Atraso na chegada a Portugal é o principal problema identificado pelos alunos provenientes dos PALOP
A adaptação dos alunos dos PALOP no primeiro ano de estudos do ensino superior em Portugal
Carcavelos, 04 de dezembro de 2024 – A mais recente análise desenvolvida pelos Centros de Investigação da Nova SBE – Economia da Educação e NOVAFRICA – revela os principais problemas que caraterizam o período inicial de adaptação dos estudantes dos PALOP ao ensino superior em Portugal.
A análise, financiada pelo fundo FAMI do Ministério da Administração Interna e conduzida pelos investigadores da Nova SBE Ana Balcão Reis, Cátia Batista, David M. Costa, Gonçalo Lima e Pedro Freitas identifica a demora entre o momento da aceitação numa instituição de Ensino Superior em Portugal e a chegada ao país como o principal obstáculo ao sucesso académico dos alunos provenientes dos PALOP. A grande maioria dos alunos (68%) chegam a Portugal com um atraso de pelo menos um mês face ao início do ano letivo sendo de destacar que, de entre os alunos que chegam depois das aulas começarem, mais de 11% apenas consegue chegar a Portugal no ano seguinte ao ano em que foram aceites.
O atraso – que constitui um forte entrave ao aproveitamento académico no contexto do ensino superior – é identificado por 93% dos alunos inquiridos como resultante da demora na obtenção de visto sendo inclusivamente apontado por 76% dos inquiridos como o único motivo da demora.No entanto, uma análise mais aprofundada permite aferir que, na grande maioria dos casos, o atraso resulta da conjugação de um anúncio tardio dos resultados de entrada nas Instituições de Ensino Superior em Portugal e a demora na emissão de vistos. ‘Caso fossem aceites em meados de maio, à semelhança dos restantes, um período de 3 meses e meio entre o momento de aceitação e o de chegada permitiria chegarem antes do início das aulas (entre setembro e outubro)’ referem os investigadores, acrescentando ‘o atraso na chegada resulta da conjugação da demora na emissão do visto com o anúncio tardio dos resultados da entrada no ESP’.
Após a chegada a Portugal, a integração na vida académica é a maior dificuldade apontada pelos recém-chegados. Para além da dificuldade em estabelecer amizades com colegas portugueses cerca de 79% dos alunos menciona também dificuldades em acompanhar as matérias lecionadas no Ensino Superior em Portugal. O alojamento é a segunda maior barreira à integração (com 60% dos alunos a reportarem dificuldade na procura e 54% a assinalar dificuldades com o custo).
Analisando os estudantes trabalhadores, verifica-se que, embora 9,6% da amostra sejam bolseiros, apenas uma pequena minoria considera que a bolsa é suficiente para cobrir as suas despesas. Ainda assim, apenas 24% destes estudantes estão a trabalhar. De entre os estudantes trabalhadores, um em cada quatro exerce uma atividade laboral enquanto estuda, sendo que 40% têm uma carga horária superior a 10 horas semanais o que evidencia a necessidade de melhor identificar ‘os alunos sem acesso a bolsa com vista a promover um alargamento da população abrangida por esses programas’.
Proposta de políticas para melhorar o sucesso escolar dos alunos provenientes dos PALOP
Para mitigar as dificuldades reportadas no presente relatório, os investigadores apresentam cinco propostas:
- Antecipar data de anúncio da aceitação dos alunos no Ensino Superior em Portugal com especial atenção aos alunos que entram através do Regime Especial para Bolseiros
- Aumentar a capacidade consular para acelerar o processo de atribuição de vistos dando especial prioridade à emissão de vistos de estudantes
- Implementar um programa pré-universitário que não só fortaleça a preparação académica, mas também potencie a integração em Portugal antes do início dos estudos universitários:
- Criar programas de mentoria entre os alunos portugueses mais avançados e os alunos recém-chegados de forma a contribuir para a integração académica e social dos alunos provenientes dos PALOP
- Criação da app digital, disponível para os alunos mesmo antes da sua chegada, com informação sobre serviços quotidianos em Portugal (saúde, bancos, transportes, etc.)
Sobre o Nova SBE Economics of Education Knowledge Center
Centro de investigação dedicado ao estudo dos temas mais prementes da educação, desde o pré-escolar ao ensino superior. Tem como missão criar conhecimento que sirva de apoio a processos de tomada de decisão em políticas educativas e promover o debate público, colaborando com outras disciplinas científicas e instituições de renome a nível global. Com a direção científica de Ana Balcão Reis e Luís Catela Nunes, reúne um conjunto de publicações sobre temas como desigualdades, escolhas e aspirações dos alunos, o impacto dos professores, colegas e métodos de avaliação no seu sucesso escolar e a eficiência dos sistemas educativos. Teve como principais contributos sociais o apoio na transformação dos dados do Ministério da Educação em informação acessível e útil para fins de investigação, a publicação do primeiro estudo detalhado sobre escassez de professores em Portugal e a apresentação parlamentar de uma proposta de recuperação de aprendizagens perdidas durante a pandemia. Também se dedica a avaliar o impacto de programas educativos implementados por instituições que apresentem soluções inovadoras para os problemas da educação.
Sobre o Nova SBE Novafrica Knowledge Center
Fundado pela Nova SBE em 2011 e tendo como principal missão a criação de conhecimento destinado a impactar de forma positiva o desenvolvimento económico e empresarial em África e no mundo, o NOVAFRICA é responsável pela elaboração rigorosa de estudos académicos destinados a otimizar o desenho e a implementação de políticas sobre temas-chave tais como gestão de recursos naturais, saúde e educação, migrações, empreendedorismo e adoção de novas tecnologias, de forma a maximizar o impacto e eficácia destas políticas.
Sobre a Nova SBE
A Nova SBE é a mais prestigiada business school em Portugal e uma das principais business schools da Europa. É a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa. O atual Diretor é o Prof. Pedro Oliveira (PhD, University of North Carolina at Chapel Hill). A Nova SBE é membro do CEMS desde dezembro de 2007 e tem atribuição Triple Crown em todo o mundo, o que implica a acreditação pela EQUIS, AMBA e AACSB. Foi a primeira business school portuguesa a adquirir acreditações internacionais e reconhecimento de renome mundial no ensino superior. A visão internacional da Nova SBE também se reflete na adoção do inglês como o principal idioma de ensino. A grande maioria dos cursos de licenciatura e todos os programas de mestrado, MBA e PhD são lecionados em inglês.
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