Setor da biotecnologia cresceu 33% em Portugal nos últimos dez anos
P-BIO lançou estudo “Portugal Biotech: tendências, oportunidades e desafios no sector da biotecnologia em Portugal”
O número de empresas ativas em Portugal dedicadas a investigação e desenvolvimento em biotecnologia como atividade principal chegou em 2019 a 98 empresas, contando com mais de 600 trabalhadores. Estas são algumas das conclusões do novo estudo lançado pela Associação Portuguesa de Bioindústria (P-BIO).
O estudo “Portugal Biotech: tendências, oportunidades e desafios no sector da biotecnologia em Portugal” foca-se nas empresas que desenvolvem como atividade principal I&D e inovação na área da biotecnologia em Portugal e revela que, de 2011 a 2019, o volume de negócios deste tipo de empresas aumentou 33%. O setor da biotecnologia está em franco crescimento no nosso país. As exportações representam mais de 60% do volume de negócios para 53% das empresas analisadas.
A sessão de apresentação do estudo, que decorreu no passado dia 3 de dezembro, contou com a participação de João Cerejeira, coordenador científico do estudo, bem como de Fernando Alexandre (Universidade do Minho) e a moderação de Simão Soares, Presidente da P-BIO. João Cerejeira afirmou que o setor da biotecnologia “mostra resiliência em períodos de crise, incluindo mais recentemente durante a pandemia”, acrescentou.
“90% do volume de negócios está concentrado em 30 empresas. Este é um tipo de negócio com características especiais, já que um número considerável de empresas espera até quatro anos de tempo necessário para lançar o produto no mercado, sendo que 44,1% das empresas não têm produto no mercado”, referiu, ainda, João Cerejeira. Segundo o estudo, os principais mercados-alvo das empresas são nas áreas da saúde humana (36,0%), agroalimentar (20,0%) e ambiental (16,0%).
Em Portugal, a biotecnologia ocupa o 5º lugar nas 35 classificações tecnológicas relativas a publicações de patentes. Mais de 80% de todas as patentes publicadas pelas empresas portuguesas de biotecnologia teve lugar nos últimos dez anos. “Em Portugal, o setor tem uma dimensão relativamente pequena”, mas o número de patentes está “acima daquilo que seria esperado para a sua dimensão, o que é um aspeto positivo”, assinalou João Cerejeira. Contudo, “grande parte do investimento é feito, em cerca de um terço dos casos, com recurso a fundos próprios”.
O estudo aponta também para alguns entraves para o crescimento das empresas, como o acesso ao financiamento, a falta de investidores privados, a dimensão do mercado, as questões regulamentares e o subdesenvolvimento do ecossistema biotecnológico. Segundo o estudo, este é um setor com equipas altamente qualificadas, em que cerca de 86% possui, pelo menos, uma licenciatura. 59% dos colaboradores são mulheres e a idade média dos colaboradores é inferior à média nacional: 51% tem menos de 35 anos de idade, em comparação com 32% a nível nacional.
“A área da biotecnologia vai ser essencial”, destaca Fernando Alexandre, sendo “uma área que traz uma enorme esperança para resolver vários problemas da Humanidade, por exemplo, no caso da crise climática”. Para um maior desenvolvimento, o desafio passa por “integrar com outros setores da economia”, sublinhou Simão Soares na sessão.
Os objetivos deste estudo passaram por caracterizar as tendências, oportunidades e desafios do setor da biotecnologia português. Desta forma, pretende-se que possa ser um instrumento de apoio ao crescimento e desenvolvimento deste setor, bem como orientar o desenvolvimento de novas políticas. O estudo foi desenvolvido no âmbito do BioData.pt, a infraestrutura portuguesa de dados biológicos, e resulta de uma análise mais ampla e completa de um primeiro estudo sobre a Indústria Portuguesa da Biotecnologia, lançado pela P-BIO em 2016.
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