente em relação a estes quesitos e temos que estar à altura das expectativas e necessidades dos clientes.
Como a pandemia afetou a estratégia de negócios da Getinge na região e a interação com os clientes?
Surpreendentemente bem. A relação com os clientes se manteve, o que nos surpreendeu. Pensávamos que seria mais difícil, principalmente por se tratar de países latinos, que dão grande importantes ao contato humano e às visitas pessoais. Acredito que a interação presencial seja importante, mas tenho que reconhecer que as novas formas funcionaram muito bem.
Quais foram os desafios para manter os colaboradores unidos e com senso de pertencimento em um esquema de trabalho remoto?
Antes de eu chegar, a Getinge já tinha criado um ambiente e uma equipe com responsabilidades bem claras. Isso ajudou muito a seguir trabalhando de uma maneira quase automática à distância. Além disso, desde o final dos anos 2000, havia um programa de fomento aos valores da companhia e a realização de um evento presencial a cada três meses. Continuamos a fazê-lo de forma online durante o ano. Não foi tão bem-sucedido quanto pretendíamos, mas esses encontros nos ajudaram a manter o senso de pertencimento. Inclusive, melhoramos muito a eficiência das nossas reuniões. Organizamos o tempo e a comunicação bem melhor que no escritório. É um aprendizado que desejamos manter de agora em diante e nesse período de implementação do programa Smart Workplaces.
Qual é a preferência dos colaboradores sobre a forma de trabalho?
Acredito que estamos de acordo de que o ideal é um método que equilibre a flexibilidade de estar em casa com a família com a ida ao escritório para encontrar os companheiros. O Smart Workplaces propõe um rodízio, 60% em casa e 40% no escritório. É o que preferem.
Quando esse sistema será implantado?
Em princípio começará em janeiro, mas dependerá da pandemia. Se houver uma nova onda, não vamos exigir presença no escritório. Os contratos e adendos para a nova forma de trabalho já estão assinados, mas a prioridade é a saúde dos nossos empregados e familiares.
Quais foram, na sua opinião, as principais conquistas de 2020 e 2021?
Melhoramos em muitos aspectos. Conseguimos, em um ano e meio, concluir o processo de due diligence e a contratação formal de todos os distribuidores da região. Isso nos dá muita satisfação e nos ajudou muito na parte de cobranças, o que é uma segunda conquista. A informalidade com distribuidores era um verdadeiro problema há dois anos e acredito que atingimos nosso objetivo.
Tivemos também um aumento de vendas de ventiladores em 2020 devido à Covid-19. Em 2021, por conta da pandemia e de uma maior conscientização do mercado médico, cresceu a demanda dos produtos para ECMO, um sistema de coração-pulmão extracorpóreo. Agora, estamos com muitos projetos nas áreas de anestesia e esterilização. Não sei se isso está ocorrendo porque os hospitais estão ampliando seus estoques ou se esperam uma retomada das cirurgias eletivas.
As cirurgias eletivas ainda não voltaram totalmente?
Não totalmente. Voltaram cerca de 40%, abaixo do que esperávamos. Seguimos com vendas baixas na linha de cardiologia, embora não tão baixas quanto em 2020.
Como foi o desempenho das outras linhas?
A linha mais afetada foi a de Surgical Workflows, que praticamente parou de vender. Agora, pela primeira vez em um ano e meio, temos alguns projetos previstos para o final de 2021, com faturamento em 2022,
Esterilização e Infection Control se mantiveram bem, obviamente porque os hospitais precisaram, mais do que nunca, ter grande cuidado e esterilizar tudo. A divisão de consumíveis dessas linhas também teve bom desempenho.
Quais as perspectivas de mercado para 2022?
Em termos de vendas, acreditamos que será um ano melhor para Surgical Workflows e Infection Control, mas ainda sem atingir ainda os patamares de vendas de 2019. Talvez cheguemos a 80% ou 85%, essa é a expectativa global. Em relação à linha de Critical Care esperamos crescimento em anestesia e uma estabilização nas vendas de ventilação e ECMO.
Já em termos de conquistas qualitativas, espero que em 2022 sigamos melhorando nosso serviço técnico e a atenção aos clientes, sobretudo diminuindo o nosso tempo de resposta às demandas, que permanece longo.
Há lançamentos previstos para 2022?
Teremos dois lançamentos importantes que estão em processo de registro sanitário no México e em outros países da América Central: a autoclave esterilizadora Solsus e o RotaFlow 2, um equipamento extracorpóreo cardiopulmonar mais avançado. O processo de registro é lento, por isso não estabelecemos datas precisas para o lançamento. Além disso, o novo governo descontinuou um formato de avaliação rápida. De todo modo, esperamos lançar os dois produtos até meados do ano que vem.
O senhor gostaria de deixar alguma mensagem para os colaboradores?
Gostaria de agradecer a enorme colaboração que tivemos em circunstâncias tão difíceis, o que demostra o grande compromisso dos funcionários da Getinge México. A equipe compreendeu bem os benefícios de formalizar o novo sistema de trabalho. Meu desejo para o futuro é que continuemos a manter esse compromisso e que os colaboradores não hesitem em propor e buscar áreas nas quais podemos melhorar nossos serviços e a percepção dos clientes. Quando digo serviço, não falo apenas do serviço técnico, mas do conjunto da atenção que é preciso dar ao cliente.