Investigadora portuguesa finalista dos Prémios Europeus de Energia Sustentável

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 Carla Silva Gonçalves é investigadora no INESC TEC desde 2015

 
Aos 30 anos, Carla está entre os jovens europeus mais inovadores na área da energia ao usar a matemática para melhorar a previsibilidade da produção de energia elétrica de base renovável
A investigadora portuguesa Carla Silva Gonçalves é uma das três finalistas na categoria “Young Energy Trailblazer” dos Prémios Europeus de Energia Sustentável, promovidos pela Comissão Europeia. A investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) desenvolveu modelos matemáticos que permitem reduzir os erros de previsão da produção de energia elétrica de base renovável, contribuindo para aumentar a de fontes de energia renovável na rede elétrica. As votações já arrancaram e decorrem até 18 de setembro - aqui.
 
“Métodos matemáticos muito sofisticados são essenciais para construir os sistemas energéticos do futuro”, acredita Carla Silva Gonçalves, sublinhando que “apesar das energias renováveis, como a eólica ou a solar, terem muitos benefícios, há desafios que precisam de ser superados devido à sua dependência de variáveis atmosféricas”. Nesse sentido, “as previsões são importantes para garantir o balanço entre a produção e o consumo de energia elétrica, considerando os altos níveis de integração de energia renovável na rede elétrica”, acrescenta.
 
Este é o ponto de partida do trabalho de investigação que Carla Silva Gonçalves desenvolve no INESC TEC e que contribui para a transição energética e digitalização do sistema elétrico europeu.  Em concreto, a investigadora desenvolveu modelos matemáticos de apoio à decisão em sistemas elétricos com forte participação de fontes de energia renovável. O intuito destes métodos é reduzir os erros de previsão face à variabilidade meteorológica que afeta significativamente a produção oriunda de energias renováveis.
 
Além da variabilidade meteorológica, existe ainda um outro desafio: a partilha de dados (essencialmente confidenciais) entre os diferentes atores do sistema elétrico e o benefício que pode ter numa gestão mais otimizada das centrais elétricas de base renovável. Neste contexto, e pensando que a previsibilidade pode ser tanto maior quanto maior for a quantidade de dados partilhada, Carla Silva Gonçalves propõe um modelo de ‘previsão colaborativa’, e desenvolveu também um mecanismo de mercado de dados que combina informações entre si e permite a sua monetização.
 
“Colaborei com várias empresas e institutos no desenvolvimento de modelos de previsão que são ou serão integrados em ferramentas digitais para ajudar as tomadas de decisão no sentido de aumentar a participação de fontes de energia renovável e reduzir o desperdício dessa energia”, explica Carla.
 
“O que a Carla desenvolveu é tão original que ela não só publicou os resultados em revistas académicas, como também apresentou um pedido de patente europeia”, elogia o seu ex-orientador de doutoramento, Ricardo Bessa, Coordenador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC “A Carla está a explorar dois novos conceitos”, continua “um deles é a previsão colaborativa, considerando a privacidade dos dados. O outro é a criação de um mecanismo de mercado que permite às empresas comprar e vender esses dados”.
 
O trabalho de investigação já resultou numa patente, cinco artigos em jornais especializados e seis em conferências internacionais “Espero continuar a usar a matemática para melhorar a previsibilidade das energias renováveis ??e contribuir para as metas europeias de clima e energia”, acrescenta Carla.
 
Promovidos pela Comissão Europeia, os Prémios Europeus da Energia Sustentável reconhecem pessoas e projetos que se destacam pela inovação ao nível da eficiência energética e energias renováveis. Ao todo, estão a votação quatro categorias: Inovação, Ação Energética Local, Mulher na Energia e Young Energy Trailblazer. Esta última, na qual Carla está inserida, tem como objetivo reconhecer pessoas com menos de 35 anos que realizem atividades de destaque na área da transição energética na Europa. Os finalistas foram escolhidos por um júri de alto nível a partir de uma lista de projetos e ações de maior sucesso para energia limpa, segura e eficiente.  Para além da investigadora portuguesa, competem, na mesma categoria, a francesa Marie Jeanmougin e a romena Timea Farkas.
 
Os vencedores serão, agora, decididos por uma votação pública online que está aberta até 18 de setembro.  

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