COMO DESCOLONIZAR AS NOSSAS CIDADES?
30 de junho e 1 de julho | 18h00-20h30
No âmbito do projeto
ReMapping Memories Lisboa - Hamburg
Ciclo de debates online
No âmbito de projeto ReMapping Memories Lisboa - Hamburg, será organizada uma série de debates online que procuram repensar o conceito de memória (pós)colonial e a sua implementação na relação com a cidade. Nos dias 30 de junho e 1 de julho, políticos, ativistas e investigadores debatem estratégias, conceitos e ideias para uma descolonização definitiva das nossas cidades.
Lidar com os vestígios do passado colonial é um desafio que muitas cidades europeias enfrentam. Mas como podem moldar-se os processos democráticos e de memória política abrangentes a toda a cidade? Que estratégias específicas nos permitem lidar com os legados coloniais no espaço urbano, a fim de criar contra-narrativas, contribuir para dar luz à(s) história(s) reprimida(s) e esquecida(s) e tornar visíveis os cidadaos racializados? Como podem ser incorporadas as perspectivas e reivindicacoes do maior número possível de grupos da sociedade civil, em especial aqueles com experiência de migração e diáspora? E por último, mas não menos importante: como é que uma mudança de perspectiva sobre a memória (pós)colonial pode tornar-se efectiva e quais as áreas da sociedade que devem ser integradas nesses processos, de forma a terem um efeito durador?
Estas questões estarão no centro dos debates, que reúnem peritos de Hamburgo, Lisboa e Barcelona, entre outras cidades.
A sessão de abertura consistirá numa discussão sobre conceitos de memória nos processos de descolonização urbana, tomando como base os exemplos de Lisboa, Hamburgo e Barcelona. Em 2018, a cidade hanseática incumbiu o Conselho Consultivo para a Descolonização de Hamburgo de desenvolver um novo conceito de memória que abrangesse todo o espaço urbano. Em Lisboa, o processo em torno do novo Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas intensificou a discussão no seio da cidade, e em Barcelona, o tema da memória democrática também está a encontrar o seu lugar na agenda municipal. Os desenvolvimentos nas três cidades dão resposta a exigências de longa data por parte de iniciativas da sociedade civil, que reclamam uma forma diferente de lidar com o passado colonial.
O segundo painel centrar-se-á em conceitos concretos para a descolonização das cidades e para o desenvolvimento de contranarrativas. Entre estes inclui-se um projeto que pretende tornar visível a presença africana em Lisboa ao longo dos séculos. Debater-se-á ainda a definição de parâmetros concretos para uma estratégia urbana que permita lidar com nomes de ruas de Hamburgo com implicações coloniais, bem como o difícil processo de negociação social que tal envolve, com base no exemplo de Berlim, onde foram atribuídos novos nomes a certas ruas.
O segundo dia do evento será iniciado com uma discussão sobre como lidar com os vestígios perenes – e ainda existentes em pedra – do colonialismo. Diferentes perspetivas no âmbito da arte, da administração pública e da ciência dedicar-se-ão à questão de como os monumentos anticoloniais, as intervenções artísticas em monumentos existentes ou as estratégias de contextualização poderão criar espaços de debate e causar uma sensação de disrupção que seja duradoura. As atenções irão focar-se no Monumento a Wissmann, em Hamburgo, no Monumento Colonial, em Braunschweig, no novo Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas, em Lisboa, entre outros.
Após os debates sobre estratégias concretas de descolonização, concluir-se-á com uma reflexão sobre a forma como os modos de lidar com o passado poderão contribuir para criar cidades anticoloniais, antirracistas e socialmente mais justas. A académica e ativista Cristina Roldão, em conjunto com Natasha A. Kelly, especialista em ciências da comunicação, autora e política, discutirão a necessária mudança de perspetiva em todas as áreas da vida pública.
A série de eventos visa um intercâmbio europeu destas ideias, estratégias e conceitos e convida-nos a pensar soluções em conjunto, também contribuir para um debate, que nos ocupará cada vez mais intensamente no futuro.
30 JUNHO, 18:00-20:30 (GMT + 1)
Políticas e práticas de memória para a cidade como um todo
Mensagem de vídeo: Carsten Brosda (Senador do Ministério da Cultura e dos Media, Hamburgo)
Catarina Vaz Pinto (Vereadora da Cultura, Lisboa)
Jordi Rabassa Massons (Conselheiro da Memória Democrática, Barcelona)
Beatriz Gomes Dias (Djass – Associação de Afrodescendentes, Lisboa)
Kodjo Valentin Glaeser (Conselho Consultivo para a Descolonização de Hamburgo)
Moderação: Joshua Kwesi Aikins (Universidade de Kassel)
Contranarrativas: Novas toponímias, vestígios anticoloniais, histórias esquecidas
José Lino Neves (Associação Batoto Yetu, Lisboa)
Tahir Della (ISD / Decolonize Berlin)
Gisela Ewe (Arquivo Público de Hamburgo)
Moderação: Jamile da Silva e Silva (Centro Intercultural de Mulheres S.U.S.I., Berlim)
1 JULHO 2021, 18:00-20:30 (GMT + 1)
Monumento (anti)coloniais, espaços para abrir debate?
Joachim Zeller (historiador, Berlim)
Anja Hesse (Câmara Municipal de Braunschweig)
Evalina Dias (Djass – Associação de Afrodescendentes, Lisboa)
Judite Primo (Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento, Lisboa)
Philip Kojo Metz (artista, Berlim)
Moderação: Bruno Sena Martins (Centro de Estudos Sociais, Coimbra)
Como projetar as cidades anticoloniais e antiracistas do futuro?
Cristina Roldão (ativista e investigadora no CIES-ISCTE - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, Lisboa)
Natasha A. Kelly (escritora, investigadora em comunicação e artista, Berlim)
Moderação: Gisela Casimiro (INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal, Lisboa)
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