Assédio no local de trabalho: os 5 tipos que ocorrem com mais frequência

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  • Segundo a Organização Internacional do Trabalho, cerca de 743 milhões de pessoas no mundo sofrem assédio nos seus locais de trabalho, ou seja 22,8% da população mundial.
  • O ambiente de trabalho atual, caracterizado por ser mutável e exigente, pode levar os gestores a terem dificuldades em identificar e a gerir o assédio no trabalho.
  • Alguns dos tipos mais frequentes de assédio no local de trabalho são 'bossing' ou cyberbullying.

O último inquérito global da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que cerca de 743 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem assédio no local de trabalho ou 'mobbing', o que representa 22,8% do total da população mundial ativa ao longo da sua vida.

Uma prevalência mundial tão elevada, a gravidade das consequências para as vítimas e o seu impacto em praticamente todas as esferas da sociedade exigem que o tratamento desse problema seja feito a partir de uma deteção e de uma prevenção precoces. O assédio moral no trabalho pode impactar severamente a qualidade de vida da vítima, com problemas que vão desde transtornos de ansiedade, stress e depressão, problemas de sono, problemas de concentração e memória até dores musculares e somatização crónica, o que também acarreta uma deterioração de sua saúde geral e uma queda no desempenho e motivação no trabalho. A empresa, por outro lado, também pode ser afetada, pois há maior risco de absentismo e baixa prolongada por doença, ou mesmo receber reclamações ou reclamações perante a Inspeção do Trabalho. Por esta razão, os gestores, como os maiores responsáveis ​​pela identificação e fiscalização dos riscos profissionais, devem estar atentos ao cumprimento das normas vigentes quanto à sua prevenção e utilizar todos os meios para preservar a segurança e saúde tanto dos trabalhadores como da própria empresa.

No entanto, nos últimos anos, a transformação dos ambientes de trabalho decorrente da ascensão da digitalização e das tecnologias da informação e comunicação, bem como a generalização do teletrabalho, tornou o ambiente de negócios altamente mutável e exigente em prol de sua eficiência e adaptação às mudanças. Esse fator pode dificultar aos gestores a deteção e a gestão de más práticas no ambiente de trabalho e, portanto, colocá-los em risco, a si e à sua organização. Nesse sentido, e com o objetivo de ajudar os gestores a identificar indícios e ações que configuram assédio no trabalho, a seguradora Hiscox quis relembrar os tipos mais frequentes que estão considerados no seu Guia de Práticas Laborais, elaborado em colaboração com o escritório de advogados espanhol Muñoz Arribas.

 

'Mobbing'

Segundo a definição da OIT, é qualquer ação verbal ou psicológica hostil que ocorra de forma sistemática e persistente contra um único indivíduo no ambiente de trabalho, sempre com o objetivo de ofendê-lo, intimidá-lo ou humilhá-lo. Pode manifestar-se, por exemplo, na propagação de boatos falsos, no isolamento do colega, na depreciação ou calúnia, entre outros. Este é o termo em inglês para o que é normalmente conhecido em Portugal como assédio no local de trabalho, por isso é necessário distingui-lo de 'bullying', que é qualquer ato de assédio ou maus-tratos que ocorre entre alunos na escola e que tem um caráter mais físico e menos psicológico.

 

‘Bossing’

Esse tipo de assédio no trabalho ocorre quando o agressor é uma autoridade hierárquica no local de trabalho, como um gerente ou responsável, se aproveita da sua posição de poder para assediar um funcionário. Por vezes, o agressor ou os agressores recorrem mesmo ao recurso a ameaças de despedimento, de forma a induzir o medo na vítima e, desta forma, aumentar a produtividade ou levá-la a despedir-se do trabalho.

 

Bullying cibernético

Apesar de o termo cyberbullying estar normalmente relacionado com o ambiente estudantil, no qual, de facto, há uma prevalência de 30% em todo o mundo, segundo dados da Unicef, nos últimos anos tornou-se um risco emergente nos locais de trabalho, sobretudo devido ao boom do teletrabalho. Este tipo de assédio engloba todos aqueles comportamentos agressivos ou de 'mobbing' que ocorrem através de canais digitais como mensagens instantâneas, chamadas, redes sociais ou e-mail.

 

‘Harassment’

Embora este tipo de assédio, o 'mobbing' ou o 'bullying' possam ser considerados fundamentalmente iguais, a verdade é que existe uma diferença que é interessante ter em conta. Por ‘harassment’ entende-se o assédio sistemático e constante de um indivíduo no ambiente de trabalho, mas geralmente ocorre exclusivamente por motivos baseados em características e diferenças individuais, como orientação sexual, idade ou etnia.

 

‘Stalking’

É uma forma de assédio moral em que o agressor interrompe de forma perturbadora, reiterada e, sobretudo, indesejada, a vida de uma pessoa com quem não mantém relação ou com quem já teve relação anterior. Esse tipo de assédio pode ocorrer no ambiente de trabalho, manifestando-se em condutas como abordagem física indesejada, acesso a informações sigilosas da vítima, furto de objetos da vítima, vigilância durante o horário de trabalho e pode até levar ao abuso sexual.

 

O contexto atual coloca uma exigência acrescida sobre os gestores: que as suas empresas sejam socialmente responsáveis, o que passa também por garantir um ambiente de trabalho saudável dentro das organizações. Não zelar por esse aspeto pode ser considerado um ato negligente, sendo certo que nem todas as situações de assédio laboral são fáceis de detetar em tempo útil. Por isso, do lado do mercado segurador, existe uma preocupação em apoiar e proteger diretores e administradores de empresas perante este tipo de situações e de riscos. Não só através das apólices de Responsabilidade Civil de Diretores e Administradores – vulgarmente conhecidas como D&O – como através da veiculação de informação útil e de boas práticas sobre o tema, como é o caso do Guia de Práticas Laborais da Hiscox.” afirma Ricardo Azevedo, Diretor Técnico da Innovarisk.

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