Câmara Municipal retira árvores ao arrepio dos cidadãos

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VIRA O DISCO E TOCA O MESMO
 
O que motivará um Município Algarvio a retirar árvores duma praça, numa obra dita de requalificação urbana?
 
Na semana passada os habitantes da cidade de Faro foram surpreendidos com a poda radical e posterior desenraizamento de árvores junto à Praça Ferreira de Almeida, em Faro, árvores com várias décadas, que sombreavam um dos principais largos da Baixa da cidade, localizadas na  “Zona Geral de Proteção do Palacete Doglioni”, que está classificado como IIP - imóvel de interesse público - o que obriga a autorização prévia da Direcção Regional da Cultura para qualquer intervenção no local.
E os farenses reagiram tendo concretizado uma acção onde mostraram a sua indignação - juntamos fotos da acção dos cidadãos e das obras.
 
O GlocalFaro requereu à C.M de Faro o projecto, dito de requalificação, que hipoteticamente enquadrará as obras a decorrer no local, já que o mesmo não se encontra disponível no site da autarquia e que a consulta presencial não está assegurada num curto espaço de tempo.
 
Mas, seja qual for o projecto, esta retirada de árvores é inaceitável, sendo que acontece numa cidade que tem um dos mais baixos índices de espaço verde por habitante[1]
Pior ainda porque ocorre
·         no Algarve, onde o aumento da temperatura, seca e ondas de calor são evidências do presente e que se sabe ir agravarem-se;
·         na mesma altura em que na COP26 se defendem o arvoredo e a floresta pelo papel fundamental que têm na luta contra o aquecimento global;
·         quando Portugal acabou de aprovar uma lei de protecção do arvoredo (Lei 59/2021) que obriga as Câmaras a identificar e listar as espécies arbóreas e promover boas prácticas quer nas podas, quer nos transplantes ou nos abates. Nomeadamente o Artigo 16.º Requisitos das operações urbanísticas, explicita que ponto 1 - As operações urbanísticas, independentemente da sua natureza, devem acautelar a preservação dos exemplares arbóreos existentes, salvo se, numa base de hierarquização da vivência do espaço público, se justificar a sua remoção, que deve ser fundamentada e documentada com fotografias do exemplar e da situação condicionante que justifica e enquadra a necessidade da sua remoção.
 
A GlocalFaro não considera que uma retirada de árvores sádias e adultas constitua uma requalificação urbana.
 
A prática reiterada do executivo camarário farense de tratar as árvores como mobiliário urbano quando elas são património de todos nós, bem como garantia a vida na terra, é revoltante e inaceitável.
 
O Glocal Faro congratula-se com a ação dos cidadãos contra este atropelo e insta uma vez mais a Autarquia a proteger o nosso património, promovendo projetos que aumentem a área verde e preservem o arvoredo existente, ao invés de o considerar um estorvo na cidade.

 



[1] De acordo com os últimos dados disponíveis, Faro só tem 22% do mínimo da estrutura verde aconselhada - tem 8,8 m2/ de estrutura verde / habitante em vez dos, pelo menos, 40m2/estrutura verde/ habitante aconselhada pelos especialistas.(Tzoulas e outros (2007), (Bernatzy, 1996).
 
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