Quatro em cada dez portugueses ficam sem dinheiro depois de pagar as contas

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• Um terço dos Portugueses considera a hipótese de emigrar devido à situação financeira em Portugal

• 29% dos portugueses considera que não tem dinheiro suficiente para uma vida digna

• As poupanças dos portugueses resultam da redução das despesas de lazer e vestuário, bem como da diminuição das refeições feitas fora de casa.

A Intrum Justitia apresenta hoje, pela primeira vez, os dados do Consumer Payment Report Português realizado junto de 10.000 consumidores em 21 países europeus com o objetivo de entender os seus comportamentos de pagamento.

De acordo com Luis Salvaterra, Diretor Geral da Intrum Justitia, “Como impulsionadores de uma economia sólida, sentimos necessidade de conhecer a opinião dos consumidores e conhecer melhor o seu comportamento quando pagam bens e serviços”.

Os resultados do estudo mostram que um terço dos consumidores europeus se encontra numa situação financeira incómoda, o que pode ameaçar a recuperação económica a longo prazo e criar tensão entre os diversos países.

A razão dos problemas financeiros entre os consumidores europeus difere. O relatório mostra que os inquiridos dos países da europa do Norte (Alemanha, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Áustria e Suíça) estão numa situação financeira mais favorável do que a média europeia, nomeadamente no que respeita aos índices de desemprego. No entanto, não estão totalmente protegidos do sobre-endividamento, uma vez que nestes países o acesso ao crédito é utilizado com mais frequência e acabam por entrar igualmente em dificuldade financeira.

Nos países do sul e da Europa de Leste (Itália, Espanha, Grécia, Hungria, Polónia, Estónia, República Checa e Eslováquia) os entrevistados, que enfrentam elevados índices de desemprego, indicam a falta de liquidez como a principal causa dos seus problemas financeiros.

Para Luis Salvaterra, “É preciso incutir nas gerações mais novas uma cultura de gestão financeira. Este trabalho deverá ser feito pelas escolas e pelas famílias para assim se alterarem os hábitos de pagamento a longo prazo. Em Portugal, por exemplo, através do nosso estudo, concluímos que 68% dos inquiridos dizem ensinar os seus filhos a lidar com o dinheiro. É um sinal que os comportamentos se começam a alterar, mas ainda há muito para fazer”.

O mesmo responsável acrescenta ainda que “para resolver a situação e devolver a confiança aos consumidores europeus têm de ser tomadas algumas medidas e a responsabilidade recai sobre as empresas, autoridades e a banca. Mais regulação e reforço de medidas têm de ser implementadas nos países do Sul da europa de forma a assegurar que as empresas sejam capazes de prosseguir com os seus negócios de forma saudável e expandir as suas operações. Também os consumidores têm de ser capazes de confiar que a regulação irá ajudá-los a evitar situações de incumprimento”.

No que respeita a Portugal, o novo estudo da Intrum Justitia revela um cenário preocupante, uma vez que as pessoas têm de ser capazes de gerir as suas finanças pessoais em paralelo com a atual crise financeira. Assim, quatro em cada dez portugueses afirmam ficar sem dinheiro depois de pagar as contas ou têm grande dificuldade em cumprir os pagamentos mensais. Um terço (33%) considera a hipótese de emigrar devido à situação financeira em Portugal e 29% disseram que não têm dinheiro suficiente para uma vida digna.

A maioria dos inquiridos nacionais paga as suas contas a tempo e 86% concordam que o pagamento dentro do prazo estabelecido é normal e saudável, no entanto, algumas contas são pagas após o prazo contratado, nomeadamente, multas de trânsito, faturas de telemóvel, internet e despesas com a educação. Dentro das despesas pagas dentro do prazo indicado destaca-se a prestação da casa, os seguros e os impostos.

Ainda no que respeita ao nosso país, 39% afirmam que não sobra dinheiro depois de pagarem as suas despesas, 38% têm grande dificuldade em pagar todas as contas do mês e 83% sabe exatamente quais as contas que recebe mensalmente.

Em Portugal, 56% dos inquiridos mencionaram que faziam uma reserva para despesas inesperadas e 30% poupa uma quantia fixa por mês. Estas poupanças conseguidas pelos portugueses resultam essencialmente da redução das despesas de lazer (91%) e vestuário (89%), bem como da diminuição das refeições feitas fora de casa (91%).

Dos entrevistados, 11% afirmou que habitualmente não pede dinheiro emprestado para pagar as suas contas quando há necessidade de recorrer a um empréstimo, utilizam principalmente o seu próprio banco, o reforço da utilização do cartão de crédito e a própria família. Neste universo 66% concordam que muitas vezes não conseguem cumprir os seus compromissos impedindo que o dinheiro circule e incremente a economia.

Respetivamente, sete e nove em cada dez portugueses consideram que a União Europeia e o seu próprio Governo não têm controlo financeiro e quatro em cada dez portuguese dizem sentir que não conseguem gerir as suas finanças.

O Consumer Payment Report para o nosso país revela ainda que cinco em cada dez inquiridos acreditam que mais de 50% dos portugueses não podem pagar as suas contas a tempo e 28% afirma que as mulheres gerem melhor as finanças.

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