Concluída a recuperação das fachadas, cantarias e azulejos do Palácio Nacional da Pena

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  • Recuperação de fachadas, elementos de cantaria e revestimentos azulejares
  • Investimento total: aproximadamente 300.000€
  • 2 anos em projeto e 8 meses de obra

A Parques de Sintra concluiu durante o mês de janeiro a recuperação das fachadas do Palácio Nacional da Pena. A intervenção, que contou com um investimento de cerca de 300.000€, implicou 2 anos para desenvolvimento dos projetos e 8 meses para a realização das obras. A recuperação integral dos revestimentos exteriores do Palácio envolveu fachadas caiadas, elementos de cantaria e revestimentos azulejares.
 
O projeto foi estruturado e desenvolvido tendo em conta questões de conservação bem como razões estéticas e envolveu a equipa técnica da Parques de Sintra, com o apoio e acompanhamento de técnicos da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), do Laboratório José de Figueiredo (análise de materiais) e do Museu Nacional do Azulejo. A sua implementação decorreu em várias fases, acompanhando outras intervenções no Palácio.
 
A equipa multidisciplinar da Parques de Sintra desenvolveu, coordenou e fiscalizou todas as fases, integrando os resultados da investigação com os estudos encomendados para as diversas especialidades. Os trabalhos seguiram a política “Aberto para Obras” de intervenções anteriores, fomentando o interesse dos visitantes para as técnicas associadas à conservação e restauro do património.
 
Recuperação das fachadas
O trabalho realizado nas superfícies caiadas (cerca de 10.000m2) consistiu na estabilização dos revestimentos, através da consolidação de rebocos, substituição de zonas degradadas, preparação das superfícies e execução de novas caiações em cores baseadas em amostras históricas guardadas no arquivo do Palácio (realizadas no âmbito da intervenção análoga anterior). A topografia do terreno, assim como as condições climatéricas, tornaram estas tarefas particularmente difíceis, tanto pela montagem de estruturas de andaime em declives quase impossíveis, como pela dificuldade de trabalhar sob ventos fortes. Assim, em complemento às estruturas de andaime tradicionais, uma parte dos trabalhos foi realizada por pintores alpinistas com formação adequada, o que permitiu garantir a segurança, mantendo a qualidade que se exigia. A aplicação de cor nesta intervenção seguiu as opções tomadas nos anos 90, aquando da última campanha de obras. Uniformizou-se, no entanto, o esquema de acabamento final das superfícies, que se verificou o mais adequado e compatível com a estrutura existente: pintura a cal.
 
Foi também revista a impermeabilização dos terraços da Rainha, da Sala de Jantar e da Cafetaria (cerca de 645m2), com substituição dos isolamentos, e também dos revestimentos por tijoleiras mais próximas das que terão sido as originais.
 
Conservação dos elementos de cantaria
Os trabalhos nos elementos de cantaria aplicada implicaram a intervenção em cerca de 800m2. Apesar da maior resistência material, necessitaram de limpeza geral e específica, de eliminação de colonizações biológicas, e ainda de estabilização de juntas de assentamento e decorativas. Além de microrganismos, estes revestimentos tinham já plantas que, na falta de erradicação, poderiam vir a degradar irremediavelmente as estruturas de pedra. Foram ainda repostos elementos significativos que se encontravam em falta, assim como aplicada uma camada hidrofugante (substância que repele a água) para permitir uma maior longevidade da proteção. Também aqui, tanto pela dificuldade de montagem de estruturas de andaime como pela necessidade de perturbar o menos possível o percurso dos visitantes, a Parques de Sintra recorreu a conservadores-restauradores com formação em trabalhos em altura, evitando a intrusão que sempre ocorre aquando da montagem de andaimes em zonas com muita circulação de pessoas.
 
Conservação de revestimentos azulejares
Os revestimentos azulejares (numa área de cerca de 450m2) apresentavam problemas estruturais: de ligação ao suporte de alvenaria e no corpo cerâmico, debilitado na chacota (parte de trás do azulejo) e na superfície vidrada. O risco de destacamento obrigou à aplicação prévia de películas temporárias de proteção em áreas significativas, ainda durante a fase de projeto, permitindo depois o levantamento dos azulejos, sem perdas de elementos. Catalogados, etiquetados e tratados, os azulejos foram posteriormente reaplicados após correta estabilização do suporte, fator decisivo no reassentamento. Após a remoção de colonização biológica e de depósitos calcários, as falhas de vidrado foram preenchidas e retocadas com materiais adequados. As argamassas das juntas, essenciais para absorver as tensões a que a construção está naturalmente sujeita, foram substituídas quando apresentavam mau estado. Em casos mais complexos, executaram-se réplicas de azulejos, garantindo a correta estanquicidade do revestimento e consequente proteção do edifício. O processo de escolha e produção das réplicas foi também muito rigoroso, no sentido de garantir a melhor adequação possível do resultado final aos objetivos da intervenção. 

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