Tecnologias digitais revelam-se fundamentais para reduzir custos na gestão do doente crónico

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Carcavelos, 07 de maio de 2024 A crescente relevância da transformação digital e o previsível reforço da sua pertinência nos próximos anos pode alterar significativamente a forma de gestão das doenças crónicas e contribuir para a redução de custos, tanto para o doente como para os sistemas de saúde.
 
A conclusão é revelada na mais recente Nota Informativa – Análises do Setor da Saúde – Sobre a Gestão do Doente Crónico, da autoria do investigador Pedro Pita Barros, detentor da Cátedra BPI | Fundação ‘la Caixa’ em Economia da Saúde, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação ‘la Caixa’, o BPI e a Nova SBE.
 
A previsível evolução de ferramentas digitais que reduzem as idas frequentes ao hospital e visitas domiciliárias de profissionais de saúde – equipamentos de monitorização do doente (por exemplo, inclusão de sensores em roupa) e de utilização diária do doente (telemóveis, relógios de pulso ou pulseiras digitais) – o recurso a consultas de telesaúde (que facilitam o acesso aos profissionais de saúde pelos doentes com fraca mobilidade ou residentes em zonas remotas) e a utilização de aplicações móveis de saúde e plataformas online (que disponibilizam informação personalizada sobre o estado de saúde do doente, fornecem lembretes de medicação e promovem o envolvimento do doente na gestão da sua doença crónica) evidenciam que a transformação digital pode alterar significativamente a forma de gestão das doenças crónicas.
 
No mesmo sentido, a crescente integração e armazenamento de dados sobre o doente e as suas condições crónicas provenientes de diversas fontes (registos de saúde eletrónicos, dados comunicados pelos doentes e/ou biométricos) e a análise avançada com recurso à inteligência artificial (que permite a criação de planos de tratamento personalizados e ajustáveis ao doente e ainda a identificação de fatores de risco) revelam que a saúde digital tem o potencial de tornar a gestão de doenças crónicas mais centrada no doente, orientada por dados e eficiente, conduzindo, em última análise, a melhores resultados de saúde e qualidade de vida para os doentes.
 
No campo dos custos, ao reduzir a necessidade de visitas presenciais, simplificar processos e permitir uma gestão mais eficaz da doença, as tecnologias digitais de saúde podem conduzir a poupanças significativas tanto para os sistemas de saúde como para os doentes. Mais do que mecanismos de pagamento a profissionais de saúde, o desenvolvimento dos elementos de transformação digital vai exigir o financiamento de uma despesa que tenderá a ser concentrada no desenvolvimento dos instrumentos a usar, uma elevada despesa fixa à cabeça, seguida de custos relativamente baixos da participação de doentes e de profissionais de saúde no manuseamento desses instrumentos.
 
Outras evidências a nível europeu
A presente Nota Informativa, que avaliou diversos sistemas de saúde europeus nas últimas duas décadas, salienta ainda:

  • Embora não exista um modelo único de abordagem da gestão de doenças crónicas, existem quatro grandes regularidades transversais aos diferentes modelos: procura por um modelo de integração de cuidados; crescente aposta na autogestão por parte do doente; transformação digital em saúde; mecanismos de pagamento que procuram recompensar o melhor desempenho em termos de saúde da população.
  • O conceito de ‘melhor modelo universalmente aceite para a gestão de doenças crónicas’ não existe visto que a sua eficácia varia em função dos recursos, necessidades de saúde da população e fatores socioeconómicos de cada sistema de saúde específico.
  • A escolha do mecanismo de pagamento depende de objetivos e condições existentes, podendo, para manter a sustentabilidade financeira do prestador, os doentes saudáveis e sem crises, ser acompanhado de controle de indicadores de qualidade e do estado de saúde do doente.
  • O modelo de pagamento por desempenho – intuitivamente apelativo por se pagar melhor quando se faz melhor e esperando que essa estrutura do mecanismo de pagamento leve os prestadores a “fazerem melhor” – tem-se revelado relativamente desapontante nos resultados produzidos. Não só, frequentemente, os efeitos esperados não se concretizam como surgem efeitos não antecipados (normalmente, por não se terem contemplado explicitamente todas as formas de reação e de ajustamento dos agentes envolvidos).
No que se refere a Portugal em concreto, Pedro Pita Barros conclui que copiar modelos de gestão de doença crónica de outros contextos sem verificar cuidadosamente as condições de sucesso dos mesmos não será boa ideia. É necessário fazer sempre um teste de adequação à realidade nacional (…) é necessário estar preparado para o inesperado antecipando o mais possível o que poderá ser o ajustamento de comportamento e de decisão dos intervenientes (…) Ter paciência e dar tempo a que se produzam resultados. Por último, garantir a coerência entre elementos organizacionais e elementos financeiros (mecanismos de pagamento) é fundamental.

Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde
Sobre a Gestão do Doente Crónico é a oitava da série Notas Informativas: Análises do Setor da Saúde (elaboradas no âmbito da Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde, atribuída a Pedro Pita Barros, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Nova SBE) que pretende divulgar análises sintéticas relativamente a temáticas atuais sobre o setor da saúde.
 
Sobre a Iniciativa para a Equidade Social
A Iniciativa para a Equidade Social é uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI, e a Nova SBE, que visa impulsionar o setor social em Portugal com uma visão de longo prazo. Traçando um retrato do setor social em Portugal e desenvolvendo programas de investigação e capacitação para apoiar organizações sociais, a iniciativa envolve oito projetos e duas cátedras.
Sobre a Cátedra Fundação “la Caixa” em Economia da Saúde
Parte da Iniciativa para a Equidade Social BPI | Fundação “la Caixa” a cátedra em Economia da Saúde foi atribuída ao Professor Pedro Pita Barros e tem como objetivo promover a investigação sobre o sector da saúde, bem como o conhecimento e discussão da sociedade portuguesa quanto a tendências, desafios e políticas do setor da saúde. Desenvolve investigação para analisar novas tendências e desafios no setor da saúde, através de medições de impacto, estudos e análises em temas como Acesso aos Serviços de Saúde, Recursos Humanos e Envelhecimento da População.
 
Sobre a Fundação ”la Caixa”
A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no grupo CaixaBank. Em 2023, destinou 50 milhõe de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.
 
Sobre a Nova SBE
A Nova SBE é a mais prestigiada business school em Portugal e uma das principais business schools da Europa. É a faculdade de ciências económicas, financeiras e de gestão da Universidade NOVA de Lisboa. O atual Diretor é o Prof. Pedro Oliveira (PhD, University of North Carolina at Chapel Hill). A Nova SBE é membro do CEMS desde dezembro de 2007 e tem atribuição Triple Crown em todo o mundo, o que implica a acreditação pela EQUIS, AMBA e AACSB. Foi a primeira business school portuguesa a adquirir acreditações internacionais e reconhecimento de renome mundial no ensino superior. A visão internacional da Nova SBE também se reflete na adoção do inglês como o principal idioma de ensino. A grande maioria dos cursos de licenciatura e todos os programas de mestrado, MBA e PhD são lecionados em inglês.
 

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