Apoio da população portuguesa às medidas restritivas da COVID-19 tem vindo a diminuir
NOTA INFORMATIVA #2 – ANÁLISES DO SETOR DA SAÚDE
Apoio às medidas do governo no contexto da COVID-19
O nível de apoio da população portuguesa às medidas restritivas do governo, em contexto da COVID-19, tem vindo a diminuir ao longo do tempo. Embora Portugal tenha registado, entre abril de 2020 e janeiro de 2022, níveis de apoio elevados e acima da média, a perceção do risco associado à evolução da pandemia tem vindo a influenciar a opinião pública portuguesa e é expectável que o nível de apoio em Portugal, embora permaneça elevado, não atinja os valores verificados no passado.
Esta é uma das conclusões da Nota Informativa #2: Análises do Setor da Saúde - Apoio às medidas do governo no contexto da COVID-19 elaborada pelos investigadores Eduardo Costa e Pedro Pita Barros (detentor da Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde) no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE.
A análise baseia-se nos resultados dos inquéritos regulares do European COVID-19 Survey (ECOS) – que monitoriza as perceções e comportamentos da população ao longo do tempo relativamente à pandemia de COVID-19 – junto de 8 países, abrangendo uma amostra representativa de cerca de 1.000 pessoas da população adulta em cada país.
Em janeiro de 2022, Portugal assume a posição de liderança e apresenta-se como o país que mais apoia as medidas restritivas do governo. Face aos restantes países, que apresentam níveis médios de apoio inferiores a 50%, Portugal destacou-se sempre, ao longo do tempo, registando um nível médio de apoio de 54%, seguido pela Itália, França e Alemanha (com 52%, 51% e 50%, respetivamente). O apoio demonstrado pela população portuguesa poderá resultar de inúmeros fatores (sucesso do programa de vacinação e perceção de evolução da situação pandémica) e, à semelhança dos restantes países, tem variado ao longo do tempo: em momentos de agravamento súbito da pandemia, em que a perceção de risco da população aumenta, verifica-se um maior apoio às medidas de maior restrição da vida normal em sociedade.
A evolução favorável do processo de vacinação em Portugal com a consequente redução da perceção de risco na população portuguesa associada à expectativa de que uma eventual nova vaga não seja tão severa como as anteriores, parecem justificar a tendência decrescente no apoio às medidas do governo em Portugal, particularmente expressiva nas medidas mais restritivas (confinamentos, encerramento de escolas e restrições de eventos públicos). Apesar de Portugal permanecer como um dos países que mais apoia as medidas do governo, é expectável que esses níveis não recuperem os valores verificados no passado, o que poderá traduzir-se numa maior dificuldade na aplicação de novas medidas restritivas pelo governo, caso venham a ser necessárias no próximo Inverno.
“A perceção de risco é afetada por diversos fatores (…) a qualidade da informação disponibilizada relativa à evolução da pandemia, a evolução do processo de vacinação, as opções de tratamento disponíveis, a fadiga pandémica (…) A conjugação de todos estes fatores afetam a capacidade de os Governos conseguirem adotar medidas que sejam subscritas de forma generalizada pela população” referem os investigadores, acrescentando “a redução da perceção de risco reduz substancialmente a disponibilidade das famílias para fazerem novos sacrifícios na sequência de medidas restritivas.”
Quando analisados os dados obtidos no universo dos 8 países, verifica-se a existência de diferenças permanentes nos níveis de apoio às medidas dos governos: para uma mesma medida, os níveis de confiança variam substancialmente entre os países o que, segundo os investigadores, sinaliza diferentes perceções de risco em cada país.
Analisando o nível de apoio a diferentes medidas, verifica-se também uma variação significativa: a violação da quarentena obrigatória surge como a medida que reúne um maior nível de apoio generalizado (que varia entre 59% e 79%, dependendo do país), seguida do encerramento de fronteira (59%), restrições de eventos públicos (50%), encerramento de escolas (42%) e confinamentos (39%). Portugal destaca-se como o país com maior nível de apoio ao encerramento de escolas, multas para violação da quarentena e imposição de confinamentos.
