As compras voltaram à rua: Mais de 85% dos lojistas no Príncipe Real são portugueses
Uma das zonas que sentiu uma maior mudança nos últimos cinco anos a nível de comércio de rua, o Príncipe Real tem vindo a distinguir-se claramente pelo posicionamento alternativo e pela forte presença de lojistas portugueses, os quais representam 87% do retalho presente neste bairro. Este é um dos destaques do “Lisbon Street Shopping”, o estudo da JLL, que analisa em detalhe cinco clusters de comércio de rua em Lisboa. Curiosamente, nota a consultora, grande parte dos lojistas presentes nesta zona, que conta com 8.700 m² de espaços comerciais ocupados, revelaram que mais de 80% das suas vendas são realizadas a estrangeiros.
Para Patrícia Araújo, Head of Retail da JLL Portugal, “o Príncipe Real representa hoje a inovação e a diferença no que diz respeito quer à oferta de espaços quer aos conceitos comerciais. Boémio, alternativo, autêntico e chic são os adjetivos que melhor caracterizam esta zona, que tem vindo a emergir ao longo dos últimos 5 anos e que está definitivamente no radar de compras e turismo de Lisboa”.
E acrescenta: “Conceitos inovadores, ateliers de moda e espaços alternativos têm vindo a implementar-se no Príncipe Real, onde o lema a união faz a força está cada vez mais presente, com conceitos tipicamente de rua a juntarem-se em palacetes dotados das funcionalidades típicas de uma galeria comercial”.
Esses palacetes são o projeto Embaixada e o Entre Tanto, o primeiro focado na manufatura nacional e o segundo mais centrado na moda, conveniência e espontaneidade, ambos juntando num mesmo espaço empreendedores e conceitos diferenciadores. De acordo com a JLL, do total dos 8,700 m² ocupados pelo comércio de rua, área da qual se excluem estes dois projetos comerciais, 55% são para novos conceitos ou lojas únicas, contra 10% ocupados por cadeias de retalho quer nacionais quer internacionais, e 35% pelo comércio tradicional.
Catarina Lopes, da Eastbanc, empresa de promoção imobiliária que tem investido fortemente no Príncipe Real e é responsável pela dinamização dos dois palacetes e do próprio bairro, nota que esta “é uma zona cosmopolita onde, simultaneamente, se respira um ambiente de bairro. Somos suspeitos, com quase 20 prédios investidos aqui, mas achamos esta a zona mais atraente de Lisboa, totalmente transversal em culturas urbanas, estratos etários e níveis socioeconómicos. Estas características refletem-se e originam-se no comércio de rua, onde se pode encontrar, como em nenhum outro bairro, inovação e o “trendy-chic” autenticamente português, dinamizado por uma nova geração de empreendedores nacionais”.
O setor de moda e acessórios é o mais representativo (42% da oferta), sendo que grande parte destas lojas se dirigem ao segmento premium e, mais concretamente, ao premium alternativo, caracterizado pelo estilo hippie chic. Os produtos para casa e a decoração também têm vindo a ganhar expressão, contando com mais de 10 das 27 lojas presentes no Príncipe Real (contagem que considera o Entre Tanto e a Embaixada como dois espaços e não contabiliza o número de espaços aí integrados). A restauração mais trendy é outra marca da oferta desta zona, onde têm aberto portas diversos novos restaurantes com este posicionamento, como são os casos do Prego da Peixaria, o The Decadente ou o recente Fluid.
Além da Embaixada, inaugurada em 2013, e do Entre Tanto, inaugurado em 2014, abriram 21 novas lojas desde 2012 nesta zona de Lisboa, onde a renda prime se situa atualmente nos 35 euros/m²/mês, com uma disponibilidade de apenas 860 m² de espaços para lojas.
Recorde-se que a JLL lançou no início de Outubro o estudo “Lisbon Street Shopping – A Afirmação do Comércio de Rua em Lisboa”, que analisa a evolução do comércio de rua em Lisboa, com um olhar detalhado sobre os cinco principais destinos de compras na capital, apresentando, para cada um, informação sistematizada nunca antes apurada para este mercado, incluindo absorção, tenant mix, disponibilidade e rendas por zona. Estes destinos incluem a avenida da Liberdade, rua Castilho, Chiado, Baixa e o Príncipe Real.
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