Satisfação dos profissionais de saúde e menor despesa associada justificariam manutenção da Via Verde Saúde

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NOTA INFORMATIVA # 7 – ANÁLISES DO SETOR DA SAÚDE
Via Verde Saúde: inovação organizacional em unidades de saúde

Carcavelos, 28 de fevereiro de 2024 A avaliação da Via Verde Saúde é positiva e revela não só a satisfação dos profissionais de saúde, mas também que a despesa associada à sua manutenção é menor do que aquela que previsivelmente seria gasta com a potencial transição dos utentes para os serviços de urgência hospitalar (que aqui recorrerão por falta de acesso aos cuidados de saúde primários).

A avaliação – que  surge da análise da solução inovadora  criada em 2022 nos concelhos do Seixal e Almada, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, para dar resposta à escassez de médicos de família e o seu impacto no acesso aos cuidados de saúde (Via Verde Saúde) – é agora revelada na Nota Informativa # 7 – Análises do Setor da Saúde – Via Verde Saúde: Inovação organizacional em Unidades de Saúde, realizada pelos investigadores Carolina Santos, Olivia Villeneuve, Nuno Henrique Campos Matos e Pedro Pita Barros, detentor da Cátedra BPI | Fundação ‘la Caixa’ em Economia da Saúde, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação ‘la Caixa’, o BPI e a Nova SBE.

Apresentando-se como uma medida temporária destinada a fornecer serviços de cuidados de saúde primários à população mais desprotegida, sem médico de família atribuído, na área de Lisboa, a Via Verde Saúde consiste num novo modelo de cuidados de saúde primários que se apoia numa abordagem de equipa multidisciplinar, otimizando o contributo das diferentes classes profissionais de saúde e realçando o papel dos profissionais de saúde qualificados, como os enfermeiros especialistas.  À data de junho de 2023, os projetos Via Verde Saúde incluíam cerca de 43 mil utilizadores no Seixal e cerca de 14 mil em Almada.

Os resultados alcançados resultam da avaliação de três áreas principais: satisfação dos profissionais, satisfação dos utentes e implicações económicas e financeiras

Satisfação dos profissionais: a grande maioria dos participantes no estudo expressou um alto nível de satisfação profissional com as suas funções na Via Verde Saúde (75% reportam um forte sentimento de satisfação enquanto apenas 16% relatam estar satisfeitos) associado a um forte sentido de propósito com a missão da Via Verde Saúde, salientando o alinhamento das suas aspirações profissionais com valores pessoais.  A flexibilidade de horários sem exigência de horas extras, permitiu um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional e foi enfatizada pelos profissionais de saúde como um fator que contribui para a maior satisfação no trabalho. Também a população de utentes foi considerada como uma fonte positiva de satisfação, sendo enfatizadas as oportunidades de aprendizagem que surgem com o novo modelo clínico e com o atendimento de uma população de doentes diversificada.

Os ganhos de eficiência resultantes da definição de tarefas de cada grupo profissional também foram um tema recorrente. A Via Verde Saúde reconheceu que os enfermeiros estão a subutilizar o seu potencial e ao permitir que estes lidem com certas consultas e responsabilidades, os médicos poderiam afetar o seu tempo a outras tarefas críticas. A confiança entre profissionais de saúde surgiu como um benefício do novo modelo de definição de tarefas.

As duas maiores fontes de insatisfação apresentadas pelos profissionais de saúde estão relacionadas com os salários e o desafio de fornecer atendimento personalizado ao utente. Um sentimento comum entre os profissionais da Via Verde Saúde é a esperança de o modelo da Via Verde Saúde servir como um exemplo para a replicação no futuro em situações de clara falta de acesso dos utentes a um médico de família, concluem os investigadores.

Satisfação dos utentes: o objetivo da Viva Verde Saúde (de disponibilizar consultas aos utentes com o médico disponível no local sem atribuição de médico de família), parece não ter sido totalmente compreendido pelos utentes que continuam a alegar que deviam ter um médico de família.  As principais queixas dos utentes referem-se ao agendamento telefónico (revelando longos tempos de espera para atendimento ou mesmo chamadas não são atendidas), indiferença no atendimento pelo secretariado e informação inadequada. Elogiada é a qualidade do atendimento clínico.

Implicações económicas e financeiras: para avaliação desta área foram analisados dois cenários: um primeiro que considera o encerramento da Via Verde Saúde (devido à perda de pessoal por baixa renumeração face às Unidades de Saúde Familiar (USF) e um segundo que considera a manutenção do funcionamento da Via Verde Saúde (recebendo mais financiamento, potencialmente transitando para um modelo alternativo como um Centro de Responsabilidade Integrado (CRI), onde seja possível o pagamento aos profissionais envolvidos em montantes similares aos de uma USF. O efeito financeiro da opção de encerramento é o acréscimo de custo no SNS associado com uma percentagem dos utentes não atendidos recorrer ao serviço de urgência. O efeito financeiro da opção de manutenção está, sobretudo, associado ao pagamento aos profissionais de saúde de acordo com os valores de remuneração das USF. Aliando a vantagem orçamental à maior satisfação dos profissionais de saúde e ao reconhecimento dos utentes da importância de terem esta acessibilidade, torna-se claro o interesse no desenvolvimento da Via Verde Saúde, referem os investigadores acrescentando que será (..) mais dispendioso para o SNS aumentar o número de episódios de urgência hospitalar por falta de resposta do que aumentar os salários dos profissionais de saúde na Via Verde Saúde para valores similares aos da USF.
 
Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde
Via Verde Saúde: inovação organizacional em unidades de saúde é a sétima da série Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde (elaboradas no âmbito da Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde, atribuída a Pedro Pita Barros, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE) que pretende divulgar análises sintéticas relativamente a temáticas atuais sobre o setor da saúde.
 
Sobre a Iniciativa para a Equidade Social
A Iniciativa para a Equidade Social é uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI, e a Nova SBE, que visa impulsionar o setor social em Portugal com uma visão de longo prazo. Traçando um retrato do setor social em Portugal e desenvolvendo programas de investigação e capacitação para apoiar organizações sociais, a iniciativa envolve oito projetos e duas cátedras.
 
Sobre a Cátedra Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde
Parte da Iniciativa para a Equidade Social BPI | Fundação “la Caixa” a cátedra em Economia da Saúde foi atribuída ao Professor Pedro Pita Barros e tem como objetivo promover a investigação sobre o sector da saúde, bem como o conhecimento e discussão da sociedade portuguesa quanto a tendências, desafios e políticas do setor da saúde. Desenvolve investigação para analisar novas tendências e desafios no setor da saúde, através de medições de impacto, estudos e análises em temas como Acesso aos Serviços de Saúde, Recursos Humanos e Envelhecimento da População.
 
Sobre a Fundação ”la Caixa”
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no grupo CaixaBank. Em 2023, destinou 50 milhõe de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.
 
Sobre a Nova SBE
A Nova SBE é a mais prestigiada business school em Portugal e uma das principais business schools da Europa. É a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa. O atual Diretor é o Prof. Pedro Oliveira (PhD, University of North Carolina at Chapel Hill). A Nova SBE é membro do CEMS desde dezembro de 2007 e tem atribuição Triple Crown em todo o mundo, o que implica a acreditação pela EQUIS, AMBA e AACSB. Foi a primeira business school portuguesa a adquirir acreditações internacionais e reconhecimento de renome mundial no ensino superior. A visão internacional da Nova SBE também se reflete na adoção do inglês como o principal idioma de ensino. A grande maioria dos cursos de licenciatura e todos os programas de mestrado, MBA e PhD são lecionados em inglês.

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