Regressos e redescobertas: na companhia de Hong Sangsoo, Nobuhiro Suwa, James Benning e Charlie Lyne
Silvestre é um panorama do cinema livre, num tempo em que cada vez faz menos sentido falar de documentário ou ficção como territórios fechados, em que o cinema pode decidir expandir-se ou manter-se fiel às linguagens tradicionais que estiveram na sua origem. Silvestre é uma secção competitiva com júri próprio, que se desenha nesta liberdade com uma programação de curtas e longas metragens que mostra um intenso ano de produção. Assim, regressam alguns dos nomes que fizeram a história dos 15 anos do IndieLisboa e integram a secção outros que certamente acompanharemos nos próximos 15.
O imprevisível Radu Jude debruça-se, em Tara Moarta, sobre o anti-semitismo na Roménia dos anos 30 e 40 e a crueldade humana é vista sob a sua inteligente construção. Um antídoto para a tristeza poderá ser encontrado em Le Lion est mort ce soir, de Nobuhiro Suwa, a mais doce e bela morte de Jean-Pierre Léaud no ecrã. Regressamos ao soju é à límpida observação de Hong Sang-soo em Grass, para escutar conversas de café que põem a nu esquemas de pensamento e de relação. James Benning, em Readers, dá-nos uma nova oportunidade de apreciar o silêncio e a tranquilidade do acto de ler um livro.
Ainda nas longas metragens, convidamos os epectadores a redescobrir o cinema de Matjaz Ivanisin em Playing Men, e de Anthea Kennedy e Ian Wiblin em Four Parts of a Folding Screen.
Nas curtas, destacamos Painting with Joan, de Jack Henry Robbins. Com várias longas e curtas metragens na sua curta carreira, o filho de Sarandon e Robbins que exibiu Hot Winter no IndieLisboa 2017 em estreia europeia, volta ao festival com Paiting with Joan, que estreou este ano do Festival de Sundance. O filme ficciona a apresentação de um quadro e teorias conspirativas de extraterrestres e sexo.
A Brief Spark Bookened by Darkness, de Brent Green: também de Sundance vem esta curta de um realizador que esteve em competição (longas) em 2011. O inspirado cineasta adepto de efeitos e tecnologias no meio de histórias de amor, volta a um registo de animação muito bonito e simples.
Jodilerks de la Cruz, Employee Of The Month, de Carlo Francisco Manatad, estreou na Semana da Crítica de Cannes. Este realizador e montador filipino, presença habitual no IndieLisboa, volta aos seus temas habituais, e com humor apresenta-nos a dedicada Jodilerks no seu último dia de trabalho.
T.R.A.P de Manque la Banca acabou de estrear em competição no Festival de Berlim. Filmado com película fora de prazo, criando um grão adicional à imagem, esta história que viaja dentro do próprio tempo é uma homenagem ao cinema livre de quaisquer constrangimentos e é dona de uma poética evocadora.
Com o atrevimento que já lhe conhecemos, em Personal Truth, Charlie Lyne (de quem já mostrámos o inesquecível Beyond Clueless) questiona a incapacidade que os humanos têm de evitar procurar culpados, e de como as aparentes realidades se transformam em verdades absolutas.
Programa completo no dia 27 de Março em www.indielisboa.com
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