Primeiro Centro de Testes Europeu para Tecnologias Robóticas Marítimas nasce em Viana do Castelo
Espaço detém condições únicas para testar diversos tipos de robôs e tecnologias de inteligência artificial
Desenvolvido no âmbito do projeto europeu ATLANTIS, liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), o novo Centro de Testes está instalado em Viana do Castelo. Financiado em 8.5 milhões de euros pelo programa Horizonte 2020, é único em Portugal e o primeiro da Europa, estando orientado à inspeção e manutenção de parques eólicos offshore com recurso a tecnologias robóticas marinhas.
Instalado na zona portuária do rio Lima, o centro dispõe de condições únicas para testar diversos tipos de robôs e tecnologias de inteligência artificial. O ATLANTIS Test Centre está disponível à comunidade nacional e internacional que pretenda validar e demonstrar as suas soluções robóticas. Os resultados dos testes serão usados para identificar as vantagens competitivas e avaliar a prontidão das soluções para uma utilização em ambiente marítimo, por parte dos gestores ou proprietários de parques eólicos marítimos.
Este é o primeiro centro da Europa especializado em parques eólicos marítimos de fundações flutuantes. Resultado de um financiamento de 8.5 milhões de euros do programa Horizonte 2020, contém todas as infraestruturas necessárias para o suporte de testes e validações de tecnologias robóticas marinhas direcionadas à inspeção e manutenção.
Andry Maykol Pinto, investigador do INESC TEC, docente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e coordenador do projeto ATLANTIS, explica que o Centro se foca em dois pilares principais de inovação: “a disponibilização de um ambiente controlado de validação para tecnologias robóticas de suporte às atividades de inspeção e manutenção de turbinas eólicas offshore, desde a fase de conceção até à criação de produto, e a caracterização do real valor que essas soluções aportam à cadeia de valor deste sector em forte expansão”.
O responsável pelo projeto garante que o novo centro vem suprimir uma lacuna existente no processo de desenvolvimento de soluções robóticas. “A realização de testes em ambiente real é algo muito complexo e, por isso, muita da ciência realizada, um pouco por toda a Europa, permanece nos laboratórios à espera de oportunidades de demonstração em contexto autêntico. O ATLANTIS Test Centre é uma oportunidade para a Europa em desenvolver, de forma sustentada, aplicações robóticas e de inteligência artificial que possibilitem aumentar a sustentabilidade dos parques eólicos marítimos”.
O centro está preparado para testar tecnologias para os três domínios presentes em ambiente marinho: aéreo, superfície e subaquático. Para além disso, é possível o teste e validação de desenvolvimentos em inteligência artificial ligados à inspeção e manutenção de ativos offshore, incluindo ferramentas de otimização de recursos, planeamento e monitorização de operações.
O projeto europeu ATLANTIS - The Atlantic Testing Platform for Maritime Robotics: New Frontiers for Inspection and Maintenance of Offshore Energy Infrastructures vem reforçar o desenvolvimento de tecnologias de monitorização e manutenção de infraestruturas eólicas no mar e é liderado pelo INESC TEC, com participação da EDP NEW e apoio de diversos parceiros tecnológicos e académicos de referência mundial.
João Formiga, Responsável da Área de Tecnologias Renováveis da EDP NEW, acrescenta que “o objetivo é que possamos testar soluções que permitam, a curto e médio prazo, reduzir os custos e tempos das atividades de Operação e Manutenção em ambiente offshore. A introdução de tecnologias robóticas e digitais avançadas tem o potencial benefício de aumentar a segurança das atividades offshore e expandir o conhecimento acerca do estado dos ativos. O Centro de Testes afigura-se também como um local único e de fácil acesso para que os tecnólogos nacionais possam acelerar o desenvolvimento e teste das suas soluções”.
“Uma das componentes desta infraestrutura é a existência de estrutura metálica flutuante de 16 metros de diâmetro e 8 metros de altura, que reflete diferentes desafios técnicos que robôs autónomos precisam de ultrapassar”, acrescenta Andry Maykol Pinto, ressalvando que estão também presentes ânodos, cabos de amarração e outros elementos que requerem inspeção e manutenção periódicas. Acresce ainda que o espaço está dotado de infraestruturas de comunicação e logística para fácil colocação e recolha de veículos da água, barcos de apoio e monitorização das operações em tempo-real.
O centro pode ser utilizado por empresas, universidades e institutos de investigação que desenvolvam soluções robóticas para ambientes marítimos offshore e que queiram validá-las ou até demonstrá-las a potenciais clientes. Por outro lado, pode ainda ser usado por prestadores de serviços de inspeção e manutenção offshore, bem como donos de ativos, para demostração ou avaliação de metodologias e requalificação de operadores.
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