Seis princípios para atletas que também funcionam no trabalho

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Alexia Cambon, Senior Director of Research da Microsoft, estava a treinar para correr maratonas, mas o treinador de força e condição física tinha-lhe pedido para praticar saltos.

Frustrada, afirmou não estar a perceber os exercícios. Em "Sports Training Principles", publicado na Current Sports Medicine Reports, o Dr. Korey Kasper apresenta seis princípios fundamentais para melhorar o desempenho e a condição física, incluindo a "especificidade", ou seja, a conceção de exercícios para os movimentos e intensidades específicas no desporto. Isso explica o salto: os corredores de longa distância precisam de fortalecer as pernas para absorverem choques repetidamente, tal como fariam numa corrida de horas.

De repente, os conselhos do treinador fizeram mais sentido. E isso levantou a questão: será que esses seis princípios podem ser transpostos do mundo do desporto para o local de trabalho? Para aprofundar o tema do trabalho e do desempenho, recorremos aos dados do Work Trend Index anual da Microsoft, um inquérito realizado a 31 mil pessoas em 31 países, que abordou todos os aspetos, desde o desenvolvimento de competências à definição de objetivos e ao burnout. Aqui estão seis princípios a considerar para o seu local de trabalho:

1. Sobrecarga: Esticar, mas não rebentar

No desporto:
Para ficarem mais fortes, os atletas precisam de expor os seus tecidos a uma tensão maior do que aquela a que estão habituados - pense num treinador que acrescenta um pouco mais de peso à barra de alguém. Mas se colocar demasiados quilos, o atleta pode magoar-se.
No trabalho: Tal como os treinadores, os líderes têm de proporcionar aos colaboradores o grau certo de desafio para os ajudar a crescer sem os sobrecarregar. Muitas pessoas sentem-se sobrecarregadas pelo trabalho nos últimos anos – de acordo com o mais recente estudo da Microsoft, dois em cada três inquiridos (67%) afirmaram que as elevadas cargas de trabalho impedem um melhor desempenho.

2. Progressão: Procurar alcançar metas de forma gradual

No desporto:
Para os atletas melhorarem, precisam de aumentar a intensidade do treino, adicionando mais peso, voltas ou repetições. Mas o ritmo da progressão ao longo do tempo também é crucial: Se estiver fora de forma e tentar treinar para uma maratona em apenas algumas semanas, pode lesionar-se. O segredo é encontrar o nível certo para uma progressão gradual.
No trabalho: O Work Trend Index concluiu que a principal dificuldade que os colaboradores enfrentam é não ter tempo e energia suficiente para fazer as coisas. Imagine-se a fazer uma apresentação importante - é o equivalente, em termos de trabalho, a um dia da corrida. Precisa de tempo suficiente para estar bem preparado.

3. Individualização: Esqueça o "one size fits all"

No desporto:
Todos os atletas são diferentes. Têm diferentes formas e tamanhos de corpo, histórias, bloqueios mentais, circunstâncias de vida, etc. Por isso, sim, um atleta precisa de se adaptar a um regime de treino, mas o inverso também deve acontecer.
No trabalho: As pessoas dispõem de mais ferramentas do que nunca para personalizar o trabalho de modo a que este se adeque melhor a cada colaborador. O trabalho híbrido normalizou horários mais flexíveis, dando às pessoas a possibilidade de sair para fazer exercício ou acompanhar um familiar ao médico. (Um aspeto que os líderes devem ter em mente quando incentivam as pessoas a reunirem-se pessoalmente com mais frequência: a ligação humana é significativa para as pessoas e 84% dos colaboradores estariam motivados a comparecer para socializar com os colegas de trabalho, enquanto 85% estariam motivados pela reconstrução dos laços de equipa).

4. Reversibilidade: Use-o ou perca-o

No desporto:
"Reversibilidade" é a terminologia desportiva para um princípio familiar: se não mantiver o nível desportivo, o seu desempenho e condição física diminuirão. É por isso que os treinadores incentivam os atletas a manterem-se em forma durante as férias.
No trabalho: Para os líderes, este princípio é mais importante quando se trata de ajudar as equipas a aprender e a crescer no trabalho. As organizações investem biliões de dólares todos os anos na atualização e requalificação dos colaboradores - mas se os colaboradores não utilizarem o que aprendem, provavelmente não se lembrarão. É a isso que os investigadores se referem como a "curva do esquecimento". À medida que a IA transforma a forma como trabalhamos, o investimento na aprendizagem nunca foi tão crucial. E 85% dos colaboradores afirmam que ter oportunidades suficientes para praticar novas habilidades beneficiaria o seu desempenho.

5. Periodização: Treinar, descansar, repetir

No desporto:
Muitas pessoas pensam que o desempenho é uma linha contínua, que aumenta com o tempo. A realidade é que o treino deve ser concebido como uma série de ciclos que incluem períodos de descanso e recuperação. Um atleta não pode estar sempre a trabalhar a todo o vapor.
No trabalho: O risco de burnout - e o custo que representa para as organizações - continua a ser elevado. No estudo Work Trend Index, quase metade (49%) dos inquiridos afirmam estar esgotados. Este número sobe para 54% no caso dos decisores empresariais. Um bom desempenho só pode ser mantido ao longo do tempo se os colaboradores estiverem bem descansados.

6. Especificidade: Alcançar o objetivo final

No desporto:
Os treinadores têm sempre em mente o desporto e o objetivo específico de um atleta - e o treino deve ser concebido para corresponder. Assim, se for um corredor de longa distância, precisa de treinar as pernas para absorver os pequenos e contínuos choques da modalidade.
No trabalho: O trabalho diário dos seus colaboradores corresponde ao resultado que gostaria que eles atingissem? Por outras palavras, estão a exercitar os músculos certos todos os dias para atingirem os seus objetivos e crescerem na sua função? Para se ter uma ideia, 65% dos colaboradores dizem que não têm prioridades e objetivos suficientemente claros para realizarem o seu trabalho e 66% dizem que não têm motivação suficiente. Os colaboradores têm dificuldades quando não sabem o seu "porquê", e compreender a ligação entre as suas tarefas diárias e o panorama geral é essencial para o seu desempenho.


Por esse motivo, importa perceber: estará um colaborador a fazer demasiados sprints seguidos? Está a receber a formação necessária para se adaptar às novas tecnologias, como a IA, e está a utilizar essas novas competências no seu trabalho diário? Os líderes devem capacitar os colaboradores para utilizarem todo o seu potencial - de forma sustentável - na maratona que é uma carreira.



Saiba mais sobre o impacto da tecnologia e da inovação na superação e evolução da performance desportiva dos atletas de alta competição na keynote Patrícia Mamona no palco do Building The Future, aqui.

Para mais informações, consulte o blog, “Six Principles for Athletes that Work for Work, Too”. Para consultar a versão completa do estudo Work Trend Index, aceda ao Worklab da Microsoft.
 

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