Em 2022, a taxa de risco de pobreza absoluta variou entre 8,5% e 12,6%

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RELATÓRIO ‘PORTUGAL, BALANÇO SOCIAL’ – NOTA INTERCALAR
 

  • Em 2022, a taxa de risco de pobreza absoluta variou entre 8,5% e 12,6%, abaixo dos 16,4% da taxa de risco pobreza relativa.
  • Os desempregados (25%) e as famílias com crianças (12,2%) são dos grupos com maior risco de pobreza absoluta.
  • A pobreza absoluta é mais comum nas áreas urbanas (8,8%) do que nas áreas rurais (6,9%).
  • Lisboa é a única região onde há mais pobreza absoluta do que pobreza relativa.
  • Cerca de 1% da população (cerca de 100 mil pessoas) vive em agregados com rendimento insuficiente para cobrir pelos menos o custo do cabaz alimentar essencial.
  • Segundo o método de Orshansky, a taxa de risco de pobreza absoluta diminuiu de 20% em 2005 para 12,6% em 2022. Segundo o método suplementar, em 2022, a taxa de pobreza absoluta é de 8,5%, muito próxima do valor de 2005 (8,2%).
  • A taxa de risco de pobreza absoluta (pelo método de Orshansky) diminuiu de forma mais acentuada, desde 2005, do que a taxa de risco de pobreza relativa.
 
Carcavelos, 29 de janeiro de 2025 – A taxa de risco de pobreza absoluta diminuiu nos últimos 17 anos, mas ainda se situa entre os 8,5% e os 12,6%, consoante o método de cálculo. Os desempregados (25%) e as famílias com crianças (12,2%) são dos grupos de maior risco. Lisboa é a única região onde a prevalência de pobreza absoluta é superior à da relativa. As estatísticas são reveladas na nota intercalar do Relatório ‘Portugal, Balanço Social’, com o títuloQuem consegue pagar as despesas essenciais? Uma análise da pobreza absoluta em Portugal.” O “Portugal, Balanço Social” é um relatório do Fundação “la Caixa” | BPI, produzido por uma equipa da Nova SBE, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre o BPI/Fundação La Caixa e a Nova SBE. A equipa da Nova SBE responsável pelo Relatório é coordenada pela Professora Susana Peralta e constituída pelos investigadores Bruno P. Carvalho, João Fanha e Miguel Fonseca.
 A análise da pobreza absoluta parte de uma estimativa do custo das despesas essenciais, ao contrário da abordagem oficial do INE e Eurostat, que se baseia no conceito de pobreza relativa, também habitualmente usada nos estudos do ‘Portugal, Balanço Social’. Segundo a abordagem relativa, as pessoas avaliam o seu bem-estar comparando-se com as restantes, não dando qualquer importância ao valor absoluto do rendimento.
 
O estudo utiliza os microdados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2022 e adapta os métodos de Orshansky e suplementar do United States Census Bureau. Estes métodos têm como ponto de partida, respetivamente, o custo do cabaz alimentar apropriado à idade de cada elemento do agregado familiar, neste relatório definido de acordo com as diretrizes da DGS, e os montantes das despesas essenciais (habitação, água, energia, alimentação, entre outras) observados nos dados.
Em 2022, utilizando o método de Orshansky:
  • A taxa de risco de pobreza absoluta em Portugal é de 12,6% (1,3 milhões de pessoas), 3,8 pontos percentuais abaixo da taxa de risco de pobreza relativa oficial;
  • A pobreza absoluta é inferior à pobreza relativa para a maioria dos grupos sociodemográficos, exceto para as crianças (26,3% vs. 18,5%) e os estrangeiros (37% vs. 28,5%). O grupo com a maior discrepância é o dos idosos (65 anos ou mais), com 3,6% em risco de pobreza absoluta e 17% de pobreza relativa;
  • As medidas de pobreza absoluta são mais sensíveis à presença de crianças e adolescentes no agregado do que as de pobreza relativa: o maior risco de pobreza absoluta está nos agregados com crianças (21,2%) e nas famílias numerosas (49,2%);
  • A pobreza absoluta é mais prevalente nos desempregados (31,8%) e em pessoas com contrato temporário de trabalho (18,4%);
  • Cerca de 900 mil trabalhadores, 8,9% da população, encontram-se em situação de pobreza absoluta;
  • A taxa de risco pobreza absoluta é mais baixa do que a relativa em todas as regiões, à exceção da Área Metropolitana de Lisboa. As Regiões Autónomas dos Açores (22,1%) e da Madeira (15%) são as regiões onde há maior risco de pobreza absoluta. Estas diferenças advêm da distribuição de famílias com crianças e do rendimento não monetário (autoconsumo e autolocação), que variam significativamente entre regiões.
 