“O excesso de confiança, refletido numa potencial perceção de risco demasiado baixa, contribui para adiar a implementação de medidas necessárias ao controlo da situação pandémica. A comunicação não se pode restringir apenas ao anúncio das medidas de restrição, sem que a população tenha uma noção da evolução dos riscos. Por isso, a comunicação atempada e transparente de informação sobre a evolução da pandemia é essencial para ancorar expetativas e gerir a perceção de risco da população, crucial para garantir apoio a medidas que possam vir a ser necessárias.”
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European COVID-19 Survey (ECOS)
O ECOS resulta de uma parceria entre várias instituições universitárias europeias e tem por objetivo monitorizar as perceções e comportamentos da população ao longo do tempo relativamente à pandemia de COVID-19. O inquérito realiza-se com uma periodicidade de dois / três meses, em Portugal, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Itália, França, Países Baixos e, mais recentemente, Espanha, abrangendo uma amostra representativa de cerca de 1000 pessoas da população adulta em cada país.
Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde
Apoio às medidas do governo no contexto do COVID-19 é a segunda da série de Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde (elaboradas no âmbito da Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde, atribuída a Pedro Pita Barros, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE) que pretende divulgar análises sintéticas relativamente a temáticas atuais sobre o setor da saúde.
A cátedra em Economia da Saúde foi atribuída ao Professor Pedro Pita Barros e tem como objetivo promover a investigação sobre o sector da saúde, bem como o conhecimento e discussão da sociedade portuguesa quanto a tendências, desafios e políticas do setor da saúde. Consulte mais informações e documentos aqui.
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Social Equity Initiative
Em 2019, a Fundação ”la Caixa”, o BPI e a Nova School of Business & Economics (Nova SBE) juntam-se para lançar a Iniciativa para a Equidade Social - a Social Equity Initiative, uma parceria que visa impulsionar o setor social em Portugal com uma visão de longo prazo, traçando um retrato do setor social em Portugal e desenvolvendo programas de investigação e capacitação para apoiar organizações sociais. No total, a iniciativa envolve atualmente seis projetos e duas cátedras que complementam a intervenção da Fundação ”la Caixa” e do BPI neste setor em Portugal. Nesta parceria estão envolvidos 6 Centros de Conhecimento da Nova SBE, que lideram a execução dos projetos: Nova SBE Leadership for Impact Knowledge Center, Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center, Nova SBE Finance Knowledge Center, Nova SBE Data Science Knowledge Center, Nova SBE Health Economics & Management e NOVAFRICA.
Sobre a Fundação “la Caixa”
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no Grupo CaixaBank. Em 2022, irá destinar 40 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica. A Fundação mantém o seu compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais nos próximos anos com a implementação de todos os seus programas em Portugal.
Sobre o Nova SBE Health Economics & Management
O Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center é a unidade centro de investigação da Nova SBE e o centro de conhecimento para Economia da Saúde, Gestão de Saúde, Políticas de Saúde e Saúde Pública. Produzimos investigação para criar e partilhar conhecimento rigoroso, potencializando decisões bem informadas e fundamentadas relativamente a questões de saúde que beneficiem a sociedade.
Sobre a Nova SBE:
A Nova SBE é a mais prestigiada escola de “Business & Economics” em Portugal e uma das principais escolas de Business da Europa. É a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa. O atual Dean é o Prof. Dr. Daniel Traça (PhD, Columbia University). A Nova SBE é membro do CEMS desde dezembro de 2007. É uma das 77 escolas de Business com a atribuição de ser uma instituição Triple Crown em todo o mundo, o que implica a acreditação pela EQUIS, AMBA e AACSB. Foi a primeira escola de Business portuguesa a adquirir acreditações internacionais e reconhecimento de renome mundial no ensino superior. A visão internacional da Nova SBE também se reflete na adoção do inglês como o principal idioma de ensino. Mais da metade dos cursos de graduação e todos os programas de mestrado, MBA e PhD são lecionados em inglês.
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