Seguradora Hiscox nomeia os 100 principais artistas contemporâneos

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  • David Hockney e Aboudia foram os artistas mais vendidos em 2022, com base no valor global de leilões das suas obras (Hockney), e no número total de obras de arte vendidas (Aboudia), respetivamente.
  • Uma análise à tendência dos últimos cinco anos mostra que as vendas de arte contemporânea atingiram o seu maior valor em 2021, mas que um número recorde de obras foram vendidas em leilão em 2022
  • Cada vez mais obras chegam cedo a leilão: a venda de “tinta fresca” (obras de arte leiloadas nos primeiros dois anos após a sua produção) aumentou 166% em 2022.

                                                                                                                                                                                

David Hockney foi o artista mais vendido no ano passado, em valor leiloado, gerando US$ 75 milhões, enquanto Aboudia lidera a lista do maior número de obras de arte vendidas no mesmo período, de acordo com o Hiscox Artist Top 100 (HAT 100). O relatório da seguradora internacional* – que estuda desde 2000 as principais tendências do mercado de arte contemporânea – identifica os artistas contemporâneos mais vendidos, tanto em valor como pelo número de obras vendidas em leilão.

 

Tendências

  • David Hockney lidera o ranking de valor de vendas em 2022, gerando US$ 75 milhões em obras realizadas após 2000. É seguido por Yayoi Kusama (US$ 62 milhões), Yoshitomo Nara (US$ 49 milhões), Cy Twombly (US$ 46 milhões) e Adrian Ghenie (US$ 34 milhões).
  • Aboudia foi quem vendeu mais obras de arte em 2022, com um total de 75 obras, seguido de Damien Hirst (73 lotes), Edgar Plans (65 lotes), Yoshitomo Nara (62 lotes) e Jordy Kerwick (61 lotes).
  • Banksy gerou o maior valor de vendas nos últimos cinco anos – faturando 205 milhões de dólares em leilões de obras de arte pós-2000, seguido por Yoshitomo Nara (US$ 189 milhões), George Condo (US$ 183 milhões), Yayoi Kusama (US$ 177 milhões) e KAWS (US$ 136 milhões).
  • KAWS vendeu o maior número de lotes nos últimos cinco anos, com 397 obras de arte, excluindo impressões e edições limitadas, num total de US$ 136 milhões. Foi seguido por Yoshitomo Nara (269 lotes), Damien Hirst (226 lotes), George Condo (219 lotes) e Yayoi Kusama (181 lotes).

 

As obras de arte de Banksy geraram US$ 205 milhões em leilão nos últimos cinco anos, até 2022, enquanto KAWS está no topo da lista com o maior número de peças vendidas durante o mesmo período. Apesar de Banksy estar no topo da lista em valor nos últimos cinco anos, a procura pelas suas obras tem reduzido desde 2021 – com as vendas em leilão de obras únicas a caírem 73% em 2022, e o número de obras únicas em leilão a diminuírem 33%.

Com o mercado de Banksy em retração, David Hockney subiu, em 2022, ao topo do ranking de vendas em leilão, por valor, para obras produzidas pós 2000, empurrando Banksy para o sexto lugar. As obras mais recentes de Hockney arrecadaram US$ 75 milhões, quase quatro vezes o valor das vendas de 2021. ‘Winter Timber’ (2009) foi a pintura de Hockney de maior valor vendida em 2022, tendo sido leiloada pela Christie’s em New York por US$ 20 milhões, em novembro.

Embora o artista americano KAWS tenha vendido mais obras entre 2018 e 2022 do qualquer outro, o número de peças suas a leilão caiu 83% desde o pico de 2019, deixando-o em 17º lugar em 2022. Nesse ano, o artista contemporâneo americano-costa marfinense Aboudia liderou a lista de peças vendidas, com um total de 75 obras, seguido de Damien Hirst que voltou a surgir como o segundo artista mais vendido em número de obras (73), duplicando os lotes vendidos em 2021.

Segundo Rui Ferraz, Diretor Comercial da Innovarisk, apesar de Banksy e KAWS terem dominado as vendas mundiais de arte no conjunto dos últimos 5 anos, o mercado de arte contemporânea não é impermeável aos acontecimentos a que assistimos todos os dias nos telejornais. Em momentos conturbados, de guerras, doença, e de turbulência económica (o verdadeiro quinto cavaleiro do Apocalipse), os investidores preferem o valor mais seguro de artistas consagrados como Hockney. Mas o facto de os artistas contemporâneos refletirem nas suas obras os medos, anseios e dúvidas de uma geração, mas também as suas próprias crenças e opiniões, faz com que a sua popularidade varie ao ritmo dos acontecimentos, e da sua posição sobre os mesmos.

 

Mais arte a ser leiloada e mais rapidamente

Nos últimos dois anos assistimos a um aumento significativo do valor total das obras de arte contemporâneas vendidas, atingindo um pico de quase 1,2 mil milhões de dólares em 2021. Houve também um incremento importante no número de obras vendidas em leilão em 2022, com 5.726 peças pós-2000 vendidas pela Sotheby’s, Christie’s e Phillips, um aumento de 48% em relação ao ano anterior.

O relatório HAT 100 também parece mostrar um mercado arte cada vez mais especulativo, com o número de obras de “tinta fresca” (obras de arte leiloadas nos primeiros dois anos após a sua produção) a mais que duplicar no ano passado. Em 2022, 1.033 lotes de “tinta fresca” foram vendidos em leilão na Christie’s, Sotherby’s e Phillips, acima dos 478 oferecidos em 2021 – um aumento de 116%.

Ainda de acordo com Rui Ferraz, “como todos os outros, o mercado de arte contemporânea tem-se tornado mais especulativo com o tempo. O excesso de liquidez (incluindo em criptomoeda) dos últimos anos faz com que qualquer potencial next big thing dispare nos mercados secundários (leilões, físicos ou online), enquanto está nas bocas do mundo, porque o ruído mediático gera uma autêntica corrida ao ouro em que ninguém quer ficar para trás. A arte é sempre um ativo atraente, e relativamente seguro, para os investidores a longo prazo, mas a revenda em períodos tão curtos terá sempre um efeito desestabilizador no mercado, criando potencias bolhas especulativas que algum dia terão o fim habitual.”

 

Expectativas para 2023

Os primeiros dados de 2023** colocam Yayoi Kusama como a favorita nas vendas totais para esse ano, tendo ultrapassado David Hockney nos primeiros seis meses do ano. Os números entre janeiro e final de junho de 2023 também indicam uma reorganização significativa do top 10 restante, com artistas como Jeff Koons, Takashi Murakami, Cecily Brown, Matthew Wong, Nicolas Party e Mark Bradford a emergirem novamente. Damien Hirst lidera, até à data, os lotes vendidos em 2023, seguido de Yoshitomo Nara e Yayoi Kusama.

 

 

*A pesquisa foi realizada pela ArtTactic e é baseada em obras de arte únicas (edições não incluídas) produzidas após o ano 2000, vendidas em leilões na Christie's, Sotheby's e Phillips entre 2018 e 2022. A pesquisa inclui mais de 23.000 lotes de mais de 3.800 artistas.

** Números adicionais para o primeiro semestre de 2023 fornecidos pela ArtTactic, novamente com base em obras de arte exclusivas (edições não incluídas) produzidas após o ano 2000, vendidas em leilões na Christie's, Sotheby's e Phillips entre 1 de janeiro de 2023 e 30 de junho de 2023.

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