Quando a análise tem por base o método suplementar:
  • A taxa de risco de pobreza absoluta é de 8,5% (900 mil pessoas), 7,9 pontos percentuais abaixo da taxa de risco de pobreza relativa;
  • Esta atenuação é observada em todos os grupos sociodemográficos, com as maiores discrepâncias nos residentes em áreas pouco povoadas (-15,8pp), pessoas com ensino básico (-13,3pp) e maiores de 65 anos (-12,5pp);
  • A pobreza absoluta atinge cerca de 25% dos desempregados e 5,4% dos trabalhadores;
  • A taxa de risco de pobreza absoluta é inferior à relativa em todos os tipos de agregado, exceto nas famílias numerosas (30,9%). Nas famílias sem crianças, a taxa de risco de pobreza absoluta é significativamente menor, variando entre 4,4% e 5,9%;
  • A taxa de risco de pobreza absoluta é inferior à relativa em todas as regiões, exceto na Área Metropolitana de Lisboa (devido ao elevado custo de vida, especialmente com a habitação). A região com a maior taxa de risco de pobreza absoluta é o Algarve (12,4%), seguida de Lisboa (11,5%). A Região Autónoma dos Açores apresenta a menor taxa de risco de pobreza absoluta (6,4%), apesar de ter uma das maiores taxas de risco de pobreza relativa (devido, em parte, às baixas despesas com alimentação e habitação);
  • O método suplementar estima taxas de risco de pobreza absoluta inferiores às calculadas pelo método de Orshansky.
Analisando o risco de pobreza absoluta extrema (percentagem de pessoas que vivem em agregados sem o rendimento necessário para pagar uma dieta adequada), verifica-se que:
  • A pobreza absoluta extrema atinge cerca de 1% da população: logo, cerca de 100 mil pessoas vivem em agregados sem o rendimento necessário para pagar a dieta essencial;
  • As crianças e os estrangeiros são os grupos mais afetados pela pobreza absoluta extrema, com taxas de 1,9% e 1,3% respetivamente. Logo, 37 mil crianças vivem em agregados com rendimentos abaixo do custo da dieta essencial;
  • Cerca de 3,5% dos desempregados, perto de 20 mil pessoas, não possuem recursos para pagar uma dieta adequada;
  • As famílias numerosas são o grupo com a maior prevalência de pobreza absoluta extrema (4%);
  • A Região Autónoma dos Açores apresenta a maior taxa de risco de pobreza absoluta extrema (1,9%), seguida pela Área Metropolitana de Lisboa (1,4%), o que indicia uma concentração de famílias com rendimentos muito baixos nessas regiões.
 
Social Equity Initiative
A Iniciativa para a Equidade Social é uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI, e a Nova SBE, que visa impulsionar o setor social em Portugal com uma visão de longo prazo. Traçando um retrato do setor social em Portugal e desenvolvendo programas de investigação e capacitação para apoiar organizações sociais, a iniciativa envolve oito projetos e duas cátedras.
 
Sobre a Fundação ”la Caixa”
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no grupo CaixaBank. Em 2024, destinou 50 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.
 
Sobre o Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center
O Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center dedica-se à aplicação de ferramentas fundamentais de economia em questões relevantes do mundo empresarial e políticas públicas. Tem como objetivo produzir avaliações conceptuais e quantitativas relevantes para organizações, empresas e público em geral. O Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center está alicerçado em investigação mundial de topo e no corpo docente da Nova SBE, bem como num conjunto de professores afiliados de instituições de renome. As atividades do centro são desenvolvidas sob a mentoria intelectual de um comité científico de reputação mundial.
 
Sobre a Nova SBE
A Nova SBE é a mais prestigiada business school em Portugal e uma das principais business schools da Europa. É a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa. O atual Diretor é o Prof. Pedro Oliveira (PhD, University of North Carolina at Chapel Hill). A Nova SBE é membro do CEMS desde dezembro de 2007 e tem atribuição Triple Crown em todo o mundo, o que implica a acreditação pela EQUIS, AMBA e AACSB. Foi a primeira business school portuguesa a adquirir acreditações internacionais e reconhecimento de renome mundial no ensino superior. A visão internacional da Nova SBE também se reflete na adoção do inglês como o principal idioma de ensino. A grande maioria dos cursos de licenciatura e todos os programas de mestrado, MBA e PhD são lecionados em inglês.
 

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