Chegou a plataforma portuguesa que promove o rendimento básico incondicional

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A plataforma portuguesa impactMarket quer acabar com a pobreza extrema no mundo até 2030, através de doações monetárias feitas na plataforma para pessoas que vivem com menos de 1,9 dólares por dia. Lançada no final de 2020, a empresa é já o maior sistema de rendimento básico incondicional (Unconditional Basic Income ou UBI) em blockchain do mundo, com mais de 600 mil dólares doados a mais de 15 mil beneficiários em dez países.
 
Segundo as Nações Unidas, cerca de 700 milhões de pessoas no mundo vivem abaixo do limiar da pobreza extrema (pessoas que vivem com um rendimento diário menor que 1,9 US dólares), um problema social com consequências diretas no acesso a água, comida, cuidados de saúde e educação. Consciente do problema, a impactMarket pretende ajudar a acabar com a pobreza extrema no mundo de forma rápida e definitiva, ao mesmo tempo que promove a mudança local e social, para o crescimento e prosperidade económicos com impacto positivo na saúde mundial.
 
Tecnologia pelo bem
Marco Barbosa é um dos três fundadores da impactMarket, a par com Afonso Barbosa e Bernardo Vieira. No cerne da solução, Marco explica que “todas as pessoas do mundo deveriam ter acesso a um rendimento básico, para se criar mais valor social e económico no mundo. A pensar nisso, desenvolvemos um sistema em blockchain que gere contratos de UBI e distribui o dinheiro disponível pelas pessoas inscritas nas comunidades, garantindo uma base de rendimento que lhes permite o acesso a recursos básicos para que subsistam e invistam o seu tempo na procura de trabalho para melhores condições, o que tem impacto direto na economia mundial”.
 
Um exemplo disso é um casal refugiado no Gana com quatro filhos, um deles com Síndrome de Retts e dois com a possibilidade de o virem a também desenvolver. A família recorreu à impactMarket para sustentar as deslocações hospitalares e despesas médicas. Com o apoio, puderam começaram a comercializar pequenos produtos, gerando recursos suficientes para construir o primeiro cabeleireiro no campo de refugiados onde se encontram.
 

“Com o UBI, estimulamos a economia, dado que estas pessoas passam a participar desta; damos melhores condições de vida a estas pessoas; ao mesmo tempo que existe uma gestão mais eficiente dos recursos alocados ao combate à pobreza extrema. Por exemplo: a pobreza infantil custa 500 mil milhões de dólares aos EUA (custos relacionados com a saúde, crime e educação). Segundo vários economistas, com apenas 1,75 mil milhões de euros, através de um sistema de UBI, seria erradicada a pobreza extrema nos EUA.”
 
Para erradicar a pobreza extrema através da distribuição das doações, o sistema de anti-pobreza impactMarket apoia-se na tecnologia Blockchain, uma rede descentralizada, aberta e transparente, que por si só impossibilita processos fraudulentos e a corrupção na gestão das doações, um problema muito comum nos países em desenvolvimento, onde estas ajudas são cruciais. O facto de não haver intermediários permite maior disponibilidade de capital para as populações. Dessa forma, qualquer pessoa do mundo com acesso à internet consegue fazer doações ou, inscrevendo-se numa comunidade que verifica a veracidade da situação, receber as doações.
 
Em 2020 a penetração de smartphones no mundo já ultrapassava os 3.6 mil milhões de pessoas no mundo, segundo o Statista e, em janeiro de 2021 4.3 mil milhões de pessoas já utilizavam a internet através de serviços mobile. No Brasil, onde se encontram 56 das comunidades que a impactMarket apoia, 51% da população tem um smartphone; na Venezuela 40%. Segundo o Banco Mundial, a exclusão financeira afetava cerca de 1,7 mil milhões de pessoas no mundo em 2017, problema que é mais evidente nos países em desenvolvimento: em África, 50% das pessoas não têm acesso a serviços financeiros, como instituições bancárias, na América Central e do Sul, é 38 a percentagem.
 
“O projeto chega a comunidades a que mais nenhum outro consegue chegar. A maioria das pessoas a que chegamos são “unbanked”, ou seja, o sistema financeiro tradicional não chega a elas, sendo também essa uma das principais razões para a pobreza extrema no caso de subsídios ou dependência externa", esclarece Marco Barbosa. Para além das pessoas em situação de pobreza extrema, estão identificadas cerca de duas mil milhões de pessoas no mundo que não têm acesso a serviços financeiros nem instituições bancárias.
 
Em oito meses, a impactMarket já distribuiu mais de 600 mil dólares de mais de 300 doadores por mais de 60 comunidades, que distribuiram o rendimento básico incondicional por cerca de 15 mil pessoas em países em desenvolvimento como a Argentina, Brasil, Cabo Verde, Filipinas, Ghana, Honduras, Nigéria, Quénia, Uganda e Venezuela (campos de refugiados, estudantes, bairros sociais, favelas, pequenos agricultores), o que representa cerca de 0.0015% da população em pobreza extrema.
 
Com presença em três continentes, a equipa conta abranger para breve comunidades no Iémen, Moçambique, Zimbabué, Somália e Afeganistão onde, segundo a startup, o impacto/dólar é mais elevado e contribui de forma mais significativa para o desenvolvimento das populações, e onde há difícil acesso a serviços financeiros.
 
A impactMarket está disponível em iOS (beta) e Android e brevemente em versão web.
 
Como funciona
Qualquer pessoa pode doar o valor que pretende a uma comunidade selecionada, sem qualquer limitação de valor. Através de um telemóvel com acesso à internet, na “ewallet de criptomoeda”, e na moeda local, os beneficiários conseguem fazer o levantamento do montante em casas de câmbio ou, nos locais que aceitem criptomoedas, fazer pagamentos. 
 
Toda a gestão e distribuição dos fundos é feita pelo smart contract da comunidade, de forma automática, onde cada beneficiário tem um limite de utilização, tendo que esperar determinado período de tempo até ao levantamento ou pagamento seguinte. Esta limitação beneficia quem reclama menos quantidade e de forma faseada, para uma gestão financeira sustentável.

 

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