FOCUS - Programa de Rastreio ao VIH e Hepatites Virais: Portugal na linha da frente

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11 de dezembro de 2020
  
Rumo aos objetivos da OMS e da ONUSIDA até 2030

Com o objetivo de partilhar lições aprendidas sobre o rastreio do VIH e Hepatites Virais durante a pandemia de SARS-COV-2, a Gilead Sciences juntou no passado dia 19 de novembro parceiros do Programa FOCUS que trabalham na linha da frente em mais de 90 cidades dos Estados Unidos, Espanha e Portugal. A Dr.ª Inês Vaz Pinto, do Hospital de Cascais, foi a oradora convidada para representar o nosso país, a quem se juntou também a deputada do Parlamento Europeu e perita em Saúde Pública, Dr.ª Sara Cerdas.

Na União Europeia 1 em cada 2 pessoas que vivem com VIH é diagnosticada tardiamente. Isto é particularmente preocupante nas populações migrantes e em homens heterossexuais, que registam um diagnóstico tardio de 57% e 63%, respetivamente. Comparativamente, 40% dos homens que fazem sexo com homens são diagnosticados tardiamente. O diagnóstico tardio é problemático para o individuo, com aumento da morbilidade e mortalidade, assim como para a sociedade, com acréscimo das despesas de saúde e oportunidades perdidas para quebrar cadeias de transmissão.
Para melhorar a estratégia de rastreio e permitir diagnósticos mais atempados, a Gilead desenvolveu, em 2010, o Programa FOCUS para capacitar os governos e as organizações parceiras para desenvolver e partilhar boas práticas na prevenção de Vírus Transmitidos pelo Sangue, segundo as orientações das autoridades de saúde.
O Hospital de Cascais foi o primeiro a implementar o programa na UE. "A alteração do nosso registo de saúde eletrónico permitiu-nos integrar o rastreio nos cuidados de saúde prestados no serviço de urgências", recorda a coordenadora da unidade de VIH do Hospital de Cascais, Dra. Inês Vaz Pinto. "Testámos mais de 34 mil doentes em 28 meses e encontrámos uma seroprevalência de 0,8% para o VIH e 1,6% para o a hepatite C", continua a médica, detalhando como o programa permitiu à equipa diagnosticar pessoas que desconheciam as suas infeções, permitindo ainda reduzir os diagnósticos tardios de VIH de 91% para 42%.
A Dr.ª Inês Vaz Pinto destaca também a resistência da estratégia a eventos tão perturbadores como uma pandemia. “Claro que a COVID-19 também teve um impacto no nosso projeto de rastreio, mas nunca parámos”, acrescenta. “O rastreio já está a subir novamente e estamos muito entusiasmados com os resultados até agora”.
Coube à Deputada do Parlamento Europeu e perita em Saúde Pública, Dra. Sara Cerdas, encerrar a sessão de partilha com a sua análise. "O VIH e as hepatites virais são bastante importantes porque estamos a falar de epidemias anteriores à COVID-19, que parecem ter-se perdido à medida que se transformaram em doenças crónicas ou curáveis", afirma a decisora política, "mas não podemos esquecê-las e temos de trabalhar em conjunto com os estados membros e com as diferentes partes interessadas para termos uma perspetiva melhor para estas doenças".
A eurodeputada salienta ainda a importância do plano EU4Health 2021-2027, recentemente aprovado, que confirmou o valor acrescentado das recomendações para o VIH da UE. "O VIH e as hepatites virais constam deste pacote e haverá ferramentas e instrumentos para melhores abordagens para alcançar os objetivos da OMS para 2030".
"O VIH não deve ser esquecido, as hepatites virais não devem ser esquecidas", desafia a Dra. Sara Cerdas, "são doenças com enorme peso não só para os indivíduos como para as sociedades, mas também para cada Estado membro".
 
Mais sobre o Programa FOCUS EU
O modelo de rastreio do programa FOCUS baseia-se na integração dos testes na prática clínica de rotina, utilizando as infraestruturas e o pessoal existentes para gerar eficiências. Na prática, significa tirar maior partido das visitas da população às instituições prestadores de cuidados de saúde e testá-la no local. Os peritos em saúde pública chamam-lhe “Rastreio Oportunista”. A ideia é implementar os testes ao VIH baseados em diretrizes das autoridades de saúde pública que reduzem preconceitos estabelecidos enquanto respeitam os direitos do doente.
O programa FOCUS na UE inclui hospitais, centros de saúde, organizações de base comunitária, agências governamentais e outras organizações de saúde pública que promovem o rastreio, diagnóstico e ligação aos cuidados de saúde. Juntos, os parceiros FOCUS da UE já realizaram mais de 270 mil testes para o VIH, hepatite B e C.
O Diagnóstico tardio de VIH é uma ameaça permanente para o indivíduo e para a saúde pública, e é especialmente problemático em populações sem contacto frequente com o sistema de saúde. Investindo no rastreio temos a oportunidade de reduzir os casos de VIH não diagnosticados e de dar mais um passo para parar o vírus.

 

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